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Quinta-Feira,28 de Novembro

Tambores invadem as ruas de Montes Claros: ao som dos tambores a cidade entra no clima inspirador das Festas de Agosto

Jornal O Norte
18/08/2006 às 11:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:41

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Os tambores invadiram a Praça da Matriz na noite de quarta-feira, durante a programação de abertura das Festas de Agosto.







Pelas ruas os ternos de congado desfilavam com suas roupas com fitas coloridas, e dança ritmada ao som dos violões, pandeiros e tambores.




Pelas ruas os ternos de congado que desfilavam com suas roupas com fitas coloridas e dança ritmada ao som de pandeiros e tambores (fotos: Wilson Medeiros)

No meio da praça, um palco montado para apresentação do Terno de Congado de Raposo. Os maranhenses deram um show de performance e musicalidade, com muita percussão e ginga de capoeira.



Em seguida, acompanhado por talentosas percussionistas e cantoras, o cantor e compositor Maurício Tizumba apresentou um repertório com ritmos afro-mineiros e releituras surpreendentes da cultura popular brasileira, misturando os ritmos que vieram da África, as melodias e a religiosidade, com a poesia e harmonia mineiras.

Em seguida, o grupo Tambolelê, explorando um universo percussivo e utilizando instrumentos inusitados confeccionados por Santonne Lobato, um de seus integrantes, apresentou um show bem humorado e envolvente, contagiando a platéia.

Nos arredores da praça decoração temática bem cuidada, barracas com bebidas e comidas apetitosas, e bares lotados.

A festa terminou de madrugada, com a promessa de retomar logo pela manhã, com o cortejo de Nossa Senhora do Rosário.







MAURÍCIO TIZUMBA


Ele é um showman. Performático e caricato, lembra o bom e velho James Brown, adicionada uma boa dose de Macunaíma e Grande Othelo.

Com um carisma surpreendente e senso de humor aguçado ele canta, toca, atua, e desafia a platéia, que, não resistindo às provocações, canta, dança e sapateia.



Com carisma surpreendente e senso de humor aguçado Maurício Tizumba e desafia a platéia, que, não resistindo às provocações, canta, dança e sapateia


(foto: divulgação)

A influência do axé da Bahia na cultura de entretenimento do povo norte mineiro deixa o cantor estável, teme não envolver o público.

- Vambora gente, levanta a mão. Faz de conta que é música baiana, que é axé – diz o cantor instigando a platéia, para logo em seguida, descobrir que, pelo menos nas Festas de Agosto, o público quer mesmo é reverenciar as tradições populares e o canto de seus ancestrais.

O batuque dos tambores das meninas do Tizumba contagia e seu senso de humor transforma a música em espetáculo. O resultado é uma interação plena entre platéia e palco, uma sinergia total.

O show apresentado por Tizumba faz parte do projeto Tim Tambores, idealizado pelo cantor e pelo grupo Tambolelê com objetivo de fortalecer a música percussiva feita em Minas Gerais, de modo a posicioná-la como música popular brasileira, criando um novo espaço de criatividade, aprendizagem e cidadania.

Maurício Tizumba começou sua carreira há trinta e três anos, sempre se dedicando em manter viva a cultura negra, especialmente as tradições de origem africana em Minas Gerais, através do seu trabalho com a música, dança, TV, teatro e cinema. Como um apoiador da influência afro nas artes, ele tem trabalhado para manter sua herança africana, influenciado por familiares que lutaram para manter viva na cultura brasileira algumas das celebrações africanas tradicionais.

TAMBOLELÊ

A música quente do grupo contagiou o público instantaneamente. O som que vinha de instrumentos convencionais e outros nem tanto, evidenciou a riqueza rítmica da cultura mineira e a influência das origens africanas, mexendo com o imaginário e a sensibilidade do público.

Criado em 1995 durante o Festival de Arte Negra, o Tambolelê é um grupo essencialmente percussivo e é hoje considerado como um dos mais importantes do país.

Formado por Santonne Lobato, Sérgio Pererê e Geovane Sassá, o grupo tem como proposta registrar as relevâncias dos ritmos afro-mineiros, explorando novas tendências no universo percussivo, utilizando instrumentos convencionais e não convencionais, mesclando em suas oficinas e shows as mais variadas expressões artísticas com uma pequena dose de humor. Essa mistura de sons produz um belíssimo resultado.

QUINTA-FEIRA

Na noite de ontem, quinta-feira, os shows ficaram por conta de Itiberê Orquestra Família, do Rio de Janeiro; Iracema Reis; Fabiana Lima e Bruno Andrade; Léo Lopes e Carlos Soyer; Batuque Gorutubano da comunidade quilombola Picada, da cidade de Janaúba; Trança-fitas de Itacarambi; Batuque dos Crioulos de Brejo dos Crioulos, de São João da Ponte e Reis de Caixa de Bonito de Minas.

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