Quando se ama uma grande vocação: músico por hereditariedade, montes-clarense corre o mundo exercitando a paixão de sua vida

Jornal O Norte
20/02/2006 às 10:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:29

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Ele nasceu em berço musical. Neto, filho e irmão de músicos, começou a tocar violão bem cedo. O canto veio no embalo. Seja nos palcos, estudando música, ou ministrando aulas de violão, Igor Coimbra vive em função da arte que escolheu como leme para sua vida.

- Minha carreira começou em casa mesmo, ouvindo minha mãe e meus irmãos cantar. A partir dessa influência comecei a estudar violão. Na época, tinha pouco mais de 15 anos.  Estudava violão clássico no Conservatório Lorenzo Fernandez e, até então, só tocava nas reuniões de família e rodas de amigos. Um belo dia, minha irmã (Mônica Coimbra) precisou de alguém para acompanhá-la em um show. Meio de surpresa e um tanto tímido, participei uma primeira vez e, depois disso, passei a acompanhá-la em todos os shows – relembra o músico.

Ele diz que a experiência da irmã lhe deu segurança para se sentir à vontade no palco e perceber que também poderia seguir esse caminho.

ESTILO

Com um estilo que passeia pela MPB, pop e um grande interesse pela música de seus conterrâneos, esse montes-clarense de 26 anos rapidamente se firmou na profissão.

- Meu estilo foi se definindo naturalmente, influenciado pelas músicas do repertório que tocava na noite, aliadas ao gosto que já vinha amadurecendo em casa desde a infância. Essa coisa de tocar na noite e estudar violão clássico, participar de corais, tudo isso mesclado, acabou sendo sintetizado em um estilo, que também não acredito que esteja completamente definido – explica.

24 HORAS POR DIA

Dono de um timbre vocal suave, mas marcante, com um jeito meigo, gentil e até vaidoso, típico dos leoninos, Igor aprendeu cedo a conviver com as vicissitudes da profissão, não se deixando envolver pelo glamour que esta aparenta.

- Tocar em barzinhos me fez entender que é preciso sair da mesmice, buscar um diferencial, para não faltar trabalho, já que o espaço é bastante concorrido. Para viver de música é  preciso ser aplicado, não considerar a música como um ponto final, mas um caminho com início, meio e fim. Eu vivo de música 24 horas por dias. Estudei violão clássico, fiz faculdade na área de música, fiz pós-graduação na mesma área, dou aula no conservatório, faço shows, componho, gravo, enfim. Vivo de música 24 horas e vivo muito bem. Não sou milionário, mas sou tranqüilo. O que conta é o profissionalismo e tento ser em tudo o que faço – diz.

FALTA ESTRUTURA

Apesar de nunca ter trabalhado em outra profissão, Igor diz que o espaço para o artista montes-clarense é bem restrito.

- Essa questão de cidade da arte e da cultura rotula a cidade como se houvesse uma grande estrutura voltada para o artista, o que na verdade não há. Eu digo estrutura em todos os sentidos; um teatro legal, um apoio legal, uma associação forte dos artistas. Montes Claros é, na verdade, a cidade do artista e, por isso, a cultura é muito forte, mas tem muita gente querendo se favorecer com o trabalho dos músicos; em Montes Claros ainda acontece muito isso – lamenta.

PROJETOS

Em 2002, Igor gravou o primeiro CD, segundo ele, meio a contragosto.

- Havia uma onda de músicas de barzinhos pelo país e as pessoas me pediam para gravar também. Já tinha muitas composições e queria fazer um trabalho mais autoral, mas acabei gravando as músicas mais pedidas e com as quais me identificava e deu muito certo; vendi 4.000 mil cópias – explica o cantor, que agora, em seu segundo CD, diz que preferiu não repetir a experiência.

- Assim que lancei o primeiro CD, como já tinha muitas canções prontas, concentrei minhas energias na escolha do repertório para esse trabalho que estou finalizando. Já havia feito uma pré-gravação e, no mês passado, entrei em estúdio para fazer a gravação definitiva – diz o cantor.

Ele assina onze faixas do disco, grava uma de Charles Boavista (De trem pra Montes Claros), uma de João Chaves (Amo-te muito) e outra de Dalto e Cláudio Rabelo (Quase não dá para ser feliz).

DE MALAS PRONTAS

No próximo mês, Igor se muda para João Pessoa - Paraíba, onde deverá permanecer durante dois anos, para se formar mestre em Etnomusicologia, que é o estudo de uma etnia, onde vai estudar a música de Montes Claros, mais especificamente as modinhas, caracterizando seus compositores e a influência do estilo na cultura da cidade.

- É um gênero bonito, difícil de encontrar e Montes Claros tem muito e vale a pena ser pesquisado. Esse foi o tema de minha monografia na graduação e que quero aprofundar o assunto na tese de mestrado – explica.

Paralelamente ao mestrado, Igor diz que pretende continuar seus shows e quer aproveitar para conhecer melhor a cultura paraibana e, na medida do possível, apreender novos valores para somar ao seu estilo.

- Nas férias de fim de ano venho a Montes Claros para reencontrar os amigos e fazer o lançamento do CD – conclui.

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