Heberth Halley
Repórter
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José Carlos Gomes foi o melhor jogador de futsal de Montes Claros que já vi jogar – assim definiu o ex-goleiro do banco Hipotecário, na década de 60 e hoje jornalista, Felipe Gabrich.
Pois é, o pivô Zé Carlos, que infernizou os adversários na década de 60, é o destaque de hoje da Galeria dos Atletas, a pedido de muitos leitores. Zé Carlos é considerado não só por Felipe Gabrich, mas também por muitos torcedores como o melhor jogador de futsal de todos os tempos de Montes Claros. A sua genialidade, habilidade, assistências e gols deram a ele esse inevitável título de “Rei do Futsal’.
Zé Carlos Gomes ainda hoje pratica o futsal
Zé Carlos começou a jogar no juvenil do Ateneu, no final da década de 50, mas logo foi destaque, e com isso o seu eterno treinador Tião Boi, já falecido, chamou-o para jogar futsal na extinta equipe do Banco Hipotecário.
Naquele tempo, o Hipotecário formou um timaço com Felipe Gabrich, Paulinho Cães, Hélio Guimarães e Zé Carlos Gomes, e chegou a ser tricampeão consecutivo do mais tradicional campeonato da época, o campeonato de futebol de salão de Montes Claros, em 1961, 62 e 63, com Zé Carlos sendo o artilheiro em todos.
Cansado de perder, o Banco da Bahia, contrata o pivô Zé Carlos para trabalhar e logicamente para disputar a próxima temporada, além dele, foi chamado também o goleiro Felipe Gabrich, destaques, além do treinador Tião Boi. Em 1964, não deu outra, Banco da Bahia campeão e Zé Carlos arilheiro.
Zé Carlos cada vez mais se valoriza com seu magistral futebol. O gerente da época do Banco Hipotecário, Olafi, o chama para conversar e diz que errou e arruma um emprego no banco para o artilheiro, pois, conseqüentemente, poderia voltar a ganhar o mais importante título de futebol de salão da época. Da mesma forma, Felipe Gabrich, juntamente com o treinador Tião Boi, voltam para o Hipotecário. Resultado bicampeão em 1965 e 1966. Zé Carlos novamente brilha como o artilheiro.
Ainda em 66, Zé Carlos é aprovado no concurso do Banco do Brasil em Francisco Sá e passa a atuar na equipe do banco em Montes Claros. Ele lembra que em dia de jogo havia um carro exclusivamente para buscá-lo. Com Zé Carlos em quadra parecia que o título ficava mais fácil. A sua estrela brilha novamente e ele sagra-se bicampeão pelo Banco do Brasil em 1967 e 1968. Sabe quem foi o artilheiro? Zé Carlos.
Conte ele que o ginásio Darcy Ribeiro, da Praça de esportes, ficava lotado de torcedores e que um dos grandes incentivadores para o crescimento do futebol de salão na época foram os bancos que trouxeram a modalidade para Montes Claros.
Zé Carlos Gomes, com a camisa do Banco da Bahia, infernizou os adversários com seus dribles desconcertantes
(foto: arquivo pessoal)
Depois de ser octacampeão consecutivo, e artilheiro em todos campeonatos de futebol de salão da época, Zé Carlos, volta para Montes Claros e comenta que o futebol de salão perdeu o entusiasmo, teve uma estagnação, com isso fica quatro anos sem jogar bola. Voltou apenas para brincar nas tradicionais peladas. O tempo passou e hoje leva a fama de ser o melhor de todos os tempos.
Atualmente, Zé Carlos, têm 62 anos, é aposentado do banco do Brasil, é casado do Celeste e pai de duas filhas, Giuliana e Fabiana, e têm um neto Lucca. Ainda pratica o futsal nas noites de segunda-feira no ginásio do colégio Marista São José e nas quartas-feiras no ginásio da AABB.
- Jogo hoje pelo simples prazer, as pernas já não obedecem mais – afirma.
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PERFIL
· Partida Inesquecível: Em 1963, jogava pelo Hipotecário, perdíamos por 1 a 0, num jogo decisivo contra o rival banco da Bahia. Não estava bem na partida, mas faltando dois minutos, fiz dois gols levando a equipe para a decisão.
· Gol Mais bonito: Sem demagogia, fiz muitos gols bonitos, seria difícil destacar um só.
· Suas Características: Era um jogador habilidoso, que gostava de servir os outros, mas sempre fui artilheiro.
· Companheiro ideal: Tive a oportunidade de jogar em vários atletas bons de bola, mas Jomar Macedo, creio que foi o parceiro ideal, pela inteligência em jogar.
· Melhor marcador: Sem dúvida, foi o Paulinho Cães, ainda bem que a maioria das vezes estava do meu lado.
· Melhor goleiro: Indiscutível, Felipe Gabrich. Esse sempre esteve do meu lado.
· Melhor técnico: Tião Boi, sempre me acompanhava para a equipe que eu ia.
· Melhor time em que jogou: O Banco Hipotecário. Fomos pentacampeões em 1961, 62, 63, 65 e 66.
· Monte uma seleção de todos os tempos: Não posso falar de todos os tempos, pois depois que parei de jogar, não acompanhei mais. Posso falar da minha época, da década de 60. Pra mim foi: Felipe Gabrich, Paulinho Cães, Nicomedes, Jomar Macedo e Zé Carlos Gomes. Treinador Tião Boi.
· Saudade daquele tempo: Muita. Se a a medicina, com esse negócio de célula tronco, pudesse inventar uma fórmula para me colocar 30 anos mais novo, seria, uma das melhores coisas da vida. Com certeza, mataria minha saudade daquele tempo.