Reginauro Silva
Antigamente, quando se queria referir-se a alguém ou algum time que andava mal das pernas, o jargão usado era:
- Ele joga igual a japonês...
Dizia-se, até, que bola de futebol de japonês era um côco da Bahia. Nada era mais humilhante para um atleta iniciante do que ser comparado a um nipônico, imagem e semelhança do perna-de-pau.
(foto: Wilson Medeiros)
Pois os tempos mudaram e, graças principalmente ao trabalho realizado a partir da década de 80 pelo ex-jogador Zico, o Galinho de Quintino, o futebol ganhou outra dimensão no país dos samurais. O maior goleador do Flamengo, ao ser transferido para o futebol japonês, mudou tanta essa realidade que se tornou um dos maiores ídolos do país, com direito a duas estátuas em tamanho natural nas principais vias públicas onde não havia nem campinhos de pelada. Que dirá campos de futebol!
É esse tira-teima evolucionista que se concretiza nesta quinta-feira nitidamente verde-e-amarela, quando a seleção brasileira, primeira colocada no ranking da Fifa nos últimos anos, tentará mostrar ao mundo a magia do futebol-arte. O quadrado mágico que até agora não passou de um quarteto trapalhão promete detonar o time de Zico, embora já esteja classificado para as oitavas de final com as magrelas vitórias de 1x0 contra a Croácia e de 2x0 sobre a Austrália.
A torcida canarinho espera, é claro, uma goleada para retomar o favoritismo com que a seleção de Parreira chegou à Alemanha. E os japoneses esperam comprovar, em campo, que a bola é feita para todos e não tem nada de coco, podendo inclusive – milagre dos milagres – passar para a fase seguinte da Copa 2006 com uma espetacular goleada sobre nós outros... O jogo começa às 16 horas. E viva a diferença!
