educação

Inep alerta para escassez de professores

Para secretária municipal de educação, Montes Claros ainda não ‘vislumbra essa ausência’.

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 07/02/2024 às 19:00.
Conforme a secretária municipal de Educação, os dados do Inep foram surpreendentes para o município de Montes Claros (FREEPIK)

Conforme a secretária municipal de Educação, os dados do Inep foram surpreendentes para o município de Montes Claros (FREEPIK)

Um alerta preocupante ressoa no cenário educacional brasileiro, onde o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) adverte para a iminência de um apagão de professores nas próximas décadas. A situação é particularmente grave em Minas Gerais, onde a escassez de docentes em disciplinas essenciais ganha destaque.

Segundo o Inep, que avaliou as carências docentes em uma escala de zero a um, onde um representa uma demanda plenamente atendida, Minas enfrenta desafios significativos. Disciplinas cruciais como língua portuguesa apresentam índice de 0,54, línguas estrangeiras (0,50) ocupando juntas o 19º lugar, enquanto educação artística (0,97) está em 10º. Ciências, biologia (0,50) e matemática (0,78) também demandam atenção, ocupando respectivamente o 6º e o 5º lugar.

Diante desse panorama, medidas urgentes são necessárias para evitar um colapso no sistema educacional, garantindo o acesso dos estudantes a uma educação de qualidade.

Gustavo Cepolini, professor do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), aponta para um quadro crônico na educação e formação de professores, destacando que muitos atuam sem a devida qualificação na área. Ele identifica três principais fatores contribuintes: defasagem salarial, condições precárias de trabalho e sobrecarga, “além da violência nas escolas”.

Em Minas Gerais, em 2023, a disparidade salarial dos professores foi evidente, com um profissional trabalhando 24 horas semanais recebendo R$ 2.652,29, em comparação com o piso nacional de R$ 4.580,57 para 40 horas semanais. “Essa situação pode dificultar a atração e retenção de profissionais qualificados na educação estadual. Além disso, há preocupações com o adoecimento generalizado da categoria, falta de plano de carreira e defasagem na formação, especialmente em matemática e ciências exatas”, analisa o professor. 

Entretanto, Montes Claros parece fugir das estatísticas. Segundo a secretária municipal de Educação do município, Rejane Veloso Rodrigues, o resultado da pesquisa do Inep foi uma surpresa — “Nós olhamos pelos processos seletivos, pelos concursos que acontecem aqui na região, nos municípios vizinhos e a gente percebe um número muito grande de pessoas candidatando a essas vagas”. Ela informa que, em 2021, o processo seletivo teve 15 mil inscritos, sendo o cargo de professor o que teve o maior número de inscrições. Já em 2022, que é o que está em vigor agora, houve cerca de 11 mil inscrições no total. “Eu acredito também que seja pelas universidades que tem aqui. Tem universidade, tem faculdades que formam pessoas para a graduação de professor. Por isso, não estamos, assim, vislumbrando essa ausência, essa perspectiva de ausência desse profissional”, explica. 

Em MOC, de acordo com a secretária, o professor do ensino básico que trabalha 40 horas recebe R$ 4.520,00 reais. “É porque houve a mudança da legislação. O outro de 25 horas que tínhamos, recebia proporcionalmente ao valor do piso”, completa. 

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