Salatiel Wandayck Rodrigues Brito, de 11 anos, conquistou a medalha de ouro no XXVI Campeonato Estadual — Copa Minas Gerais de Jiu-Jitsu, realizado no último final de semana no Centro Poliesportivo Divino Braga, no Horto, em Betim, Minas Gerais.
Estudante do 6º ano da Escola Estadual Helena Prates, em Montes Claros, Salatiel competiu pela primeira vez na categoria que abrange atletas das faixas etárias Pré-Mirim a Juvenil, de quatro a 17 anos. O talento do jovem atleta se destacou entre os participantes, garantindo a ele o lugar mais alto no pódio e o reconhecimento como campeão estadual na sua categoria.
Além de Salatiel, outros 14 atletas que fazem parte do projeto independente coordenado pelo professor Warley Rodrigo também participaram do campeonato e foram medalhistas com destaque na competição.
A vida esportiva do jovem atleta começou no projeto social do professor de Jiu Jitsu Warley Rodrigo, que já acontece há dois anos em uma praça do bairro Monte Sião. O projeto, que hoje atende mais de 70 adultos e crianças, iniciou-se na pracinha do bairro sem nenhuma estrutura.
O campeão, de 11 anos, conta que teve medo em sua primeira participação em um campeonato. “Senti um pouco de medo quando meus amigos e atletas durante a nossa viagem falaram comigo que o meu adversário praticava academia. Fiquei bastante tenso e falei comigo mesmo que eu deveria pegar mais pesado, aplicar os golpes corretos e não fazer muita raspagem, e então fui para cima e honrei a minha vitória, levando também o nome da minha cidade para fora”, diz.
“Meu maior sonho neste momento é conquistar mais medalhas e, no futuro, me tornar mestre, para que eu possa ensinar outras pessoas não só a lutar, mas crescer em todos os sentidos na vida”, completa o campeão.
“Foi a maior alegria do mundo, não tem como explicar direito… a alegria, aquela emoção de ver meu filho participando, pela primeira vez, de um campeonato de jiu-jitsu fora da cidade, ganhar medalha de ouro, conquistando o primeiro lugar pela categoria dele. Foi algo surreal que nós vivemos, onde várias academias estavam ali pela busca de uma medalha… e ver ele ganhar foi sensacional”, explica o pai Robson Brito.
“O esporte é lazer, é saúde, e entrou na vida do meu filho e trouxe muita alegria para toda a família. É um projeto comunitário do bairro. O jiu-jitsu também trouxe disciplina ao meu filho, onde ele está tendo um excelente aproveitamento nos estudos, e é muita felicidade ver que o esporte mudou a vida do meu filho para melhor. O esporte entrou num momento exato, onde não dá para comparar o meu filho de antes do esporte com o depois do esporte, onde ele melhorou em todos os aspectos.” completa o pai do atleta.
“É ótimo perceber que estamos evoluindo onde estivemos no maior evento de Minas Gerais e todos os nossos atletas se destacaram lá. Salatiel foi uma grande promessa. Quando começou a treinar, eu já percebi que ele terá um bom futuro no esporte. É o primeiro evento dele, sua primeira luta. A nossa instrução foi dizer para ele ir com calma e fazer tudo que ele faz no dia a dia dos treinos”, explica o professor de Jiu Jitsu Warley Rodrigo.
“O esporte atualmente é fundamental na vida de qualquer pessoa. No mundo em que nos encontramos, é importante saber alguma autodefesa. Muitos adolescentes só estão esperando a oportunidade para fazer coisas erradas, mas vejo no esporte uma saída que ensina o que pode ou não fazer com muita disciplina. Imagino que em todas as escolas deveriam possuir alguma modalidade de esporte, a não ser o futsal e o handebol”, diz Warley.
FALTA DE APOIO
A família do jovem atleta relata que ele contou exclusivamente com o apoio financeiro da iniciativa privada para cobrir seus custos pessoais, sem receber nenhum subsídio público. O professor conta que percebe uma falta de apoio muito grande ao esporte. De acordo com ele, poucas pessoas e empresas ajudam. “Os meninos do projeto são criativos e empenhados. Eles fazem feijoada, vendem rifas para pagar as inscrições, o transporte e o pai ajuda com outra parte do valor. Nas viagens, a minha esposa e as mães dos meninos preparam alguns lanches, mas ainda não temos todo o apoio de que precisamos. Sei também que há outros projetos na cidade que não possuem nenhum apoio, como o meu”.