Heberth Halley
Repórter
www.onorte.net/halley
O destaque de hoje da Galeria dos Atletas é o ex-jogador do Cassimiro e Ateneu, Marcílio Eduardo Soares Pereira, o conhecido Lelê. De acordo com o ex-atleta, que marcou época na década de 70 e 80 jogando como zagueiro do Cassimiro, o apelido Lelê veio de sua tia Jacira. Na época, a música “Samba Lelê” era um dos sucessos e o jogador Lelê cantava embolada a letra.
- Ela começou a me chamar de Lelê e pegou – recorda.
Lelê, sempre foi um
jogador técnico e
tentava roubar a bola
sem fazer falta
Lelê era um excepcional jogador, disciplinado e muito técnico. Tentava roubar a bola do adversário sem fazer falta. Segundo ele, deve muito ao treinador Bonga, que foi como um pai.
- Além de jogar futebol, me ensinou a ter caráter, a ser uma pessoa educada, foi o precursor da minha vida futebolística, sempre me aconselhava das coisas erradas como o vício. Foi mais que um pai – diz.
Seus primeiros chutes com a bola foram na antiga casa da central, onde tinha um campinho. Lembra que lá jogavam atletas como Dequinha, Bodera, Ita, Janilson, Jaime Tolentino, Valdirzinho, entre outros.
Logo depois começou a jogar no campo da antiga Manguinha. Em seguida, na equipe de futsal do colégio Marista São José.
- Certa vez, Murilo Bastos, que era jogador do juvenil do Ateneu e treinador do infantil, me viu jogando e me chamou para jogar no infantil – recorda Lelê.
Naquele tempo também já fazia parte da seleção do colégio São José, com o treinador Bonga, também no futebol de campo.
Lelê recorda que aos 14 anos, ainda no infantil, foi chamado para jogar o campeonato amador adulto.
- Naquela época, Dequinha foi para o Flamengo, Cesinha para o Botafogo e Valdirzinho para o Vasco, e abriram as oportunidades para os jovens jogadores que estavam começando, me colocaram na equipe adulta, como titular – lembra.
Lelê se profissionaliza no Ateneu. O treinador era Sargento Norberto. Lá, disputa o conhecido Torneio Santos Dumont, em 1970, e chega à semifinal, mas perde para o João Monlevade.
Em 1971, Bonga sai do Ateneu e vai para o Retífica União e chama Lelê para compor a zaga de sua equipe. Não deu outra, o time conquista o campeonato amador e ainda é campeão do Torneio Leonel Beirão. Lelê começava aparecer de vez para o cenário do futebol montes-clarense.
Em 72, o meio-campista, Jânio, convida Lelê para integrar o Cassimiro. Começava ali a época áurea do Mais Querido. Lelê não se lembra de quantos campeonatos conquistou para o Cassimiro, mas diz que foram muitos, pois foram 18 anos, defendendo a equipe do Todos os Santos.
Em 75, com as boas atuações o treinador Bonga o leva para o Flamengo. Lelê é aprovado, mas tinha que voltar para se apresentar ao Exército brasileiro, ficou na força militar e desistiu de ir para o Flamengo.
Mas, mesmo servindo ao Exército continuou jogando no Cassimiro, conquistando, além de campeonatos amadores, campeonatos regionais, e disputando várias partidas contra Cruzeiro, Misto do Atlético, América, Uberlândia, entre outras.
Quando era formada uma seleção de Montes Claros para algum jogo amistoso ou de confraternização, Lelê era sempre convocado.
Em 82, recebe o prêmio de melhor jogador do ano do futebol amador.
Lelê também jogou futsal em equipes da cidade como Dental Naran, Níkolas, entre outras.
Em 90, parou definitivamente de jogar.
Hoje, é professor de Educação Física. E é um dos fundadores e organizadores do Encontro de ex-atletas maristas.
Perguntado sobre o que deveria ser feito para o futebol amador de Moc melhorar, Lelê disse que falta interesse dos dirigentes, e mais apoio das empresas e principalmente da prefeitura.
PERFIL
Partida inesquecível: Num amistoso entre Cassimiro 2 x 0 Cruzeiro, em 1981. O treinador do Cruzeiro, Didi, aquele campeão do mundo pelo Brasil, chamado de “Folha Seca” após o jogo veio me cumprimentar pela partida, parabenizou também a Jânio, Torresmo e Afonso.
Título mais importante: O amador de 1971 pelo Retífica União. Vencemos na final a Matsulfur, por 2 a 1. Eu estava de cama, com sinusite, me levantei só para jogar a final e fui considerado o melhor jogador da final.
Título que queria ter ganhado: O campeonato amador de 86, quando perdemos para a Matsulfur por 2 a 0.
Gol mais bonito: Quando jogava pela Retífica União. Vencemos o Tiradentes por 3 a 0. Fiz o primeiro gol. Roubei a bola em nosso campo, fui levando e tabelei não lembro com qual jogador, recebi a bola na frente e só dei um toque na saída do goleiro.
Maior alegria no futebol: O fato de ter feito muitas amizades ao longo desses anos.
Maior tristeza no futebol: Quando machuquei o joelho, tive que ficar meses parado.
Melhor amigo no futebol: Bonga. Foi quem me incentivou para o futebol. Foi mais que um pai pra mim.
Melhor jogador de Moc que viu jogar: Benê, Jânio e Nicomedes
Melhor goleiro: Sem sombra de dúvidas, Budega.
Melhor treinador: Bonga
Parceiro ideal: Nicomedes. Aprendi muito com ele. Eu estava começando e ele já estava parando. Mas joguei vários jogos ao seu lado.
Jogador mais difícil de marcar: Bolão. Era rápido e muito técnico. E tinha também meu irmão Marcelo.
A partir de quando começou a jogar monte uma seleção de Moc: Budega, Hélton Veloso, Walber, Nicomedes, Lelê, Walber, Carlinhos Zanata, Jânio e Benê, Bolão, Proença e Carlinhos. Treinador: Bonga.