O projeto Cinema Comentado apresenta neste sábado, na mostra Contracultura: o barato do Cinema, o filme O Barato de Grace (Saving Grace, 2000, Inglaterra), do inglês Nigel Cole.
Se há um momento em que os ingleses sabem fazer humor é quando eles debocham das próprias obsessões. É exatamente com essa receita que O Barato de Grace proporciona boas gargalhadas. O filme de Nigel Cole transforma a jardinagem, arte-esporte mais popular na Grã-Bretanha, em negócio ilícito. E não deixa de ser curioso como O Barato de Grace trata de um assunto espinhoso valendo-se da comédia.
O FILME
Grace é uma típica dona de casa cinqüentona dedicada a sua bela estufa de begônias e orquídeas. Ela entra em apuros quando seu marido morre e lhe deixa uma dívida de 300 mil libras. Prestes a perder tudo, Grace se livra de suas plantinhas e coloca a habilidade e tecnologia a serviço de uma cultura bem especial de Cannabis. A sociedade com seu ex-empregado, leva a boa senhora a situações hilárias – desde o teste do primeiro cigarro à beira-mar até a tentativa de fazer contato com traficantes no centro de Londres.
O Barato de Grace é uma comédia despretensiosa e leve, bem mais leve do que toda a fumaça do filme. Tem um lado burlesco que retrata bem a alma provinciana dos ingleses e cria uma corrente de bobice contagiante. E o entusiasmo dos atores leva o público a crer que a vilazinha de pescadores é mesmo o paraíso. Numa das cenas mais divertidas, duas senhoras solteironas tem uma surpresa agradável ao introduzir a desconhecida erva no habitual chá das cinco.
PRÊMIOS
Este foi o primeiro filme em que foram usadas plantas de maconha verdadeiras, sob autorização e guarda da Real Coroa Britânica. O papel de Grace, ficou a cargo de Brenda Blethyn, que já foi indicada duas vezes ao Oscar: em 1999 por Laura, a Voz de uma Estrela e, em 1997, por Segredos e Mentiras – filme que rendeu à atriz prêmios em Cannes e no Globo de Ouro. Destaque, também, para Craig Ferguson como a atrapalhado jardineiro (e cúmplice) de Grace.
É verdade que O Barato de Grace tem um final relativamente moralista, mas não desperdiça a chance de fechar a história com chave de ouro: uma queima alucinante de mais de 20 quilos de folhas transforma o quintal de Grace num jardim de Baco.
CINEMA COMENTADO
O projeto Cinema Comentado acontece todos os sábados, às 18h30m, na Sala Geraldo Freire , ao lado da Câmara Municipal. Ao final da exibição tem bate-papo sobre o filme coordenado pelo professor de Cinema e jornalista Elpídio Rocha. A entrada é de graça.