Presidente da fundação Hemominas fala sobre HTLV

Jornal O Norte
Publicado em 14/06/2007 às 11:27.Atualizado em 15/11/2021 às 08:06.

Anna Bárbara de Freitas Carneiro Proietti recebe a imprensa para entrevista coletiva e faz palestra em Montes Claros nesta quinta-feira



Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net



Descoberto em 1980, o vírus linfotrópico para células T humanas – HTLV pertence à mesma família do HIV, anteriormente denominado HTLVIII.  Esta antiga denominação associada à semelhança dos modos de transmissão dos dois vírus tem gerado freqüentes confusões, por vezes dramáticas, para doadores, pacientes e até para médicos e outros profissionais da área da saúde que desconhecem o HTLV.



Para falar desse e de outros assuntos, a presidente da Fundação Hemominas de Belo Horizonte, Anna Bárbara de Freitas Carneiro Proietti chega a Montes Claros nesta quinta-feira, para uma palestra com o tema Marcadores sorológicos, estudo de corte do vírus HTLV e o estudo REDS: a experiência da Rede Hemominas.



A palestra acontece nesta quinta-feira às 19h, no campus Funorte JK. Às 17h a doutora recebe a imprensa para uma entrevista coletiva, também no campus Funorte JK.






Anna Bárbara Proietti faz palestra sobre HTLV


e as experiências da Rede Hemominas



Anna Bárbara Proietti é doutora em Virologia e PHD em Hematologia. Atualmente é presidente da Fundação Hemominas e participa de comissões do ministério de Saúde e Anvisa. Também coordena o grupo interdisciplinar de pesquisas em HTLV, orientando alunos de pós-graduação, e é pesquisadora do CNPq, com atuação em epidemiologia, hemoterapia, segurança transfusional e HTLV.



Segundo o coordenador de extensão da Soebras, Jaime Tolentino a palestra faz parte do protocolo de intenções de uma futura parceria a ser firmada entre Soebras e a Fundação Hemominas.



- O objetivo da Soebras é ampliar o campo de pesquisas na área de saúde e oferecer aos acadêmicos a oportunidade de aprendizagem com profissionais que atuam em todo Brasil e que possam compartilhar suas experiências com a realidade da saúde como um todo. Nosso objetivo é tornar as atividades de pesquisa e extensão mais efetiva de forma que possam contribuir com a qualidade de vida da comunidade da região – explica o professor.



Segundo Jaime Tolentino, essa parceria no campo de pesquisas já vem dando resultados com outras instituições, como a universidade portuguesa Utad, e a meta estender a instituições como Fapemig e Hemominas, para que seus resultados possam ser imediatamente aplicados pelos acadêmicos e professores em benefício da população.



Em recente publicação lançada da Fundação Hemominas, com o tema Hemoterapia – Fundamentos e Prática, pela editora Atheneu (São Paulo), Anna Bárbara e mais sete especialistas discutiram, entre outros temas, o aconselhamento de doadores de sangue inaptos.



Segundo a especialista, o doador inapto existe em todo banco de sangue e é preciso que o hemocentro saiba lidar com essa realidade.



- O doador é voluntário e vem de uma maneira espontânea doar sangue. Quando tem algum problema ele fica chateado, triste ao saber que o sangue não pode ser aproveitado, além de descobrir que tem alguma coisa que precisa ser investigada – ressalta Anna Bárbara.



Na palestra de hoje a presidente da Fundação também fala sobre o assunto e de como lidar com esses casos.



A palestra é aberta a toda comunidade e a participação é gratuita.



VÍRUS LINFOTRÓPICO PARA CÉLULAS T HUMANAS – HTLV



Apesar de ter sido descoberto antes do HIV, a utilização de testes na triagem sorológica de bancos de sangue para detecção do HTLV se tornou obrigatória apenas dez anos mais tarde. Em novembro de 1993, através de portaria 1376, o ministério da Saúde determinou a obrigatoriedade dos testes para todos os bancos de sangue do país, eliminando teoricamente o risco de transmissão do vírus pela transfusão de sangue e de hemoderivados.



O HTLV pode ser transmitido por meio do contato sexual, transfusão de sangue, da amamentação, ou pelo uso compartilhado de agulhas entre usuários de drogas intravenosas.



A transmissão sexual é mais freqüente do homem para a mulher do que da mulher para o homem. Estima-se que a eficiência de transmissão do homem para mulher num período de 10 anos é de 61%, enquanto que, no mesmo período, da mulher para o homem seja de apenas 0,3%.



A transmissão da mãe para filho (transmissão vertical) ocorre principalmente pela amamentação. Como algumas crianças que não foram amamentadas têm a infecção, acredita-se que possa também haver transmissão através da placenta, antes do nascimento, ou por contaminação no canal de parto, durante o nascimento. Estudos mostram que a freqüência de transmissão do vírus pela amamentação varia de 15% a 77% e o risco de transmissão é diretamente relacionado ao tempo de amamentação.



Os indivíduos com vida sexual promíscua, usuários de drogas intravenosas, pacientes politransfundidos (que tomaram múltiplas transfusões de sangue), portadores de doenças sexualmente transmissíveis, filhos de mulheres portadoras do vírus e imigrantes provenientes de áreas de alta endemicidade como, por exemplo, das ilhas do sudoeste do Japão apresentam maior risco de infecção.



A infecção pelo HTLV é mais freqüente nas ilhas do sudoeste do Japão, como Kyushiu e Okinawa, na Melanésia , em diversas ilhas do Caribe e em alguns países africanos.



No Brasil, sua freqüência varia em diferentes cidades. Em 1991, foi feita avaliação sobre a freqüência desta infecção entre doadores de sangue em algumas capitais brasileiras. A maior freqüência foi observada em Salvador, de 1,35%. Em S. Paulo foi de 0,4% e em Recife e Rio de Janeiro de 0,33%. Em Manaus e Florianópolis foi inferior a 1/1.000 (0,001%). (EMEDIX)

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