Heberth Halley


Repórter


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De férias em Montes Claros, sua terra natal, o ciclista Nilton José das Virgens, 29 anos, mais conhecido como Niltinho, que hoje integra a equipe Sales Supermecados/BH,Belo Tur, a terceira melhor equipe de ciclismo do Brasil, concedeu entrevista para O Norte, na tarde de quarta-feira, e falou do início de sua carreira até os dias de hoje, e de sua grande paixão pelo ciclismo.

A equipe Sales/BH/Belo Tur considerada a terceira melhor do país. Afrânio Pacheco, Fabiele Mota, Márcio Pinto, Vanderley Melchior, Niltinho e Fabiano Mota

Niltinho, conta que em 1994, quando ainda morava na roça, próximo do clube do DER, via um senhor de cabelos grisalhos passar de bicicleta todos os dias por volta das cinco horas da tarde.

- Eu ficava olhando aquele moço correr todos os dias, aí um dia falei: Quero ser igual a esse moço, quero andar de bicicleta – conta Niltinho, e revela que aquele tal moço é nada mais, nada menos o desportista Juan Farina, que ele cita como um dos principais incentivadores para seu sucesso no ciclismo.

No mesmo ano compra uma bicicleta e começa a treinar e competir. Conhece Juan Farina que ensina os primeiros passos para competir e como fazer um treinamento específico para competição.

Os treinos já faziam parte da vida cotidiana de Niltinho. As vitórias eram questão de tempo. Em 1997, chega correndo pro Montes Claros, é campeão mineiro de montanha, meio-fundo e contra-relógio, e termina em segundo no mineiro de resistência. A partir daí, Niltinho começa a despontar para o cenário do ciclismo do Brasil.  No mesmo ano, com o excelente desempenho, recebe o convite para correr para a equipe da Pirelli de São Caetano, interior de São Paulo. O sonho de alçar novos vôos pelo ciclismo começa a crescer  cada vez mais. 

Fica na equipe paulista em 98 e 99, nesse tempo tem um ótimo desempenho. Conquista o bicampeonato paulista, é campeão do circuito criterium, vence a prova de Salvador, fica em oitavo no brasileiro, vence uma das etapas do torneio de verão em Santos, é convocado para a seleção brasileira e disputa a Rutas de América, uma das principais provas da américa latina, que tem a presença de ciclistas do Brasil, Argentina, Chile, entre outros países, e termina em quinto por equipe.

No fim de 99, pega uma infecção, fica um tempo sem correr, sai da equipe Pirelli e vai para BH. Em 2000, conhece o ex-presidente da FMC – Federação mineira de ciclismo, Mauro Lúcio.

- Ele foi um paizão pra mim, assim como foi Juan Farina. Lá ele me deu alojamento e me chamou para trabalhar na Ceitel e ao mesmo tempo para competir – lembra o ciclista que também tinha o apoio do Cruzeiro Esporte Clube.

Em 2001, prova que ainda tem muito a dar para o ciclismo, é campeão mineiro das quatro modalidades: montanha, meio-fundo, contra-relógio e resistência. Vence a copa Promosom em Varginha, entre outros títulos.

Em 2002, tem mais conquistas, é decampeão mineiro, pela equipe Ceitel/Cruzeiro. Em 2003, volta para a seleção brasileira. Já fazia parte dos oito ciclistas que iram para os Jogos Pan-americanos de Santo Domingo. Disputa a prova Líder no Chile. Mas como no esporte tem altos e baixos, acontece mais um fato negativo em sua vida, sofre um acidente durante treinamento em Curitiba e rompe os ligados. O sonho de ir aos jogos pan-americanos não é possível. Com o acidente fica três anos sem competir. Mas nesse período casa com Sueli, tem duas filhas, Vitória e Isabelle e volta às atenções para outros projetos. Mas sua vida como ciclista não havia acabado. No início deste ano, o diretor Marcelo Dona Bella, da equipe Sales Supermercados, de Barbacena, estava montando uma equipe e o chama para voltar a correr.

- Ele me chamou e me fez uma boa proposta. Acreditou em mim e aceitei – diz Niltinho.

Na equipe Sales, hoje considerada a terceira melhor do país, perdendo para Scott de São José dos Campos e Memória Santos, da cidade de Santos, ele competiu algumas vezes. Mas devido a problemas particulares, não compete em todas as provas do ano. Um transplante de medula  de sua irmã que não obteve sucesso.

- Foi um ano muito conturbado em minha vida. Com os problemas de minha irmã não consegui competir em todas as provas, mas a equipe e os diretores entenderam a situação que eu estava passando e, queria agradecer muito a eles que me apoiaram nesse momento difícil – diz Niltinho, que dentre das poucas provas que competiu no ano, uma delas foi o GP de Montes Claros, GP Da Penha no Rio de Janeiro, Volta de Goiás, Volta de São Paulo, Tour em Santa Catarina, e a última foi a prova da República que terminou em terceiro por equipe.

O atleta afirmou ter renovado contrato por mais um ano com a equipe Sales/BH/Belo Tur para a temporada de 2008 e  vai dedicar todas as vitórias para sua irmã. Ele ressalta que nesse tempo de férias em Moc, vai aproveitar para treinar bastante para a copa América no dia 6 de janeiro no Rio de Janeiro, com transmissão da TV Globo.

Niltinho diz que a vida de  ciclista compensa.

- O ciclismo foi tudo para mim. Hoje o que tenho foi através do ciclismo. Consegui muita coisa e sou muito grato a isso – finaliza.