REALIDADE VIRTUAL – Pesquisa que mostra como a tecnologia ajuda na independência e autonomia dos idosos é coordenada pela doutoranda Joana Andrade Ramalho Pinto (Maurício vieira/hoje em dia)
Pessoas de 60 a 80 anos podem ter mais qualidade de vida por meio do metaverso, uma evolução da internet atual. Pesquisa da UFMG mostra que a independência e a autonomia dos idosos aumentam com a ajuda dessa realidade virtual.
A tecnologia é capaz de aprimorar funções como atenção e memória ao imitar ações do cotidiano. As atividades cerebral e motora são estimuladas para o público com mais dificuldade nas tarefas do dia a dia, seja pela idade ou condição de saúde.
“Nesses ambientes, é possível mudar as estruturas corticais do sistema nervoso central, alterando as habilidades e funções que foram consolidadas ao longo da vida e, assim, reorganizá-las em resposta a novas experiências, aprendizado, treinamento ou mesmo alguma lesão”, explica a doutoranda e responsável pelo projeto Joana Andrade Ramalho Pinto.
A primeira fase dos testes foi finalizada no fim de janeiro, e contou com 22 voluntários. Foram feitas avaliações de desempenho dos participantes em várias atividades virtuais. “Essas medidas do cérebro avaliam o esforço cognitivo deles ao executar a tarefa, e consideram os recursos utilizados de atenção na busca no ambiente, isso é, o engajamento e a memória de trabalho envolvidas durante a realização”, diz Joana.
O participante da pesquisa e coordenador do Núcleo de Neurociências do Movimento da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EFFTO) da UFMG, Guilherme Menezes Lage, trabalha com estudo de comportamento motor e investiga se o treinamento por meio da realidade imersiva poderá melhorar não só a parte cognitiva, mas também a motora.
“Queremos proporcionar uma forma de treinar e melhorar as funções cerebrais, o que desencadearia melhora na função motora e, como consequência, um impacto na vida dos idosos. Caso os resultados da pesquisa sejam favoráveis, há um forte potencial para a aplicação deste treinamento de forma mais ampla”, disse.
IMPACTO SOCIAL
Para o co-orientador da pesquisa, professor Erickson Rangel do Nascimento, do Departamento de Ciência da Computação (DCC), o projeto tem um impacto social gigantesco. Há benefícios, por exemplo, para indivíduos sem condição de executar exercícios físicos pela perda muscular e para aqueles que não podem se deslocar para as atividades de reabilitação.
Segundo ele, o atendimento pode ser realizado em casa, o que democratiza o acesso a terapias em alguns casos. “Não precisará que um fisioterapeuta ou um médico realizem presencialmente o atendimento na clínica. Haverá acesso àqueles que não têm condições financeiras e, também, aos que têm restrições físicas”, acrescenta.
A próxima etapa do estudo está prevista para terminar em dezembro de 2022, e será aplicado um treinamento com mais 60 idosos.
*Especial para o HD