O filme O Sétimo Selo (1957) abre a mostra da obra cinematográfica do cineasta sueco Ingmar Bergman, no projeto Cinema Comentado.
O filme O Sétimo Selo abre a mostra da obra cinematográfica do cineasta sueco Ingmar Bergman neste sábado
Em 1997, na comemoração dos 30 anos do Festival de Cannes, o diretor Ingmar Bergman recebeu a Palma das Palmas, concedida numa eleição realizada com todos os premiados anteriormente. Em julho, o Cinema Comentado homenageia o diretor sueco com a exibição de quatro produções premiadas e reconhecidas pela crítica.
A obra de Bergman compõe um dos mais ricos e essenciais capítulos da história do cinema. Como poucos, o cineasta se apropriou da linguagem para realizar um conjunto significativo que transcende a própria experiência cinematográfica. Abordando temas intrínsecos à existência humana – como desejo, morte e religiosidade –, Bergman rompeu as fronteiras do cinema sueco e atingiu a universalidade.
O cinema de Bergman não trouxe grandes inovações formais, mas sua excelente direção de atores e a profundidade filosófica dos temas tornaram-no uma das figuras mais destacadas do cinema mundial. A progressiva eliminação dos elementos dispersivos de adorno permitiu que seus filmes constituíssem um grande drama abstrato sobre a relação do homem com seus semelhantes e, talvez, com Deus. Bergman lida com a tentativa de se definir a própria personalidade, removendo as muitas máscaras para ver que rosto surge por trás.
O SÉTIMO SELO
O filme revela-se uma alegoria em preto e branco sobre a busca infinita pelo sentido em um mundo caótico: o mundo do século XIII, devastado pela Peste Negra. Antonius Block retorna das Cruzadas e encontra sua vila destruída pela doença. A Morte aparece para levá-lo, mas Block se recusa a morrer sem ter entendido o sentido da vida. Propõe, então, um jogo de xadrez numa tentativa de burlar a única certeza que o habita. Apesar de perder o jogo, a Morte continua a perseguí-lo e Block descobre os aspectos mais repugnantes do fervor religioso: a tortura, a caça às bruxas, o espectro da Morte alimentando-se da fraqueza humana.
Considerado neo-expressionista, os cenários são muito rústicos e simples; a maquiagem é impressionante e, muitas vezes, os atores aparecem machucados, ou com dentes podres, desprovidos de qualquer regra de higiene atuais – o que dá mais realismo ao filme. O senso de humor aparece de forma sutil e, às vezes, mais ostensivo – como quando a Morte serra uma árvore para capturar o artista.
A natureza religiosa da obra de Bergman se manifesta de imediato no filme mostrando que cinema não é somente para a diversão, mas também estimula a reflexão. Nas palavras do próprio Bergman sobre o filme, a idéia de um Deus Cristão tem algo de destrutivo e terrivelmente perigoso. Ele faz emergir um sentimento de risco iminente e, por conseqüência, traz à luz forças obscuras e destrutivas.
MOSTRA
Na programação da mostra Ingmar Bergman: O Mestre do Cinema, serão exibidos os filmes O Sétimo Selo - vencedor do Prêmio do Júri, em Cannes (08/07); Morangos Silvestres - ganhador do Urso de Ouro, em Berlim (15/07); A Fonte da Donzela - vencedor do Oscar de filme estrangeiro (22/07) e Gritos e Sussurros - Oscar de fotografia para Sven Nykvist (29/07)
O projeto a partir das 18h30, na sala Geraldo Freire, ao lado da Câmara Municipal. Logo após a sessão, tem bate-papo coordenado pelo jornalista Elpídio Rocha. A entrada é gratuita.