Grande parte dos testes positivos para doping no Brasil têm a mesma justificativa: a ingestão da tal substância proibida foi involuntária. Só neste ano, seis dos sete casos mais divulgados no Brasil tiveram essa defesa.
Outros casos também ficaram conhecidos no país, como o de Romário, em 2007, e o de Daiane dos Santos, em 2009. O Baixinho disse que o teste positivo no doping ocorreu por conta de uma substância que tinha em um remédio que ele tomava para evitar a calvície. Já a ginasta contou que o motivo para o caso dela fora um medicamento para emagrecer.
- O Brasil tem uma deficiência na formação de seus atletas muito patente, ela é palpável. Falta orientação aos atletas em todos os seus sentidos - disse Heraldo Panhoca, especialista em direito esportivo.
Os números mostram que o doping no Brasil parecem realmente ser por desconhecimento. No exterior, 70% dos testes positivos são por uso de anabólicos. No Brasil, 40% são por uso de estimulantes, 21% por diuréticos e apenas 27% por anabólicos.
- A razão é a falta de conhecimento dos nossos atletas. Eu diria até uma falta de educação específica para o doping dos atletas, que terminam consumindo estimulantes quando compram suplementos, terminam consumindo diurético quando fazem tratamento e não se cercam dos cuidados necessários para poder controlar isso - opinou Eduardo De Rose, médico da Agência Mundial Antidoping.
O problema é que alegar desconhecimento nem sempre livra alguém de uma punição.
- O resultado do exame não diz a intenção da pessoa, ele só fala tem ou não tem substância. Não há dizer se tomou de forma voluntária ou involuntária - declarou Maurício Yonamine, doutor em toxicologia - USP/SP.