Heberth Halley
Repórter
www.onorte.net/halley
O destaque de hoje da Galeria dos Atletas é para o elegante zagueiro Nicomedes de Almeida Teixeira, 62 anos, para muitos, Nicó, considerado um dos melhores zagueiros de todos os tempos de Montes Claros.
Nicomedes: elegância
e lealdade para jogar futebol
(foto: Wilson Medeiros)
Muitos dizem que Nicó era admirável pelo futebol talentoso, genial e, principalmente por destacar pela sua lealdade dentro de campo. Era incapaz de ser desleal, sempre tentava roubar a bola do adversário sem fazer falta. Por isso, merecia ainda mais o respeito do adversário, que também buscava corresponder com a mesma classe e lealdade.
Nicomedes começou a aparecer no futebol em 1962, quando foi para o Ateneu. O ex-atleta recorda que mesmo com idade juvenil foi campeão amador pelo Broca, com o treinador Milton Ramos.
Como também era um excepcional jogador de futebol de salão, o Banco Hipotecário o contrata para trabalhar devido ao seu excelente futebol. Ao mesmo tempo em que jogava futebol no Ateneu, trabalhava no banco. Lembra que foi bi-campeão pelo Hipotecário em 63 e 64, com um timaço composto por Felipe Gabrich, ele, Nicomedes, Paulinho Cães, Zé Carlos Gomes e Hélio Machado. Tinha ainda Augusto Bala Doce.
Fica na equipe do bairro São José até 1964. Ainda em 64, o então deputado Edgar Pereira, presidente do Ipê, montava um time para disputar o campeonato amador e contratou os melhores da cidade. Pelo seu extraordinário futebol, Nicomedes é chamado e vai para o Ipê.
Em 66, o time do Ipê sagra-se campeão amador. Nicomedes é um dos grandes destaques da equipe, sendo este o segundo título que conseguia. Jogavam atletas como Nilson Espoletão, Jomar Macedo, Toninho Baleiro, Felipe Gabrich, Mazinho, Estrelinha, Juvenal, entre outros.
No mesmo ano, a seleção montes-clarense participa do campeonato mineiro amador de seleções. Montes Claros monta um timaço com o treinador Coró Barbosa e chama Nicomedes, e ainda outros jogadores como Felipe Gabrich, Sabará, Nilson Espoletão, Bené, Ninha, Chiquito, Jomar Macedo. O time perde a final para Itajubá por 3 a 1, no Independência.
No futebol de salão vai para a Fadir e conquista o bicampeonato da cidade em 66 e 67.
Nicomedes, quando começou
a jogar no Ateneu, em 1962
(foto: arquivo)
Em 67, com o exímio futebol arte, o Ateneu queria Nicomedes de volta.
O atleta conta como foi.
- O presidente da época do Ateneu chegou a me pagar 500 reis. Mas a cidade inteira ficou sabendo, e o presidente do Ipê, Edgar Pereira, me chamou na casa de Renato Pereira. Conversaram comigo. Expliquei a situação para eles, que iria me casar e que o Ateneu já tinha me dado um dinheiro. Eles fizeram na hora, cada um deles, um cheque de 500 reis e aí continuei no Ipê até 68 – recorda Nicomedes.
Em 68, o Ipê não segura Nicó, que se transfere para o Cassimiro, para a disputa do campeonato mineiro da segunda divisão. Em 70, o time é campeão da segundona e sobe para a primeira, com Nicomedes sendo um dos grandes responsáveis pela brilhante conquista, ao lado de Bené, Marcelino, Toninho Baleiro, Osias, Fiapo, entre outros.
Em 71, o Cassimiro disputa a primeira divisão e contrata atletas como Afrânio, Moisés, Gilson, e mantém a base de 70. Nicomedes lembra que juntamente com Afrânio formaria a melhor dupla de zaga do campeonato mineiro.
- Talvez tenha sido um dos melhores times do Cassimiro, mas o nível do campeonato estava muito forte. Tanto que o Atlético foi campeão brasileiro, o Cruzeiro era um timaço e o América foi o campeão estadual. Nós, infelizmente caímos para a segundona – conta Nicomedes.
O jogador lembra que chegou a ser sondado para ir para o Cruzeiro e que inclusive o diretor Furletti o procurou para ir para o time da Toca da Raposa, mas como trabalhava no banco, não foi.
Em 72, disputa novamente a segunda divisão para o Cassimiro. Depois disputa apenas as competições amadoras pelo Mais Querido, o Cassimiro, e ainda é campeão mais uma vez. Anos depois, no início da década de 80, lembra que o diretor Walter Lima o chama para jogar o amador para a Matsulfur e é campeão amador em cima do Cassimiro, nos pênaltis, sendo esta sua última competição oficial.
PERFIL
PERFIL - FUTEBOL DE CAMPO
Partida inesquecível: Cassimiro 0 x 3 Cruzeiro pelo mineiro de 71. O Cruzeiro tinha um timaço com Dirceu Lopes, Tostão, Piazza, Zé Carlos e, mesmo perdendo, joguei muito bem. E Afrânio, meu companheiro de zaga, foi o melhor em campo. Outro jogo foi contra o Atlético, quando perdemos por 1 a 0. O Galo era o time que tinha sido campeão brasileiro. Fui o melhor em campo e recebi um rádio.
Título mais importante: O campeonato da segunda divisão, em 1970, pelo Cassimiro
Título que queria ter ganhado: O amador de seleções mineiras, em 66
Gol mais bonito: Foram dois que considero os mais importantes, quando jogava pelo Ipê. Um contra o Cassimiro, ganhamos de 3 a 0, e outro contra o Ateneu, quando vencemos por 2 a 0. Os dois foram de falta.
Maior alegria no futebol: Foram várias, mas o título pelo Ipê em 66 é algo inesquecível
Maior tristeza: A derrota na final do amador de seleções mineiras, em 66.
Melhores amigos no futebol: Hélton Veloso, Bené, Jomar Macedo, Marcelino, Sabará, Felipe Gabrich.
Melhor treinador: Pela amizade que tinha com os jogadores, João Melo. Era um pai pra gente e sabia escutar os atletas.
Melhor companheiro: Afrânio. Sempre dei certo com ele.
Jogador mais difícil de marcar: Dirceu Lopes. Era difícil marcá-lo. Em Montes Claros, foram Jomar Macedo e Jair Dutra.
Melhor goleiro: Osias
Melhor jogador que viu jogar: Citar um é cometer injustiça com outros. Vou citar três: Benê, Nilson Espoletão e Jomar Macedo. Esses três, sem dúvida, jogariam hoje em qualquer time do Brasil.
Desde quando começou a jogar, monte uma seleção de Moc: Osias, Hélton Veloso, Nicomedes, Afrânio, Gontijo, Nilson Espoletão, Benê, Jomar Macedo, Jair Dutra e Ninha. Treinador, João Melo.
PERFIL - FUTSAL
Partida Inesquecível: Final entre Fadir 6 e 5 Cassimiro, em 67.
Título mais importante: Esse mesmo, pela Fadir.
Gol mais bonito: Nessa final. O mais importante. O jogo estava empatado em 5 a 5. Jomar tocou pra mim e chutei no canto. O gol do título.
Melhor treinador: Tião Boi
Companheiro ideal: Zé Carlos Gomes
Jogador mais difícil de marcar: Sem dúvida, Zé Carlos Gomes. Era um artista da bola.
Melhor jogador de futsal: Zé Carlos Gomes
Monte uma seleção: Felipe Gabrich, Nicomedes, Paulinho Cães, Zé Carlos Gomes, Jomar Macedo. Treinador: Tião Boi.
