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Domingo,23 de Novembro

Galeria dos atletas: Arte, talento, lealdade e elegância fizeram de Nilson Espoletão um dos melhores jogadores de futebol de Montes Claros

Jornal O Norte
Publicado em 08/01/2008 às 11:47.Atualizado em 15/11/2021 às 07:22.

Heberth Halley


Repórter



O destaque de hoje da Galeria dos Atletas é o genial e saudoso, Nilson Dias da Silva , o conhecido Nilson Espoletão, considerado por muitos, um dos melhores jogadores de todos os tempos de Montes Claros. Para outros, se hoje estivesse vivo, e jogando, sem dúvida, estaria em qualquer time de futebol do Brasil. O apelido veio quando jogava ainda no Vera Cruz. Era uma pessoa mais recatada, séria e ficava mais na dele.






Seleção de Montes Claros de 1968, vice-campeã mineira amadora. Em pé: Treinador João Melo, Nogueira, Sabará, Mazinho, Felipe Gabrich, Nilson Espoletão, Nicomedes, presidente da LMD, João do Amparo e auxiliar técnico: Coró Barbosa. Agachados: Chiquito, Bené, Jomar Macedo, Juarez e Ninha



Sua posição original era volante, mas como apoiava muito bem ao ataque, chegando sempre de surpresa, parecia um meia armador. Era um jogador genial, de talento incondicional, sua lealdade, visão de jogo, marcação e chute de fora da área eram suas maiores características. O domínio de bola também era sensacional. Os braços abertos como uma ‘garsa’, como bem caracterizou o ex-goleiro e companheiro de clube, o Ipê, hoje, jornalista Felipe Gabrich, era sua marca registrada em campo. Com a sua elegância dentro de campo dava gosto de vê-lo jogar.



Nilson Espoletão começou a jogar futebol no infantil do Esporte Clube Vera Cruz, que mais tarde passaria a se chamar Associação Atlética Cassimiro de Abreu. Segundo o ex-jogador do Cassimiro e atual presidente do Conselho deliberativo do clube, José Maria Melo, em 1956, foi a primeira vez que Nilson Espoletão, jogaria na categoria titular e partir desse dia não saiu mais. Na época o treinador era tenente Moura. Foi conquistando inúmeros admiradores pelo seu lindo futebol. Lá conquistou o tricampeonato amador pelo Cassimiro de Abreu. Foi ídolo no Mais Querido do Bairro Todos os Santos. Fez grandes jogos contra o arqui-rival Ateneu, sendo sempre destaque nas partidas.



Em 1966, o então deputado Edgar Pereira, resolve montar uma verdadeira seleção para ser campeão amador com o time do Ipê e entre tantos nomes convida, claro, o melhor volante da época, Nilson Espoletão, para jogar. Não deu outra, o Ipê, é campeão amador. Nilson Espoletão é considerado um dos grandes destaques da equipe. Na equipe atletas como: Nicomedes, Jomar Macedo, Toninho Baleiro, Felipe Gabrich, Mazinho, Estrelinha, Juvenal, entre outros.



Segundo Nairlan Barbosa, filho de Nilson Espoletão, em 1966, é convidado para jogar no Cruzeiro, e chega a atuar em amistosos com a equipe Celeste. Mas quando estavam concentrados para um jogo, pediu dinheiro para os dirigentes, e eles não deram, porque não queriam ver os jogadores na noite belorizontina, mas ele se rebelou e foi embora. Mas antes de ir para Moc, vai para Corinto jogar um torneio para o Cassimiro, e é campeão, e de lá volta para Moc. Segundo os amigos, recebeu inúmeros convites para jogar em clubes do Brasil, mas preferiu se dedicar à família e a profissão de pintor de carro e de parede. Por muitos anos, trabalhou na fábrica dos Irmãos Pereira.



Em 1968, a seleção de Montes Claros participa do campeonato mineiro amador de seleções. Montes Claros monta um timaço, sob o comando o treinador Coró Barbosa. A equipe de Moc contava com jogadores como: Felipe Gabrich, Nicomedes, Sabará, Nilson Espoletão, Bené, Ninha, Chiquito, Jomar Macedo, mas o time é vice-campeão, perde a final para Itajubá por 3 a 1, no estádio do Independência.



Nas entrevistas no quadro ‘Galeria dos Atletas’ em quase todas estava na seleção de todos os tempos como: Coró, Nicomedes, Benê, Felipe Gabrich, entre outros.  



Em 1975, pára de jogar futebol para se dedicar, exclusivamente, a família. Teve oito filhos Nilcia, Consuelo, Nadilson Kleber, Nilson Jr, Nilcéia, Nubia, Nairlan e Neryelle.. Foi um ótimo pai, e cuidou muito bem dos filhos até sua morte em 13 de outubro de 1997, decorrente de um tumor cerebral.



Em 09 de fevereiro de 2007, o escritor, poeta, professor, chargista, Georgino Júnior, escreveu uma crônica em O NORTE intitulada “Bola pra frente Futebol Clube”, da qual exemplificou muito bem quem foi Nilson Espoletão e ainda fez um pedido às autoridades:



“...Só espero que quando o Mocão estiver construído, alguma autoridade possa erguer, na sua entrada, um monumento homenageando Nilson Espoletão, o jogador mais impressionante, mais clássico, mais elegante, mais refinado, mais competente, mais raçudo que já vi jogar em minha vida, um jogador de bola que encantou gerações inteiras de montesclarenses e que nos deixou tão esquecido, tão injustiçado, tão triste, tão pobre e tão cedo.



DEPOIMENTOS



· - Nilson Espoletão foi um excepcional jogador. Do jeito que a bola vinha dominava muito bem a bola. Sabia tocar, chutar e sabia sair jogando. Tinha muita elegância e era muito leal. Era um jogador diferenciado. Se estivesse jogando hoje estaria na seleção brasileira. Ele tinha o estilo de Toninho Cerezo.


Coró Barbosa, ex-goleiro do Ateneu e treinador da Seleção de Montes Claros em 1968 e atual sub-secretário de esportes e lazer de Moc 



· - Foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos de Montes Claros. Era titular de qualquer time do Brasil. Ele jogava por prazer. Sempre mostrou lealdade dentro de campo. Ele desfilava em campo como uma garsa. Tinha muita elegância e visão de jogo.


Felipe Gabrich, ex-goleiro do Ipê e campeão amador em 1966, hoje assessor de imprensa da Unimontes



· - Nilson Espoletão era o máximo. Era bom demais, tanto no futebol quanto como na vida. Era um cara muito legal e prestativo. No futebol marcava muito. Tinha um domínio espetacular. Jogava em campo time do Brasil, não só ele como Bené, Jomar Macedo, Nicomedes, João Batista Baiano. Se fosse hoje ele estava na seleção brasileira. 


Pedro Cantinflas, ex-jogador do Ateneu e Ipê, hoje comerciante



· - Para a época que não havia sofisticação, principalmente, com relação à bola, que hoje tem toda uma tecnologia por trás, Nilson Espoletão, era fenomenal. Tinha uma maneira de proteger a bola e de domínio incrível. Tinha classe, domínio, e o seu estilo de jogar com braços abertos era sua marca. Seu estilo de jogo parecia com Dida do Flamengo e Didi do Botafogo. A marcação e o chute de fora da área eram suas principais características. A lealdade e a antecipação nas jogadas também faziam parte do seu estilo de jogo.


Gélson Dias, radialista da Rádio Educadora e narrou inúmeros jogos dele



· - Era um jogador nota 10. Tinha muita classe. Era um marcador excepcional. Foi um dos grandes jogadores de futebol de Montes Claros.


José Maria Melo, ex-jogador do Cassimiro e Ateneu, atual presidente do Conselho deliberativo do Cassimiro



· - Citar um é cometer injustiça com outros. Vou citar os três melhores jogadores de Montes Claros: Benê, Nilson Espoletão e Jomar Macedo. Esses três, sem dúvida, jogariam hoje em qualquer time do Brasil.


Nicomedes, ex-jogador do Cassimiro e Ipê, companheiro de Nilson Espoletão nas duas equipes, e professor, durante entrevista ao jornal O NORTE



· - O companheiro ideal pra mim dentro de campo foi Nilsão Espoletão


Benê, ex-jogador do Atlético, Cassimiro e seleção de Moc, durante entrevista ao jornal O NORTE

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