Heberth Halley
Repórter
O destaque, de hoje, da ‘Galeria dos Atletas’ é o ex-jogador do Cassimiro e Ateneu, José Maria Melo, 77 anos. Natural de Oliveiras, zona da Mata mineira, disputava campeonatos daquela região, foi inclusive campeão da Liga, jogando pelo Pontenovense, e também do Torneio da zona da Mata. Chegou em Montes Claros em 1951, para trabalhar no banco de Minas Gerais.
José Maria Melo foi pentacampeão da cidade. Duas vezes pelo Esporte Clube João Rebelo e três vezes pelo Cassimiro, da qual mais tarde se tornou presidente, atualmente é presidente do conselho deliberativo
Lembra que seu primeiro time em Moc foi o Mineiro, do Tiro de Guerra, comandado pelo Tenente Moura. No ano seguinte vai para o Esporte clube João Rebello, a convite o do então presidente do clube, Josias Loiola. O meio-campista em seu primeiro campeonato com a camisa do alvi-negro, é campeão amador da cidade. Em 1953, conquista o bicampeonato pelo EC João Rebello. Além de José Maria Melo, a equipe tinha jogadores como: Tú Peixoto, Milton Ramos, Alair, Alexandre Macedo, Vivaldo Macedo, Moacir, Guarinelo, Julião, Edgar e Miltinho.
Ele recorda de um fato curioso na equipe bicampeã da cidade. Os jogadores Moacir, Miltinho e Alair eram irmãos, assim como Alexandre e Vivaldo Macedo.
Com a influência do banco de Minas Gerais, em cima do presidente da época do Cassimiro, João Valle Maurício, em 1954, vai para o Cassimiro de Abreu e mostra-se pé quente, ao lado do goleiro Tú Peixoto que também tinha transferido de equipe, sendo tricampeão da cidade, acabando com a hegemonia do Ateneu. O time contava com jogadores como: Tú Peixoto, Baiano, Gato, Onofre Carne Preta, Jaiminho, Aroldo Filpi, Carioca, Manoelito, Zoinho e Sinval Filpi.
Com sua fama volta para o Ateneu, em 1955. Mas desta vez o Cassimiro conquistava o bi. Em seguida se transfere novamente para o Cassimiro e conquista mais duas vezes o campeonato da cidade, em 1957 e 58, tornando-se assim cinco vezes campeão amador. Na época, lembra que levou para a equipe do Cassimiro jogadores como Kidão, Kikinha e Brasil, com o Tenente Moura sendo o treinador.
Em 1958, tem um sério problema na perna esquerda durante um jogo entre Cassimiro e Asa de Lagoa Santa. Um jogador caiu sobre sua perna e teve que colocar prótese no fêmur.
- Fui para Belo Horizonte operar e de lá me mandaram para Brasília. Tenho uma prótese no fêmur na perna esquerda. Hoje não posso jogar, pular e andar a cavalo – conta.
A partir daí José Maria Melo não jogou mais futebol. No ano seguinte passa a ser presidente do Cassimiro e fica na presidência durante seis anos.
Em 1959, José Maria Melo, conta que durante a candidatura a prefeito, Simeão Ribeiro, então candidato, tem o apoio do Cassimiro e em troca promete um desconto de 50% do terreno para fazer um estádio do time. Eleito, promessa cumprida.
Lembra também que na época o então diretor do DER de Minas Gerais, hoje senador Eliseu Resende, deu uma grande ajuda para terraplanagem do estádio. Na inauguração do estádio que leva seu nome, em sua homenagem, o Cassimiro recebe o timaço do Cruzeiro, que tinha Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes, entre outros craques.
José Maria Melo esclarece que no Cassimiro foram feitas duas associações, a AACA – Associação Atlética Cassimiro de Abreu e AECA – Associação estádio Cassimiro de Abreu. Diz que esta segunda é para que não ocorra o problema do Ateneu.
- No Cassimiro tem raiz, é uma espécie de família, a gente controla o estádio, o patrimônio. Podemos estar afastados do futebol, mas na eleição a gente sempre estará presente, para não passar o campo para qualquer um – afirma José Maria Melo.
- Desde minha primeira gestão como presidente sempre fiz parte da diretoria do Cassimiro. Até hoje faço – diz.
Com relação à rivalidade com o Ateneu conta que nunca teve nenhuma rivalidade com o pessoal do Broca fora de campo e que a rivalidade é sim, dentro de campo. Mas relembra que seu irmão já falecido, João Melo, era muito radical e que não dava bem como pessoal do Ateneu e conta inclusive uma história interessante sobre isso.
Ele revela que João Melo, era tão doente pelo Cassimiro, que durante o campeonato mineiro, levou em seu carro quatro atletas para uma partida fora de Moc, mas próximo da serra de Bocaiúva sofre um acidente e bate a cabeça no chão. Quando chega em Moc, o então ex-presidente do Ateneu, e médico Mário Ribeiro, faz os primeiros exames em João Melo e constata que o cassimirense estava entrando em coma e avisa aos familiares para levá-lo urgente para Belo Horizonte. Na capital João Melo é operado e se recupera. Alguns dias depois, José Maria Melo comenta com ele para agradecer Mário Ribeiro, que o atendeu. Mas ele era muito radical com relação ao pessoal do Ateneu.
Recorda também que poucas pessoas sabem que o nome de Cassimiro de Abreu, não foi por causa do escritor e sim por causa do irmão de Dina Fina, mulher de Hermes de Paula. E, que ela sempre em jogo entre Cassimiro e Ateneu, colocava uma vela quando a partida começava e apagava após ouvir os foguetes e o barulho da boneca de Leonel.
Hoje é dono de vários imóveis em Moc. E presidente do Conselho deliberativo do Cassimiro. Recentemente foi premiado com o troféu das 150 personalidades mais importantes de Montes Claros concedida pelo O NORTE.
PERFIL
· Partida inesquecível: Quando jogava pelo Escrete de Ponte Nov, em 1950, na decisão do título contra Ubá. Driblei os zagueiros e o goleiro e entrei com bola e tudo, mas o goleiro me derrubou e bati a cabeça na trave, continuei o jogo mesmo machucado e fomos campeões.
· Título mais importante: Todos os títulos foram importantes.
· Maior alegria no futebol: A inauguração do estádio do Cassimiro
· Maior tristeza no futebol: Não tive no futebol. Mesmo a contusão que tive no futebol não foi tristeza, já estava na hora de parar.
· Melhor goleiro: Tú Peixoto e Buião
· Melhor marcador: Dito
· Companheiro ideal no campo: No Ateneu Moacir, no Cassimiro Carioca
· Melhor jogador: Manoelito
· Monte uma seleção de toados os tempos: Tú Peixoto, Alexandre Macedo, Jaiminho, Alair, Milton Ramos, Vivaldo Macedo, Nilson Espoletão, Moacir, Benê, Manoelito e Miltinho.
