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Sábado,22 de Novembro

Bené, o mago do futebol montes-clarense

Jornal O Norte
Publicado em 12/01/2007 às 12:51.Atualizado em 15/11/2021 às 07:55.

Heberth Halley


Repórter



O destaque de hoje da Galeria dos atletas é, nada mais, nada menos que o mago, o genial, o exuberante, Benedito Ferreira do Nascimento, o craque Bené, 62 anos. Para muitos que o viram jogar foi o melhor jogador de Montes Claros de todos os tempos.





Natural de Manga, Bené veio cedo morar em Montes Claros. Ele conta que já aos sete anos ficava brincando de bola - brinquedo preferido. O ex-jogador lembra que aos 13 anos, sempre jogava bola perto do Colégio Marista São José e que o irmão Leonardo era seu fã.



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 Bené, Buião e Buglê, “Os três bebês” recém contratados do Atlético



 



- Certa vez o Santos veio jogar em Moc e o time ficou hospedado no Colégio São José. O time do colégio iria jogar contra uma equipe de fora da cidade e me irmão Leonardo me chamou para eu jogar para o São José, pois queria que os diretores do Santos me vissem jogar. Goleamos, e fiz três gols. Os diretores gostaram e foram lá em casa me chamar para jogar no time infanto-juvenil. Mas meu pai, Gentil, não deixou. Queria que eu fosse padre – recorda.





Naquela época Bené fazia parte da cruzadinha - aqueles meninos que ficavam ajudando os padres durante a missa e lembra que em 1958, entrou para o seminário. Ficou lá até 1961.





- Sai porque senti que não tinha vocação para ser padre – diz.





 Nessa época, seu irmão Marcelino Paz do Nascimento já era jogador de futebol profissional, e já estava jogando no Atlético Mineiro.





Quando saiu do seminário Bené foi para o Cassimiro. O presidente da época, José Maria Melo, tinha um armazém e colocou Bené para trabalhar com ele.





Bené começa a mostrar seu futebol, é bi-campeão amador pelo Cassimiro, ainda com idade juvenil, pois naquela época não tinha a categoria júnior.





Com as boas apresentações é chamado para assinar contrato com o Cruzeiro. Como seu irmão já jogava no galo, o então presidente do time alvinegro ficou sabendo e pediu que o irmão Marcelino não deixasse ele ir para o rival Cruzeiro e, inclusive, fez um adiantamento ao pai Gentil para que o jogador fosse para o Atlético.





A notícia teve uma repercussão muito grande, tanto que saiu nos principais jornais da época:





- O medo de perder o meia-armador Bené, que não apareceu ontem no Atlético, para fazer individual, obrigou o beque Marcelino a ajudar o presidente José Ramos Filho, que ficou assustado c a ausência do jogador e lhe pediu para telegrafar a Montes Claros, perguntando a seu pai o motivo da ausência, pois lhe deu um adiantamento de CR$ 50 mil e o esperava para assinar contrato - Estado de Minas, 14/02/1963.





Bené faz um contrato de três anos com o galo. Junto com ele assinam também Buião e Buglê. A crônica esportiva fazendo uma referência à idade e às iniciais dos três jogadores, os apelidam de “Os três bebês”.





O exuberante jogador Bené tem a honra de jogar junto com o irmão durante três anos no Atlético e se sagram bicampeões mineiros em 1963.





Em maio de 1965 o contrato com o galo acaba e, por ser menor de idade, seu pai tinha que assinar e não autoriza outro contrato com o time alvinegro. O então treinador do Cassimiro, João Melo, diz a seu Gentil que o Mais Querido iria disputar o Campeonato Mineiro e que eles iriam arrumar um emprego para Bené no banco da Bahia, e, com isso, ele teria dois salários.





Promessa feita e cumprida pelos diretores do Cassimiro. Bené volta a vestir a camisa do Mais Querido e é tetra-campeão amador e campeão Norte mineiro. Em 67 e 68 disputa o campeonato mineiro divisão de acesso. O time chega perto. Em 69, o time consegue o título e a vaga para a primeira divisão. Ele conta o memorável jogo da classificação contra o Olimpic de Barbacena.





- Precisávamos vencer para subir para a primeira divisão e goleamos por 5 a 1. Acredite, fiz os cinco gols do jogo. O radialista Gélson Dias, que me apelidou por Bené – o craque classe A, quase morre de tanto gritar de alegria – diz.





Em 70, o Cassimiro disputa o campeonato mineiro. Ele lembra também a estréia da equipe contra o Vila Nova de Nova Lima.





- Empatamos em 3 a 3 e marquei os três gols – salienta.





Em 71, o time volta a disputar novamente o mineiro. Em 72, o mago do futebol montes-clarense, faz sua última partida pelo Cassimiro num amistoso contra o Cruzeiro e encerra a carreira de jogador profissional para trabalhar no Bradesco, que havia comprado o Banco da Bahia.





- Fui promovido como contador e trabalhava o dia todo, ficava difícil para treinar. Aí, resolvi parar e preferi trabalhar no banco – conta.





Bené salienta, ainda, que em 79 foi transferido para trabalhar em Brasília de Minas, chegou a jogar pelo Juventus e se sagrou campeão em 81, parando definitivamente de jogar.





Hoje é aposentado. 



 



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Jomar Macedo quando jogava no Democrata de Sete Lagoas e Bené no Cassimiro



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PERFIL





Partida Inesquecível: 





São várias. Vou citar cinco que me marcaram: A primeira, a estréia do Cassimiro no campeonato mineiro contra Vila Nova, 3 a 3, onde fiz dois gols; a segunda,  o primeiro jogo que fiz com a camisa do Atlético contra o Formiga, onde vencemos por 2 a 0 e marquei os dois gols; a terceira, na final de um quadrangular em Uberaba, no empate contra o Uberaba em 1 a 1, onde fiz um dos gols mais bonitos da minha carreira; a quarta, a decisão da vaga para o primeira divisão, Cassimiro 5 a 1 Olimpic de Barbacena, onde marquei cinco gols; e a quinta, o jogo da semifinal da Taça Brasil em 64, Atlético e Santos, onde perdemos por 4 a 1. Naquele jogo estava o maior jogador de todos os tempos, Pelé.



Gol mais bonito:


Na inauguração do refletor do estádio José Maria Melo, Cassimiro 1 x 1 Atlético. Recebi a bola, driblei Ciconegue, dei um chapéu em Vantuir, e antes da bola quicar no chão cobri o goleiro Hélio. Muitos se lembram desse gol. O segundo foi Atlético e Uberaba, recebi a bola de Buglê, dei um chapéu em Canindé e peguei sem pulo.



Título mais importante:


O bicampeonato mineiro pelo Atlético em 63, e a divisão de acesso pelo Cassimiro, em 69.



Título que queria ter ganhado: A Taça Brasil



Maior alegria no futebol: Ter jogado no Atlético, onde fiz grandes amizades.



Maior tristeza no futebol: Uma partida contra o Democrata de Sete Lagoas, em 1968. O Cassimiro precisava do empate para subir para a primeira divisão e perdemos por 1 a 0.



Melhor amigo: Marcelino, Buião, Buglê e Villadonica.



Melhor treinador: Profissional, foi Martin Francisco e, no amador, João Melo, que era um pai pra gente.



Melhor goleiro: Osias



Melhor jogador: Jomar Macedo



Companheiro ideal: Nilson Espoletão



Adversário mais difícil de driblar: Nicomedes.



Monte uma seleção de todos os tempos: Vou dizer da minha época, com quem joguei: Osias, Gontijo, Marcelino, Nicomedes, Nogueira, Nilson Espoletão, Fiapo, Jomar Macedo, Chiquito, Nona e Ninha. Treinador: João Melo..



(Veja estas e outras fotos na edição impressa de O Norte de Minas)

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