Em crise, Cruzeiro pagava mais de meio milhão de reais a conselheiros que foram expulsos

Cruzeiro gastava R$ 500 mil por mês com conselheiros que eram funcionários

Guilherme Piu
@guilhermepiu
20/05/2020 às 01:19.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:33
 (Igor Sales/Cruzeiro)

(Igor Sales/Cruzeiro)

O departamento jurídico do Cruzeiro tenta fazer valer na Justiça uma decisão interna do clube: a expulsão de 30 integrantes do Conselho Deliberativo que receberam remuneração durante a gestão Wagner Pires de Sá, prática proibida pelo Estatuto do clube. 

Em recurso contra a decisão inicial que suspendeu essas expulsões, os advogados da Raposa revelaram gastos mensais com pagamentos a esses conselheiros. O valor ultrapassa meio milhão de reais mensais, caso todos tivessem trabalhado ao mesmo tempo. 

Segundo relação do próprio Cruzeiro, 28 conselheiros juntos custaram aos cofres do clube em um único mês o equivalente a R$ 508.848,32. Esse valor não é o exato do pagamento de todos os integrantes do Conselho que foram remunerados. É que nomes de dois integrantes não constam em recursos enviados pelo próprio clube à Justiça. 

Dos não citados um ainda não tentou por métodos judiciais anular a decisão de expulsão, já o outro, mesmo na lista dos expulsos, não consta na relação emitida pelo Cruzeiro. 

Os recursos dos advogados da Raposa para tentar anular a suspensão das expulsões foram enviados à 29ª Vara Cível de Belo Horizonte e à 13ª Câmara Cível da capital. 
 
REMUNERAÇÕES
Os pagamentos aos conselheiros eram feitos em condições diferentes, alguns receberam valores mais altos do que outros. A maior remuneração paga foi de R$ 125 mil e, a menor, R$ 2 mil.

Na lista de pagamentos os valores eram diversificados e com salários – quase todos – que não atingiam três dígitos, mas se destacavam pela quantia. Houve conselheiro que recebeu R$ 40 mil como remuneração mensal, R$ 20 mil, R$ 19 mil, R$ 14 mil, R$ 12 mil.

Como já havia revelado o site Uol em outubro de 2019, o conselheiro Gustavo Perrella recebeu R$ 190 mil por serviços de consultoria para “profissionalização da gestão financeira” no Cruzeiro. Esse valor foi pago em duas parcelas de R$ 95 mil e consta na soma apresentada pelo Hoje em Dia, apesar do filho do ex-presidente Zezé Perrella ainda aguardar decisão de sua ação na Justiça.

O montante mensal gasto pelo Cruzeiro tinha sido aventado pelo Globoesporte.com em abril. 
 
ESTATUTO
Segundo o Artigo 18 do Estatuto do Cruzeiro, a remuneração de conselheiros, seja ela em forma de pagamentos via pessoa jurídica ou CLT, é uma infração às regras do Clube.

O artigo diz o seguinte: “Perderá o mandato o associado Conselheiro Nato, Conselheiro ou Suplente de Conselheiro que: § 3º O Associado Conselheiro Nato e Associado Conselheiro, contratado como empregado do Clube, perde o mandato e o suplente de Conselheiro será excluído do quadro de suplência”.

O artigo 19 reforça essa condição: “É vedada a remuneração dos membros da Mesa Diretora do Conselho Deliberativo e de Conselheiro do Cruzeiro Esporte Clube”.

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