Atletas enfrentam momentos complicados após o fim da carreira

Jornal O Norte
10/08/2011 às 18:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:02

Depois de 30 ou 35 anos de trabalho, muita gente conta os dias para se aposentar e comemora o fim da vida profissional como o início de uma temporada de merecido descanso. Para quem vive do esporte, no entanto, a hora de parar é, em vários casos, motivo de angústia e desânimo.

- No Brasil, o atleta que para passa a não servir mais para nada e fica renegado - critica o superintendente do Fundo de Apoio ao Atleta Profissional (Faap), Márcio de Almeida.

É aí que entra o dilema: o que fazer depois do esporte para sobreviver? Nos casos em que os aposentados são estrelas que acumularam fortunas em suas carreiras, o drama não existe. O problema é que os milionários das quadras, gramados, piscinas e afins são a exceção.

Em média, um esportista se aposenta com idade entre 30 e 35 anos, época em que qualquer pessoa não atleta está em alta no mercado de trabalho. Como a legislação é igual para todo mundo, os aposentados do esporte enfrentam um sério agravante: não recebem benefícios da Previdência Social, já que não conseguem completar o mínimo de contribuição. O caminho, então, é ter que aprender um outro ofício.

As dificuldades vão além. A falta de preparo psicológico para encarar o fim da carreira e o fato de a maioria não possuir diploma universitário fazem com que alguns se sintam ainda mais perdidos.

- O apoio da família é fundamental nesse momento. Os atletas, principalmente os de modalidades individuais, sofrem muito na hora de parar porque não querem deixar o que gostam e não sabem do que vão viver - destaca Toni Pignatti, professor aposentado e ex-treinador de vôlei da Fundação Educacional, que atualmente se dedica à formação de uma consultoria esportiva para ajudar atletas a planejarem suas vidas.

O ex-jogador de basquete Carioquinha, com longa passagem pela Seleção Brasileira, é um exemplo de quem evitou ao máximo refletir sobre o fim da estrada.

- Eu vivo o presente. Não ficava pensando nisso - conta. Resultado: não planejou o que faria quando a vida de atleta terminasse. A sorte foi que a carreira bem-sucedida nas quadras lhe rendeu boas oportunidades. Treinou a equipe de basquete do Universo por um tempo e, hoje, aos 60 anos, é sócio da escolinha de futebol do Flamengo:

- Não sinto que me aposentei. Sinto que passei uma fase da vida e estou em outra. O esporte sempre estará na minha vida - diz, com segurança.




APOSENTADOS

» Müller, o gastador

Durante a carreira nos gramados, Müller, 45 anos, ganhou muito dinheiro. O problema foi que ele gastou tudo com farras e aventuras. Bicampeão do mundo com o São Paulo (1992 e 1993) e campeão da Copa de 1994, Müller hoje está longe de ter uma vida financeira sossegada. O ex-jogador diz que o futebol trouxe muita felicidade, mas alerta jovens jogadores, como Neymar, a segurar a carteira.




» Romário, o deputado

Romário passou de ídolo do futebol a alvo de perseguição da Justiça. Em 2009, foi preso por não pagar a pensão dos filhos e teve uma cobertura na Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de Janeiro, confiscada após acumular uma dívida de R$ 5,5 milhões. Hoje, é deputado federal pelo PSB.




» Meligeni, o saudoso

Semifinalista de Roland Garros em 1999, Fernando Meligeni foi um dos maiores tenistas brasileiros. Aposentado após o ouro no Pan de Santo Domingo-2003, ele não esconde a saudade do tempo de atleta. Na semana passada, escreveu em seu blog pessoal:

- Me bateu uma saudade gigante do circuito. Pensar que de um dia pro outro deixamos a coisa que mais gostamos de lado e nunca mais teremos as sensações maravilhosas de dentro de uma quadra.

 

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