Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Este será um ano produtivo para os garotos da banda In Pacto. Depois de seis anos tocando em Montes Claros e região, eles se preparam para registrar pela primeira vez o pop-rock gospel da banda em CD.
Com composições próprias e muita determinação, a banda In Pacto
entra em estúdio para gravar o primeiro CD (Foto: divulgação)
O nome In Pacto veio primeiro como Impacto, mas depois de seis meses apareceu um outro grupo com mesmo nome. Foi então que resolveram mudar a grafia e o sentido, mas não a sonoridade do nome, que já era bem conhecido. O in vem do inglês e, traduzindo, In Pacto seria no pacto (com Deus).
Inspirado no som da banda Resgate, de quem foi cover no início da carreira, a banda In Pacto traz, em suas composições, uma identidade própria, mas com características marcantes do pop-rock da banda que, segundo o vocalista Marquinhos, será sempre uma referência no som e na performance.
Com composições do guitarrista e violonista Leandro Cardoso e do baterista e André Santos, a banda comemora a gravação do CD com o mesmo entusiasmo do início da carreira.
- É muito gratificante estarmos juntos por tanto tempo, sem nunca ter trocado um músico. Gravar o CD com a mesma turma que estava no primeiro ensaio é um presente para todos nós, porque é muito difícil manter uma banda. Cada um tem os seus compromissos e acaba tomando outros rumos, outros caminhos. E, com a gente, está sendo diferente. Temos uma sintonia muito grande e sempre que vamos finalizar uma música nova, fica fácil porque já conhecemos o estilo, a pegada de cada um; um já sabe o que o outro quer dizer sem precisar de muita explicação. O resultado é uma música bem com a nossa cara, com nossa identidade. Com a ajuda de Deus e o apoio dos amigos, estamos juntos, e, se depender de nós, continuaremos assim – comemora André, de 23 anos, que diz ter nascido em lar cristão e vivenciado a música desde pequeno.
Segundo ele, a opção pelo estilo gospel é, além da música em si, uma opção de vida, pois é uma forma de evangelizar através de uma linguagem que chega mais facilmente às pessoas.
SHOWS
O começo da carreira foi marcado pelas mesmas dificuldades que a maioria das bandas passam, sem importar a religião.
- Não tínhamos bons instrumentos, não tínhamos lugar para ensaiar, e foi preciso muito esforço e sacrifícios para comprar instrumentos e equipamentos. Hoje, graças a Deus, as coisas estão bem mais fáceis. As pessoas nos conhecem, nos convidam para tocar e isso nos incentiva, nos dá força para seguir em frente – relembra Leandro, 22 anos, que diz que sempre contaram com apoio dos amigos e da família.
Apresentando em igrejas evangélicas, em festas comunitárias e em espaços que chamam de meio circular – sem caráter religioso, como exposições, festas municipais, festas estudantis etc. – a banda fez seu primeiro show em frente à igreja católica do bairro Eldorado e, desde então, se tornou presença constante nos eventos ecumênicos e em comemorações e festas para jovens e adolescentes.
PROJETOS
Com repertório seguindo uma linha mais ligth do pop-rock, o vocalista Marquinhos, 30 anos, o baixista Francisco de Assis (Chiquinho), 40 anos, o tecladista Ivair Batista, 23 anos, o guitarrista Leandro, e o baterista André, dizem encontrar na música gospel uma oportunidade de realização profissional, uma vez que tocam o estilo que curtem e, ao mesmo tempo, cumprem a missão cristã de pregar a palavra de Deus.
- Procuramos pensar na música não como fonte de renda, mas como algo que gostamos de fazer. Pode ser que no futuro a gente trabalhe apenas com a banda, mas por enquanto a idéia é qualificar nosso som, aprender a tocar melhor, gravar o CD e, com o feedback, fazer uma análise e traçar novas metas. Com a direção de Deus, seguiremos nosso caminho, Ele nos guiará – avalia Leandro.
Para Marquinhos, abraçar a música como profissão é algo que não dá para planejar sem a ajuda e Deus.
- Depois de ter tentando viver em São Paulo e conhecer as dificuldades da grande cidade e do mundo, de modo geral, encontrei na banda In Pacto a estabilidade e tranqüilidade indispensáveis para cantar, principalmente música gospel, que requer a prática daquilo que se canta para transmitir confiabilidade. Mas é preciso pagar um preço, abrir mão de muitas coisas. É preciso ter tido realmente uma transformação de vida e estar pronto para assumir em qualquer instância aquilo que pregamos em nossas canções. Então, não dá para pensar em grana nessa hora. Mas também não dá para viver sem dinheiro. Por isso, temos que ter consciência de nossa escolha e estarmos dispostos a passar por dificuldades, se for preciso. Deus nos deu a oportunidade de cantar e se for plano d’Ele que vivamos para isso, estamos nos preparando para fazê-lo – argumenta.
Segundo André, o próprio nome da banda já traduz seu propósito, que é o de dar um testemunho de afirmação da escolha que fizeram, mantendo vivo o pacto com Deus.
NOVO MERCADO
Cada vez mais em ascensão, a música gospel vem dividindo o mercado, lado a lado, com a música popular. Hoje, é possível comprar CD de qualquer artista na mesma banca onde, há algum tempo, tudo era separado. Segundo André, é difícil tentar competir porque os discos, evangélicos ou não, são produzidos para disputar o mesmo mercado.
- Não dispomos de recursos financeiros para produzir um CD com o mesmo acabamento daqueles produzidos pelas gravadoras, com encarte de luxo, alta tecnologia e tudo mais, mas vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para atingir uma qualidade técnica do áudio. O objetivo é gravar nossa mensagem, respeitando as exigências do nosso público. O versículo-guia do grupo é II Coríntios 3, 5-6 que diz: não que sejamos capazes por nós mesmos de fazer alguma coisa, o Espírito Santo é que nos capacita. Por isso, temos esperança e não cruzamos os braços – conclui André.