Gezinho abre o jogo sobre o futsal montes-clarense

Jornal O Norte
Publicado em 31/12/2007 às 12:45.Atualizado em 15/11/2021 às 07:21.

Heberth Halley


Repórter



O treinador de futsal, professor de Educação Física e doutorando em desporto pela Universidade Trás dos Montes de Alto Douro, em Portugal, Geraldo Magela Durães, o Gezinho concedeu entrevista exclusiva a O NORTE, na tarde de ontem, em seu apartamento. Na entrevista fala sobre suas passagens pela equipes de futsal, sobre a estagnação do futsal montes-clarense, do que precisa ser feito para melhorar, da necessidade da criação de uma liga norte-mineira de futsal, da época áurea do time do MCTC, do crescimento do futsal feminino na cidade, e do que precisa para que Montes Claros volte a ter uma equipe de futsal no cenário esportivo estadual. Confira:





- Como foi a sua trajetória como professor de Educação Física?



Formei em 1987 em Educação Física, pela UFV – Universidade Federal de Viçosa. Em seguida voltei para Montes Claros, trabalhei no Marista, Sesi Minas e conseqüentemente no MCTC, lá trabalhava como treinador de basquete, chegamos a ser vice-campeões mineiros infanto-juvenil. Depois comecei a trabalhar com o futsal na Concreta, depois na PH Material Elétrico, Metalúrgica, Itasa/Nestlé, Chimarrão. Mas antes, fui treinador em Viçosa no campeonato mineiro universitário em 87, sendo campeão e também trabalhava na LUV – Liga Universitária de Viçosa. Inclusive estamos tentando criar uma liga universitária na Unimontes. Lá em Viçosa quem criou a liga foi o professor Jaime Tolentino. Daí meu trabalho começou a aparecer em Moc, com isso sair do basquete e fui trabalhar com treinamento de futsal no MCTC no lugar de Marcelino Paz do Nascimento, que passou a ser presidente da Praça de Esportes e estou até hoje na área.



- O futsal teve uma evolução maior na década de 90?



Na verdade estamos sempre atrasados. Principalmente com os eventos que são disputados no Sesc, acho que é um dos grandes limitantes do futsal de Montes Claros é o tamanho da quadra. Apesar que se diminuir o espaço, ela fica mais habilidosa, mas falta jogar o futsal normal, tático e físico como ele é ultimamente. A intensidade do jogo é muito grande. Existe um preparo físico muito grande, mas quando você joga numa quadra pequena e num tempo limitado, isso iguala muito às equipes. Hoje, por exemplo, está muito igualado lá. Quando você cria uma situação de ter jogos no Ana Lopes, no Poliesportivo, como teve na fase final da Inter TV, a parte tática e física sobressai muito mais que a parte técnica. Como aconteceu com o time de Jacinto que foi campeão. O time apesar de ser tecnicamente bom, eu não vi um grande destaque no time. Eu vi um time jogando taticamente, e fisicamente os jogadores muito leves, correndo bastante. Quando eu falo que Montes Claros está atrasado, as pessoas têm a concepção de que o futebol é uma coisa só, ou seja, quem joga futebol de campo, quer jogar o futsal e não é a mesma coisa. Quem joga futebol de campo é acostumado com três substituições, em ser titular, e no futsal não tem isso, não tem titular e não tem reserva. Ás vezes o cara que está bem na partida ele sai, o que estava na reserva continua no jogo. No vôlei o cara entra faz um bloqueio e sai. Então, no futsal tem isso também, existe o pegador de pênalti, existe o batedor de falta, o cara que marca mais, o pivô de referência e aqui em Moc tem a concepção que o cara tem que jogar o tempo todo e não é assim.    



- Houve uma grande mudança no futsal com relação à década de 90, o que precisa hoje para o futsal montes-clarense se igualar aos grandes centros?



Primeiro, uma iniciação toda baseada em tática, aqui a iniciação é toda baseada em técnica. Lá o treinamento no Magnum, eles nunca fazem um treinamento de passe frente a frente dois a dois, três a três. Isso dentro da concepção de alguns treinadores em existe mais. Eu considero que isso é um complemento. Mas o treinamento todo hoje em iniciação é baseado pela prática, em jogos inteligentes. São dois contra dois, três contra três, com isso o menino aprende a passar, a driblar, a chutar e aprende jogando. Em Moc vimos muito o jogador atrás do marcado ele não se oferece para jogar. No ano passado um trabalho de pesquisa feito por Magal na Funorte, vimos que de oito escolinhas, apenas uma trabalha com a metodologia da prática, as outras sete trabalham com a técnica, e quando a gente vai ver no jogo o menino não sabe jogar.  Porque não faz isso no treinamento. Agora esse tipo de treinamento é importante, posteriormente, para aprimorar o chute, o passe, mas o menino vai ter a concepção tática definida. A segunda é o intercâmbio, joga-se pouco como os grandes centros. Você só vai conseguir igualar com Belo Horizonte, Rio, São Paulo, se você jogar contra eles. Um professor dizia, porque o Brasil estava sempre atrás em olimpíadas, isso em 80? Porque ia jogar as olimpíadas de 80, os caras já estavam com outra concepção, isso sucessivamente. No vôlei, o Brasil é uma escola de voleibol. Pegou a velocidade dos japoneses, a força dos russos e por isso são campeões várias vezes. E a terceira seria equipes com qualidade participando de competições. Eu já falei com Belezão, enquanto a copa Inter Tv, a copa 93,5 FM não tiver uma diferenciação do que é lazer, e sim um evento para se elevar a qualidade técnica e tática da cidade, não vai atingir seu objetivo. Você joga na quadra pequena, joga muito pulverizado, muitas equipes e pouca qualidade.   



- O que deveria ser feito então para melhorar?



Eu já falei com ele, é preciso criar a primeira e segunda divisão. Primeiro Montes Claros tem que ter duas vagas na outra fase na copa Inter TV, Moc tem 70 participantes, as outras tem 10, tinha que ter no mínimo duas equipes. A idéia seria ter uma vaga para a primeira divisão, e uma vaga para a segunda. Um exemplo, seriam  oito primeiro da Inter TV do ano passado da primeira divisão, se ele não quer fazer isso em 2008, pode fazer isso em 2009 constando no regulamento, que os oito melhores estariam na primeira divisão, com jogos no Poliesportivo e com dois jogos por noite, tempo de 40, dois por 20 cronometrado, sendo o mais fiel e ideal ao jogo normal de futsal como acontece na federação mineira. E a segunda divisão seriam aqueles que queiram participar, no ginásio do Sesc. Mas temos que criar as normas e o regulamento.



- Não seria interessante a criação de uma liga de futsal?



Ou faz isso na copa Inter TV ou faz uma liga norte mineira de futsal, como um campeonato norte-mineiro. As pessoas até cobram de mim muito essa liga, só que tem o seguinte, para se criar essa liga tem que ter uma estrutura física, uma preparação, e isso são vai gerar gastos pessoais. A gente vê quem cria essas coisas, a princípio, ele gasta muito pessoal. Além de gastar muito ele precisa arrumar um local, uma telefonista, tem que ter uma secretaria. Eu nunca peguei a frente desse projeto. Eu falei que se for criar a liga com várias pessoas, eu sou uma delas, só que eu não vou criar a liga sozinha. Não sou eu que vou criar a liga, são várias pessoas.



- Se criada, como seria essa liga?



Seria uma liga norte-mineira, poderíamos criar o I campeonato municipal de futsal, seria igual como acontece com o futebol, equipes inscritas, jogadores inscritos por aquela equipe, um conselho de julgamento, jogador expulso têm que ser julgado. Mas a primeira idéia que tive com a copa Inter é que dela podemos criar essa liga. Se a gente começar a fazer essa primeira divisão da copa Inter TV, a gente cria fácil a liga. 



- Você acha que o futsal de Montes Claros está muito abaixo do nível de outras cidades? 



Muito abaixo. Vou citar um exemplo. O time infanto-juvenil MCTC foi disputar o campeonato mineiro. Naquela jogada de lateral, os jogadores das outras equipes deitavam para que a bola batesse neles. O treinador Rodrigo Bezerra, disse que os jogadores daqui são muito inteligentes, porque no primeiro dia, eles já estavam fazendo basicamente o que os outros estavam fazendo. A gente aprende muito vendo também. Não adianta eu falar com você isso, se você não vê. Os jogadores de lá jogam o futsal com características de futsal, enquanto que os jogadores daqui jogam o futsal adaptado, tanto que os jogadores nossos são a maioria são jogadores de futebol de campo. Se a gente tiver dentro dessa proposta com escolinhas fortes, eventos fortes, e intercâmbio a gente se tornaria uma grande força no cenário. O que a gente vai ganhar com isso apoio. Ninguém apóia causa perdida. Ninguém vai acreditar na gente sem ter um grande time de futsal. Depois que criamos o time, muitos queriam patrocinar.



- Com relação ao futsal feminino, houve uma evolução em Montes Claros?



O futsal feminino pra mim teve uma melhoria de quinhentos por cento. Hoje você vê as meninas jogar futsal, antigamente era engraçado vê-las jogarem. Uma ou duas destacavam. Eu trabalhei com elas na Funorte no campeonato mineiro, e elas são taticamente iguais aos meninos. Falta um pouquinho mais de força, falta também intercâmbio, falta um pouco de condição física e seriedade para trabalhar. Precisamos também de maias meninas jogando e de um trabalho de qualidade com elas. Você hoje não vê muita gente não de qualidade, mas com habilitação para trabalhar com essas meninas, você vê pessoas que se esforçam, que bancam e que gostam trabalham com as meninas. A primeira vez que elas tiveram uma estrutura semi-profissional foi agora na Funorte. O futsal masculino parou e o feminino subiu.



- A arbitragem é muito contestada em Montes Claros o que acha que deve ser feito para melhorar?



É outra coisa que precisa ter intercâmbio. Quando o Carlão foi fazer um curso na federação ele trazia coisas novas para os outros árbitros. Hoje se apita muito aqui, lê na regra e que ouviu falar que é isso, e não é. Tem que ter cursos, tem que está com o pessoal que mexe com a arbitragem. Você vai fazer curso da federação mineira de futsal, o cara é autorizado pela CBFS – Confederação brasileira de futsal, para dar o curso, então você não fica sabendo que ouviu falar. A interpretação de regra pelo papel ela feita de várias maneiras, a gente pode interpretar de várias maneiras. Às vezes, os árbitros daqui não têm a mesma postura que tem que ter um árbitro, que é uma cara isento. Os árbitros da federação não ficam no mesmo hotel dos jogadores, não é que não podem ser amigos, mas que qualquer coisa que você faça, as pessoas pensam que você está tendo algum proveito com relação a tal time. Falta curso, já tentei trazer um curso pra cá, mas é uma coisa cíclica. Eu converso com o Maurício da federação para elel levar o curso para Moc, mas ele me fala comigo assim: Eu vou levar o curso lá pra quê, se lá não tem jogo? Eu só posso ter um árbitro com um distintivo no peito se eu estou vendo ele atuar. Eu vou investir em curso de arbitragem onde eu tenho jogo. Hoje há uma sucursal da federação em Uberlândia. Os árbitros daqui têm que ir fazer um curso lá, eles não têm interesse de fazer um curso aqui.     



- Antes o MCTC disputava o campeonato mineiro e poucos jogadores saíram para outros centros, hoje temos atletas saindo do MCTC para jogar em outros centros, isso se deve a falta de um time na cidade?



Eu acho que é uma visão que as pessoas estão tendo hoje do futsal, que pode vislumbrar a jogar o futsal profissional, como os meninos vislumbram jogar futebol de campo. Hoje o futsal não é olímpico ainda e não vai ser em 2012, se ele se tornasse olímpico em 2012 ele dar um grande salto tanto para atleta como para técnico, e iríamos exportar atletas para o mundo todo. Enquanto isso não acontecer, temos que contentar com uma situação mediana, quanto prêmio. Hoje eu vejo os meninos querendo jogar futsal, porque gostam e porque querem ser tornar um jogador profissional de futsal.

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