Jerúsia Arruda
Repórter
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Bisneto de maestro francês e um nome que já soa musical, Carlos Soyer nasceu para cantar. Músico desde a mais tenra idade, sua fonte inspiradora foi o clube da esquina, paixão que alimenta sua arte ainda hoje.
- Os primeiros acordes aprendi sozinho. Um cunhado deixou o violão em minha casa e eu ficava horas tentando tocar. Vi que levava jeito, que gostava e comecei a estudar. Sempre tive admiração pela música mineira. Na verdade era apaixonado. Ela me passa uma emoção, uma coisa boa. Logo me identifiquei demais com o estilo e queria aprender a tocar - relembra.
Aos treze anos, como autodidata, começou a formar os primeiros acordes e, aos quinze, com amigos do bairro e colegas de futebol, que também eram amantes da música mineira, Carlos Soyer montou sua primeira banda – Cores. A partir de então, nunca mais se separou da música.
- Tinha admiração pela bossa-nova, mas não tinha muito acesso. Mas minha grande paixão, sempre, foi mesmo a música mineira. E quando comecei a tocar pra valer não consegui mais parar. Estudei violão clássico no conservatório Lorenzo Fernandez, o que me ajudou a assimilar a teoria, a conhecer melhor a música e descobrir seus mistérios. Aprendi mais sobre a música erudita, que é muito bacana, mas não é minha praia - diz.
Tocando nos auditórios de escolas, participando de festivais e ouvindo pelo rádio as músicas que pautavam seu repertório, Carlos Soyer chega ao que ele chama de melhor escola de todos os tempos: o conjunto de baile. Na banda Cactus foi guitarrista, onde pôde viver a experiência de tocar na noite, acompanhar artistas que já estavam na estrada há mais tempo e adquirir experiência para alçar vôo solo.
A partir de então começou a compor, classificando-se em diversos festivais como Canta Minas, Fucap e Festival nacional do pequi.
- A composição veio naturalmente e eu estava em processo de aprendizagem. Cada vez que me inscrevia em um festival me dava uma sensação de realização profissional, pois minhas músicas são o que tenho de mais valor. Nem me importava em ganhar, até porque acho que ocorre uma injustiça muito grande em festivais; a melhor música sempre fica escondida - argumenta.
Professor de violão trabalhou em diversas escolas como academia Acorde, Centro de artes Estação Brasil e Toque de Classe, onde atualmente atua como professor de instrumentos de corda e administrador, sempre atento aos novos talentos e à formação da nova geração de músicos.
Apesar ter gravado várias músicas, Carlos Soyer ainda não finalizou um CD. Segundo ele, as melhores músicas nunca foram gravadas e estão guardadas para um futuro trabalho.
Parceiro de importantes nomes como Murilo Antunes, Léo Lopes e Georgino Jr, Carlos Soyer diz que agora pretende amadurecer como compositor, como músico, e como pessoa.
- Nós, músicos de Montes Claros ficamos escondidos. Então, acho importante sair em busca de uma bagagem, de uma experiência, de um amadurecimento profissional e pessoal. Não quero fugir das coisas que acredito, da minha proposta inicial ao compor a música, mas quero conhecer novas idéias que possam enriquecer meu trabalho – finaliza.
Com projeto aprovado pela lei de incentivo à cultura, Carlos Soyer está reunindo suas composições inéditas e firmando parceria com os compositores Ronaldo Bastos e Vítor Martins, para gravar o primeiro CD, que deve ser lançado no próximo ano.