Galeria dos atletas: José Maria Melo conta sua história no futebol

Jornal O Norte
Publicado em 11/01/2008 às 11:49.Atualizado em 15/11/2021 às 07:22.

Heberth Halley


Repórter



O destaque, de hoje, da ‘Galeria dos Atletas’ é o ex-jogador do Cassimiro e Ateneu, José Maria Melo, 77 anos. Natural de Oliveiras, zona da Mata mineira, disputava campeonatos daquela região, foi inclusive campeão da Liga, jogando pelo Pontenovense, e também do Torneio da zona da Mata. Chegou em Montes Claros em 1951, para trabalhar no banco de Minas Gerais.






José Maria Melo foi pentacampeão da cidade
. Duas vezes pelo Esporte Clube João Rebelo e três vezes pelo Cassimiro, da qual mais tarde se tornou presidente, atualmente é presidente do conselho deliberativo



Lembra que seu primeiro time em Moc foi o Mineiro, do Tiro de Guerra, comandado pelo Tenente Moura. No ano seguinte vai para o Esporte clube João Rebello, a convite o do então presidente do clube, Josias Loiola. O meio-campista em seu primeiro campeonato com a camisa do alvi-negro, é campeão amador da cidade. Em 1953, conquista o bicampeonato pelo EC João Rebello. Além de José Maria Melo, a equipe tinha jogadores como: Tú Peixoto, Milton Ramos, Alair, Alexandre Macedo, Vivaldo Macedo, Moacir, Guarinelo, Julião, Edgar e Miltinho.



Ele recorda de um fato curioso na equipe bicampeã da cidade. Os jogadores Moacir, Miltinho e Alair eram irmãos, assim como Alexandre e Vivaldo Macedo.



Com a influência do banco de Minas Gerais, em cima do presidente da época do Cassimiro, João Valle Maurício, em 1954, vai para o Cassimiro de Abreu e mostra-se pé quente, ao lado do goleiro Tú Peixoto que também tinha transferido de equipe, sendo tricampeão da cidade, acabando com a hegemonia do Ateneu. O time contava com jogadores como: Tú Peixoto, Baiano, Gato, Onofre Carne Preta, Jaiminho, Aroldo Filpi, Carioca, Manoelito, Zoinho e Sinval Filpi.



Com sua fama volta para o Ateneu, em 1955. Mas desta vez o Cassimiro conquistava o bi. Em seguida se transfere novamente para o Cassimiro e conquista mais duas vezes o campeonato da cidade, em 1957 e 58, tornando-se assim cinco vezes campeão amador. Na época, lembra que levou para a equipe do Cassimiro jogadores como Kidão, Kikinha e Brasil, com o Tenente Moura sendo o treinador.



Em 1958, tem um sério problema na perna esquerda durante um jogo entre Cassimiro e Asa de Lagoa Santa. Um jogador caiu sobre sua perna e teve que colocar prótese no fêmur.



- Fui para Belo Horizonte operar e de lá me mandaram para Brasília. Tenho uma prótese no fêmur na perna esquerda. Hoje não posso jogar, pular e andar a cavalo – conta.



A partir daí José Maria Melo não jogou mais futebol. No ano seguinte passa a ser presidente do Cassimiro e fica na presidência durante seis anos.



Em 1959, José Maria Melo, conta que durante a candidatura a prefeito, Simeão Ribeiro, então candidato, tem o apoio do Cassimiro e em troca promete um desconto de 50% do terreno para fazer um estádio do time. Eleito, promessa cumprida.



Lembra também que na época o então diretor do DER de Minas Gerais, hoje senador Eliseu Resende, deu uma grande ajuda para terraplanagem do estádio. Na inauguração do estádio que leva seu nome, em sua homenagem, o Cassimiro recebe o timaço do Cruzeiro, que tinha Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes, entre outros craques.



José Maria Melo esclarece que no Cassimiro foram feitas duas associações, a AACA – Associação Atlética Cassimiro de Abreu e AECA – Associação estádio Cassimiro de Abreu. Diz que esta segunda é para que não ocorra o problema do Ateneu.



- No Cassimiro tem raiz, é uma espécie de família, a gente controla o estádio, o patrimônio. Podemos estar afastados do futebol, mas na eleição a gente sempre estará presente, para não passar o campo para qualquer um – afirma José Maria Melo.



- Desde minha primeira gestão como presidente sempre fiz parte da diretoria do Cassimiro. Até hoje faço – diz.



Com relação à rivalidade com o Ateneu conta que nunca teve nenhuma rivalidade com o pessoal do Broca fora de campo e que a rivalidade é sim, dentro de campo. Mas relembra que seu irmão já falecido, João Melo, era muito radical e que não dava bem como pessoal do Ateneu e conta inclusive uma história interessante sobre isso.



Ele revela que João Melo, era tão doente pelo Cassimiro, que durante o campeonato mineiro, levou em seu carro quatro atletas para uma partida fora de Moc, mas próximo da serra de Bocaiúva sofre um acidente e bate a cabeça no chão. Quando chega em Moc, o então ex-presidente do Ateneu, e médico Mário Ribeiro, faz os primeiros exames em João Melo e constata que o cassimirense estava entrando em coma e avisa aos familiares para levá-lo urgente para Belo Horizonte. Na capital João Melo é operado e se recupera. Alguns dias depois, José Maria Melo comenta com ele para agradecer Mário Ribeiro, que o atendeu. Mas ele era muito radical com relação ao pessoal do Ateneu.



Recorda também que poucas pessoas sabem que o nome de Cassimiro de Abreu, não foi por causa do escritor e sim por causa do irmão de Dina Fina, mulher de Hermes de Paula. E, que ela sempre em jogo entre Cassimiro e Ateneu, colocava uma vela quando a partida começava e apagava após ouvir os foguetes e o barulho da boneca de Leonel.



Hoje é dono de vários imóveis em Moc. E presidente do Conselho deliberativo do Cassimiro. Recentemente foi premiado com o troféu das 150 personalidades mais importantes de Montes Claros concedida pelo O NORTE.



PERFIL



· Partida inesquecível: Quando jogava pelo Escrete de Ponte Nov, em 1950, na decisão do título contra Ubá. Driblei os zagueiros e o goleiro e entrei com bola e tudo, mas o goleiro me derrubou e bati a cabeça na trave, continuei o jogo mesmo machucado e fomos campeões.



· Título mais importante: Todos os títulos foram importantes.



· Maior alegria no futebol: A inauguração do estádio do Cassimiro



· Maior tristeza no futebol: Não tive no futebol. Mesmo a contusão que tive no futebol não foi tristeza, já estava na hora de parar.   



· Melhor goleiro: Tú Peixoto e Buião



· Melhor marcador: Dito



· Companheiro ideal no campo: No Ateneu Moacir, no Cassimiro Carioca



· Melhor jogador: Manoelito



· Monte uma seleção de toados os tempos: Tú Peixoto, Alexandre Macedo, Jaiminho, Alair, Milton Ramos, Vivaldo Macedo, Nilson Espoletão, Moacir, Benê, Manoelito e Miltinho.

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