Jerúsia Arruda


Repórter


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Começa na próxima quarta-feira, 12, a II Mostra de Hip Hop e Cinema do Norte de Minas, com  atividades como oficinas de dança, shows e exibição de filmes, que acontecem em vários locais da cidade, promovida pelos rappers montes-clarenses Fábio Neves e MC Plugão.

Segundo o rapper Fábio Neves Nunes, 24 anos, do grupo Relato Fatal, a iniciativa é criar uma maior interação entre os grupos de hip hop e dança de rua, grafiteiros e Djs de Montes Claros e região.

O rapper Fábio Neves diz que o movimento hip hop tem sido a melhor alternativa de cultura, lazer e entretenimento para jovens e adolescentes da periferia (foto: Wilson Medeiros)

-  A mostra vai proporcionar aos grupos que já estão estruturados uma oportunidade de mostrar seu trabalho e compartilhar experiências, além de ser um momento para se conhecer um pouco mais sobre a cultura hip hop, explica Fábio que diz que o movimento tem sido a melhor alternativa de cultura, lazer e entretenimento para jovens e adolescentes da periferia.

HIP HOP

O movimento cultural  surgiu nas comunidades dos subúrbios negros e latinos de Nova York (Bronx, Harlen e Brooklyn) no final da década de 1960. Esses subúrbios enfrentaram todo tipo de conflitos sociais levando os jovens para rua, único lugar onde encontravam espaço para se manifestar, e geralmente entravam em um sistema de gangues, ficando à mercê de suas regras.

Habitados por migrantes vindos principalmente da Jamaica, os bairros  eram movimentados por festas de rua com equipamentos sonoros possantes chamados de Sound System e, em alguns lugares, com carros de som chamados de sound systems of a car (carros equipados com equipamentos de som). O Sound System foi levado para o Bronx em Nova Iorque pelo DJ Kool Herc, que aos 12 anos migrou com sua família para os Estados Unidos, iludidos pelo American way of life. Junto, Herc levou o Toast (modo de se cantar bem, parecido com o RAP, com levadas bem fraseadas e rimas bem feitas, muitas vezes  politizadas e outras, banais e sexuais).

Nesse contexto nasceram diferentes manifestações artísticas de rua na música, na dança, na poesia e na pintura. O DJ Afrika Bambaataa criou o termo hip-hop para descrever a cultura que começou a ganhar espaço e se difundiu por todo o mundo. O DJ Kool Herc é considerado como o criador do movimento, que tem como elementos o MC (rap), DJ, grafite e breakdance. Alguns ainda adicionam o ativismo político, a moda e a gíria como outros elementos importantes da cultura.

INTERCÂMBIO

Segundo Fábio Neves, participam da Mostra 30 grupos de dança da região, um de Belo Horizonte e um da Baixada Santista.

- Existem hoje em Montes Claros cerca de 45 grupos formados e com estilos bem definidos. Todos  participam de projetos sociais, fazendo um trabalho de conscientização para combate à violência e à criminalidade,  trazendo os jovens da periferia para participar de atividades no centro da cidade, promovendo a inserção social. Com a Mostra, queremos criar uma parceria entre os grupos da cidade e da região, fazendo um intercâmbio em todo o estado de Minas Gerais, de forma que os grupos possam encontrar apoio entre si, diz o rapper, que conseguiu junto à Câmara de vereadores de Montes Claros, instituir no calendário municipal o dia do Hip Hop – 20 de novembro, que coincide com o dia nacional da consciência negra.

OPORTUNIDADE PARA TODOS

Fábio diz que o próximo passo é criar uma associação para representar a classe.

- Estamos envolvidos no projeto há oito anos e queremos documentar a classe para que possamos buscar recursos, aumentado o alcance do movimento junto à comunidade. Estamos atuando em 40 bairros e queremos estender nossas atividades a toda a periferia da cidade e ainda dar suporte para grupos das cidades vizinhas. A intenção é que todos os jovens e adolescentes em condições sociais desfavoráveis possam participar das oficinas e palestras, tendo uma oportunidade de se expressar, explica Fábio.

EMPERRADOS PELA BUROCRACIA

Apesar do entusiasmo com a Mostra, Fábio diz que é difícil manter os grupos ativos dada a falta de espaço para apresentar os resultados das oficinas.

- Tudo o que fazemos é de forma gratuita e a intenção é levar para praças públicas a dança e a música de nossos grupos, mas a burocracia para se conseguir a liberação de uma praça é tão grande que às vezes desistimos e isso desestimula o jovem que já está desacreditado. Tudo o que queremos é um espaço público para que possamos culminar as atividades desenvolvidas nas oficinas e ensaios que geralmente acontecem nas casas dos líderes dos grupos ou em sedes de associações de bairro, que nem sempre estão disponíveis, lamenta o rapper.

MOSTRA

A II Mostra de Hip Hop e Cinema do Norte de Minas acontece de 12 a 16 de julho, com oficinas de grafite, DJ, dança de rua e rap, palestra e show com MC Marcinho, da Baixada Santista, grupo CDA, de Belo Horizonte e Relato Fatal e Aliados, de Montes Claros. Durante a Mostra, serão exibidos os video documentários Notícias de uma Guerra Particular e Wild Style e promovido um campeonato de dança de rua e batalha de break. Interessados podem se inscrever através do telefone (38) 9195-9487.  Toda a programação é gratuita.

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