
O ‘não desminto, nem confirmo’, com a voz rouca, fará falta. Ontem, o futebol mineiro se vestiu de luto para prestar homenagens ao falecimento de uma figura histórica. Morreu, vítima de um câncer no estômago, Eduardo Maluf. O profissional que sonhou em ser goleiro, largou as luvas, virou empresário e mudou a trajetória dos dois maiores clubes do Estado na figura de diretor de futebol.
Aos 61 anos, Maluf lutava contra o câncer. No Atlético desde 2010, fez parte da reconstrução do clube na gestão do presidente Alexandre Kalil. Profundo conhecedor dos bastidores da bola, um dia se orgulhou a este repórter, durante uma bronca, que havia participado de negociações de jogadores que envolvia milhões e milhões de reais. E não era exagero.
Do Valério, em Itabira, trocou o limitado talento debaixo das traves pela ilimitada capacidade de gerir negociações e, mais do que isso, pessoas. No vestiário, ele dominava o ambiente. Não à toa sempre foi cobiçado pelos maiores clubes do Brasil e chegou a ser o diretor de futebol mais bem remunerado do país.
Nas peladas de fim de ano na Cidade do Galo, quando a comissão técnica reunia um time para enfrentar uma equipe formada pelos setoristas do clube, os novatos da brincadeira não imaginavam que aquele senhor de cabelos brancos, com estatura mediana, que começou a carreira como goleiro, sabia dominar a bola como ninguém. A lentidão da idade compensava pela inteligência no passe, em dar velocidade na bola.
História
Mas foi fora de campo que ele brilhou. Com mais de dez anos no cargo de diretor de futebol do Cruzeiro, participante da Tríplice Coroa, foi demitido em 2010 para ficar poucos dias fora do mercado. Queria seguir em Belo Horizonte e aceitou o convite de Alexandre Kalil. Uma parceria que iria mudar a trajetória do Galo, com os títulos da Libertadores (2013) e Copa do Brasil (2014).
Eduardo Maluf Martins, o “Turco”, nascido em João Monlevade-MG, começou na vida extra-campo do futebol como supervisor do Valério. Era dono da Pousada dos Pinheiros, hotel em Itabira. Conseguiu a cadeira de presidente do clube. E foi conquistando espaço nos bastidores do futebol mineiro. Chamou a atenção do Cruzeiro em reuniões na FMF e foi para a Toca em 1998.
Teve a primeira passagem pelo Atlético em 2000, na gestão de Nélio Brant, mas logo depois voltou à Raposa.
Foi essencial para a retomada do caminho das glórias no Atlético. Protagonista, mesmo atrás das cortinas, do maior momento da história do clube. E tudo isso graças a um drible do destino, já que ele quase assumiu o posto de direção de seleções da CBF poucos meses depois de voltar ao Galo.
Maluf faleceu em Belo Horizonte deixando quatro filhos e esposa. Uma notícia que todos gostariam de “não confirmar” e “desmentir” veementemente.
