(MAURÍCIO VIEIRA)
Apenas 3% da população brasileira é fluente em inglês, segundo levantamento da Catho, site de busca de emprego. Para especialistas em recursos humanos, esse é um dos principais pontos que influenciam negativamente no momento do recrutamento e contratação. Por outro lado, aliado ao curso superior, o conhecimento da língua estrangeira turbina o currículo e torna o candidato ainda mais competitivo.
No entanto, seja por falta de oportunidade ou dinheiro, muitos adiam o estudo de outros idiomas. Mas vale ressaltar que, atualmente, formas alternativas, mais baratas e até gratuitas de aprendizagem, prometem resultados satisfatórios.
Os dados da Catho também mostram que o domínio de uma língua estrangeira pode representar uma diferença salarial de até 52%. Sem o conhecimento, além da dificuldade para conseguir uma vaga, profissionais tendem a ficar estagnados.
Mestre em educação, Frederico Divino Dias diz que a fluência em outro idioma é quase obrigatória, principalmente em áreas de tecnologia da informação e da saúde. Isso porque várias pesquisas e programas mais modernos estão disponibilizados apenas na língua inglesa ou espanhola.
“As empresas buscam funcionários polivalentes, que explorem outras áreas do intelecto e demonstrem interesse por habilidades diversas. Conhecer a cultura de outros países, nesse sentido, também é importante para entender a profissão e seus caminhos”, diz o professor, que dá aulas nos cursos de gastronomia, nutrição e enfermagem das Faculdades Promove.
A principal orientação é a de que o profissional procure saber qual idioma é mais interessante para a área de atuação. Até porque, em alguns casos, é importante ter conhecimento em mais de uma língua estrangeira.
OBSTÁCULOS
Segundo o coordenador da Minds English School e professor Rodrigo Berghahn, o ideal é manter o foco e estudar o idioma pelo menos uma hora por dia. No entanto, um obstáculo comumente apontado por profissionais é a falta de tempo e espaço na rotina.
Especialistas garantem, no entanto, que esses não precisam mais ser um empecilho, já que o acesso à informação está cada vez mais facilitado pela tecnologia. Aplicativos gratuitos permitem aprender, pelo menos, o nível básico. Quem ainda não consegue investir uma parte do salário pode, ainda, buscar por cursos de graça na internet que geram inclusive certificados. Universidades também costumam ter opções sem mensalidade ou com preços sociais.
“Claro que games, filmes e livros em inglês ajudam. Mas, para verdadeiramente ter uma base, é somente com disciplina diária”, diz o professor.
INVESTIMENTO
Cada vez mais pessoas já graduadas no ensino superior se dedicam a aprender outra língua para conseguir uma melhor colocação na própria empresa ou tentar um novo posto. Esse foi o caso do coordenador de programação Rafael Leite, de 23 anos.
Até 2018, o jovem se mostrava resistente em aprender um novo idioma. Ao mudar de emprego e se deparar com muito material de conteúdo 100% em inglês, ele decidiu investir no conhecimento.
“Percebi também que a maioria das vagas na área audiovisual pede a língua estrangeira como requisito. Então decidi me matricular em um curso basicamente para crescimento profissional mesmo”, conta.
Seis meses depois de se matricular, ele também estuda em casa e utiliza um aplicativo para exercícios extras. À medida que avança nos estudos, o medo de falar em público está indo embora.
Satisfeito, Rafael ainda credita o progresso ao método utilizado pela escola de inglês, que tem turmas menores e aulas de conversação voltadas para o cotidiano do estudante.