Por mais planejadas que sejam, as despedidas são sempre dolorosas. É um ciclo que se fecha, uma história que teve fim. Na manhã desta sexta-feira, foi a vez de um dos grandes jogadores do futebol brasileiro dizer adeus. De forma emocionada, o pentacampeão do mundo Gilberto Silva, de 39 anos, se despediu dos campos, em entrevista coletiva em um hotel de Belo Horizonte. Mas o futebol ainda permanece vivo na alma desse mineiro de Lagoa da Prata. Ele fez questão de ressaltar a continuidade no projeto de moralizar o esporte, com um dos participantes do “Bom Senso”. Em paralelo, o ex-jogador também pretende atuar na área de consultoria internacional a clubes e a atletas.

“Fiquei dois anos estou fora do futebol tratando de uma lesão. E muita coisa mudou na minha vida. Tive outras oportunidades de estudar e ficar ao lado da minha família, ver os meus filhos crescerem. E nos últimos anos tenho ouvido muitas perguntas sobre o meu futuro e digo que a partir de hoje eu encerro a minha carreira. É uma coisa difícil, no mundo a gente não pede para nascer e quando nasce não quer morrer. E hoje, para mim, não é a primeira morte, mas é uma transição. Poderia ver como tristeza, mas vejo com muita alegria a minha trajetória. Olhar de onde comecei minha história, minha família, é difícil, não é fácil. O que me conforta é saber que foi um período de muita aprendizagem e alegria”, disse.

Sempre educado, antes do início da coletiva, Gilberto Silva fez questão de cumprimentar repórteres, cinegrafistas e fotógrafos. Apesar do jeito humilde, ele não poupa críticas às administrações da Fifa e da CBF, envolvidas em casos de corrupção.

“Muita gente está matando a paixão pelo futebol. Precisamos que estas pessoas sejam punidas, trazer de volta a paixão ao futebol. E nunca vi tanta corrupção. E é uma grande decepção para todos nós. O que queremos no Bom Senso é reverter essa situação do futebol. Todos nós temos que colaborar, queremos escrever um novo futuro para o futebol”, destacou.

Gilberto Silva foi chamado para assumir a diretoria de futebol do América. Ele, contudo, declinou do convite. O ex-jogador vai se dedicar agora ao trabalho de consultor internacional.

“Nestes dois anos tenho me preparado para uma nova etapa da minha vida. Acho que chegou o momento de fazer esse processo de transição. Agora estive em Londres, minha velha casa, e conversando com alguns amigos, com a empresa que me assessorou, vi que tem uma forma bacana de continuar no futebol como consultor internacional. Recebi o convite do América, mas não foi possível. Estou focado nesse novo projeto internacional, acho que é o meio perfil”, frisou.