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Domingo,23 de Novembro

Os 100 anos do Atlético Mineiro

Jornal O Norte
Publicado em 25/03/2008 às 11:01.Atualizado em 15/11/2021 às 07:28.

O sonho de 22 garotos, que no dia 25 de março de 1908 se reuniram no coreto do Parque Municipal, em Belo Horizonte, para fundar o Atlético Mineiro Football Club, se transformou em uma das maiores paixões do futebol mundial. Arrastando multidões, o time, que em 1912 passaria a se chamar Clube Atlético Mineiro, foi escrevendo sua história, cheia de glórias e com momentos delicados, mas nada que não fosse superado com a união de forças dos atleticanos.



Naquela quarta-feira de 1908 eram apenas 22 torcedores do primeiro clube de futebol de Belo Horizonte. Hoje, são milhões. Os fundadores (Aleixanor Alves Pereira, Antônio Antunes Filho, Augusto Soares, Benjamim Moss Filho, Carlos Maciel, Eurico Catão, Francisco Monteiro, Hugo Fracarolli, Humberto Moreira, Horácio Machado, João Barbosa Sobrinho, Jorge Dias Pena, José Soares Alves, Júlio Menezes Mello, Leônidas Fulgêncio, Margival Mendes Leal - esse o primeiro presidente -, Mário Neves, Mário Lott, Mário Toledo, Mauro Brochado, Raul Fracarolli e Sinval Moreira) seriam seguidos por centenas, milhares, milhões.



O primeiro jogo só veio a acontecer um ano depois da fundação. No dia 21 de março de 1909, o Atlético venceu o Sport Club Futebol por 3 a 0, na casa do adversário. Coube a Aníbal Machado, que mais tarde se tornaria um grande escritor brasileiro, marcar o primeiro gol com a camisa alvinegra.



A coleção de troféus começou em 1914, com a conquista da Taça Bueno Brandão, primeiro torneio de futebol realizado em Minas Gerais. O Galo venceu a competição de forma invicta  e sequer sofreu um gol. No ano seguinte, a Liga Mineira de Esportes Terrestres, atual Federação Mineira de Futebol, organizou o primeiro campeonato oficial do Estado. Campeão, o Atlético desbancou o grande rival na época, o América.



Pioneirismo é a palavra que melhor define o Atlético das décadas de 10, 20 e 30. Em 1929, pela primeira vez um jogador fora do eixo Rio-São Paulo era convocado para a Seleção Brasileira. Seu nome: Mário de Castro, atacante atleticano. O convite foi recusado. Para Mário de Castro, só havia uma camisa a ser vestida: a do Atlético. Ainda em 29, o clube disputou o primeiro jogo internacional de um time mineiro, vencendo o então Campeão Português Victória de Setúbal por 3 a 1.



O ano de 29 ficou marcado para os atleticanos. No dia 30 de maio, a equipe ganhava um estádio, um dos primeiros do Brasil a instalar refletores. O nome, Antônio Carlos, foi uma homenagem ao então presidente de Minas.



Em 1937, a Federação Brasileira de Futebol (FBF) reuniu em um torneio os campeões de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. O Atlético se sagrou Campeão dos Campeões do Brasil.



A raça e o espírito combativo da equipe fizeram o cartunista Fernando Pieruccetti, o Mangabeira - falecido em 2004 -, criar, nos anos 40, o mascote do clube: o Galo.



Já em 1950, o Atlético ultrapassou as fronteiras do País. Em uma inédita excursão pela Europa, o time disputou dez partidas, contra equipes da Alemanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo e França. Foram seis vitórias, dois empates e duas derrotas. A campanha rendeu o título simbólico de ‘Campeão do Gelo’. A volta da delegação a Belo Horizonte foi apoteótica. As ruas da capital mineira foram tomadas pelo fanáticos torcedores.



Foi também o Galo o campeão da primeira edição do atual Campeonato Brasileiro, em 1971. A jogada de Humberto Ramos e o gol de cabeça de Dario contra o Botafogo, no Maracanã, estão eternamente gravados na memória do torcedor. Em meios a dezenas de Campeonatos Mineiros, torneiros internacionais, duas conquistas sul-americanas: as Copas Conmebol de 1992 e 97.



Mas nem só de glórias foi escrita a história atleticana. As péssimas administrações causaram um rombo financeiro no clube. No começo dos anos 2000, o Galo foi sacudido com centenas de ações trabalhistas, dívidas por todos os lados. Seu patrimônio esteve ameaçado de ir a leilão. Nem mesmo a taça do Brasileiro de 71 escapou. Os reflexos atingiram o time em campo. Em 2004, por muito pouco não foi rebaixado à Segunda Divisão do Nacional. Na temporada seguinte, a repetição de erros foi fatal. A torcida chorava a queda da equipe para a Série B. A mesma torcida não se entregou e foi decisiva para a volta por cima em 2006. Os seguidos recordes de público na Segundona foram notícia nacionalmente.



Frente ao caos, o Atlético não teve saída. Precisou se reorganizar, se modernizar. Um completo centro de treinamentos foi concluído em Vespasiano, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. As dívidas não acabaram, mas foram controladas. Era o fim da enxurrada de notícias ruins que disputava espaço com o time de futebol nos jornais, rádios e tvs.

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