Heberth Halley
Repórter
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O destaque de hoje da Galeria dos Atletas é Sidney Ferreira, conhecido como Bolão. O apelido faz jus ao futebol apresentado na década de 80, pois literalmente jogava um bolão. Seu talento fez com que todos passassem a chamá-lo de Bolão, que muitos pensavam que era devido ao seu corpo, que parecia ser gordo.
Era um verdadeiro craque de bola, muito habilidoso, inteligente e rápido, dava trabalho às defesas adversárias. Muitos o comparava ao ex-jogador Reinaldo, do Atlético Mineiro e Seleção Brasileira, pelo mesmo estilo de jogo. Tanto que o jornalista e cronista esportivo, George Nande disse certa vez que Bolão era a cópia de Reinaldo.
Seu futebol era admirável, dava alegria de ver, era bonito.
Bolão foi um dos melhores jogadores de Moc na década de 90
(foto: Wilson Medeiros)
Começou a carreira jogando no Colégio São José com o treinador Bonga. Logo depois seu treinador passou a ser Lelê. Com o bom futebol apresentado chega a ganhar uma bolsa de estudo no Marista São José. O professor de Educação Física Lelê certa vez declarou:
- Bolão foi o melhor jogador que já passou aqui no Colégio São José – diz Lelê que depois chegou a jogar junto com Bolão no Cassimiro e que por muitas vezes foram adversários quando jogava Cassimiro e Ateneu.
Depois vai para o Ateneu jogar no infantil com o treinador Bilú. Se destaca com os dribles desconcertantes e vai para o juvenil do Cassimiro, com o treinador Castilho. No outro ano volta para o Ateneu para a disputa do mineiro de júnior em 1977, lembrando que jogavam na equipe jogadores com o Índio e Robson. Recorda ainda que no mesmo ano, o Ateneu disputa a segunda divisão e faz parte do grupo ainda com idade de júnior, junto com Robson.
Disputa, ainda, mais dois campeonatos de júniores pelo Ateneu, sendo que fica em terceiro lugar em 1980, com atletas como Ninha, Ronaldinho, Zé Carlos, Cazoba, Robson, Alaílton, Índio, entre outros.
Com o excelente futebol de agradar a gregos e troianos, Rafael, que atualmente trabalha na Esporte Total, indica Bolão para fazer um teste no Jundiaí de São Paulo. O atleta faz vários amistosos contra Guarani, Corinthians e São José e é aprovado pela equipe paulista. Mas o então presidente do Ateneu da época, Aristóteles Mendes Ruas não o libera. Queria dinheiro para na transação. Bolão fica quatro meses e volta para Moc.
Todo mundo queria levar o atleta para jogar em algum time. Zé Maria, então treinador do júnior do Atlético, era um deles. Mas Aristóteles Mendes Ruas mais uma vez queria que o Galo fizesse dois jogos para que Bolão fosse definitivo para o time. Não chegaram a um acordo.
Em 82, seu destino seria o América Mineiro. Começa a treinar no coelho para a disputa da Taça São Paulo de júnior, mas a papelada não fica pronta e não viaja para a competição. Bolão lembra que o treinador Jair Bala queria que ele ficasse no profissional.
- Jair Bala, que era o treinador da equipe adulta, pediu para que eu ficasse treinando na equipe. Cheguei a fazer vários treinos inclusive contra a Seleção Brasileira que disputaria a copa do mundo, até marquei gol no goleiro Paulo Sérgio, mas voltei para Moc – conta.
No ano seguinte disputa a segunda divisão para o Ateneu. Fica no Broca por vários anos sendo várias vezes campeão amador e um dos destaques e artilheiros em quase todas as competições. Recebe a medalha Deusdará como melhor atleta de Montes Claros.
Em 87, o Cassimiro disputaria a terceira divisão e Bolão vai para o rival, a pedido do jogador Jânio. Bolão explica que aprendeu a gostar dos dois times apesar da rivalidade.
No mesmo ano, o diretor da Nestlé Miron, o chama para disputar o Torneio amador Tubal Vilela, em Ibiá, e se sagra vice-campeão.
No outro ano, vai para o URT e disputa a segunda divisão do campeonato mineiro.
Volta para Moc para o Cassimiro. E tem uma época áurea com vários títulos amadores, regionais pelo Mais querido, ao lado de Jânio, Proença, Lelê, Ìndio, Afonso, Fernando Coelho, entre outros.
Mais tarde o Major Prates monta uma seleção para disputar o campeonato varzeano e Bolão é convidado pelos irmãos Tone e Celso Câmara. Lá conquista o pentacampeonato varzeano e é um dos destaques da equipe que chegou a ser imbatível na época.
Em 93, pelo futebol é contratado para trabalhar na Esurb e conquista a Copa Kaiser, além do Interclubes pelo Internacional do bairro de Lourdes.
Depois passa por várias equipes da cidade como Tiradentes, Ipiranga, Magalhães, entre outras. Em 97, recebe o convite para disputar o campeonato baiano para a equipe do Eunápolis, sendo seu último torneio como profissional.
PERFIL
Partida Inesquecível: Tiveram várias, mas a final da copa Kaiser foi inesquecível. Esurb 3 x 2 Major Prates, fomos campeões.
Título mais importante: Não me lembro o ano, o título amador pelo Ateneu em cima do Cassimiro.
Título que queria ter ganhado: O mineiro de júnior pelo Ateneu.
Gol mais bonito: Matsulfur 2 x 1 São Pedro pelo campeonato amador. Tem um fato curioso. Estávamos perdendo por 1 a 0 e, faltando cinco minutos, fiz dois gols. O mais bonito foi o segundo, quando driblei Carlinhos e China, em frente ao goleiro Marinho fiz que bati, ele caiu, driblei-o e marquei o gol, já sem ângulo.
Maior alegria no futebol: Num jogo entre Cassimiro 2 x 1 Clube dos Cem. Antes do jogo dei uma entrevista a Gelson Dias e disse que faria o gol e beijaria a careca de Marcelino Paz do Nascimento. Fiz um golaço. Dei um chapéu e bati de voleio. E fiz o prometido. Beijei a careca de Marcelino.
Maior tristeza no futebol: Não ter sido um jogador profissional famoso. Acho que tinha condições de ter sido. Queria ter mostrado minha arte para os outros centros. Mas não deu.
O que faltou para ter sido um jogador profissional bem sucedido: Faltou uma pessoa que me orientasse, que me instruísse, não foi por causa de namorada, de mãe, foi por falta de instrução de alguém. Hoje é diferente, todo jogador tem um procurador, empresário, alguém que o instrui, e eu na época não tive ninguém.
Melhor amigo no futebol: Tatinha, Robson, Lelê, Bonga, Castilho.
Melhor treinador: Tive vários. Marcelino, Maciel, Bonga, Lelê, Jackson Oliveira, Jovão.
Parceiro ideal: Índio, Jânio, Robson e Lola
Melhor jogador que viu jogar: Tatinha, Índio e Jânio.
Adversário mais difícil de driblar: Lelê
Melhor goleiro: Edvaldão, Rogério, Ninha
A partir de quando começou a jogar, monte uma seleção: Antes de responder a esta pergunta difícil, quero dizer que posso ser injusto pois ficarão vários jogadores de fora, mas como tenho que responder apenas os 11, aí vai: Edvaldão, Ronaldinho, Lelê, Nilsão, Cazoba, Cebolinha, Tatinha, Jânio, Índio, Bolão e Robson. Treinador: Maciel
