Bia Andrade
Repórter
bia@connect.com.br
A banda Hip Hop Atitude foi fundada há 15 anos por Vender Mendes e passou por várias formações. Outro membro importante que vive na comunidade em Montes Claros é o DJ Pinóquio, que participa das oficinas do grupo. Maurício Lopes (Byggyly), vocalista e líder da banda, junto com Tatinha, Junior, MC Dão, Deny, KK e Piu estão juntos há quase 4 anos levando o sonho adiante.
O CONCEITO
O Hip Hop é formado de 4 elementos básicos. O break (a dança e Arte corporal), o rap (que representa a parte da poesia cantada), a grafitagem (artes plásticas) e a discotecagem que é a parte sonora do Hip Hop acrescido, é claro, de muita atitude. E é daí que vem o nome do grupo.
A Banda Hip Hop Atitude foi fundada há 15 anos
e já passou por várias formações
- Para nós Hip Hop é uma cultura negra da periferia, que veio das ruas, e se consagrou como a primeira cultura globalizada do planeta. Através do movimento vários grupos do Brasil se envolvendo bastante com trabalhos sociais para resgatar pessoas do mundo do crime e para passar mensagens ideológicas, através das letras mantendo assim uma postura contra várias coisas que estão erradas na sociedade. Temos a característica de entrar nas rodas de break com atitude, para fazer rap, tudo que nós fazemos tem muita personalidade – verbaliza Byggyly.
A ATITUDE
Quando o grupo completou cinco anos de existência surgiu o Projeto Atitude que visa tirar crianças e adolescentes da criminalidade das drogas, ocupando o tempo delas com boas ações como o Hip Hop, passando lições de cidadania, dando a elas um ponto de vista diferente, melhor. Assistindo famílias carentes, com alimentação e orientação. Quase todos os eventos do grupo são voltados para a arrecadação de donativos.
A sede do projeto é na Rua João XXIII, ao lado da igreja Batista no bairro Santos Reis e está aberta a receber adolescentes e jovens entre 12 e 24 anos para participar das oficinas. O governo federal se aliou ao grupo no Programa Fica Vivo, que visa reduzir o nível de homicídio nas áreas violentas da cidade, ministrando cursos para vários alunos da região que aprender a fazer rap, grafitte e cidadania.
ABANDONO
- Eu acho que não só a prefeitura como os outros seguimentos do governo estão em falta. Parece que estão esperando o crime se alastrar para haver mil mortes por dia como nas capitais, para fazer algo. Montes Claros tem capacidade de com poucos recursos evitar que isso aumente. Nós acreditamos numa revolução, mas através do conhecimento e da cultura não através da radicalidade – diz.
O PODER DE ESCOLHA
Byggyly fala que se uniu a MC Dão para compor a música Tipos de Políticos, com a finalidade de abrir os olhos da galera.
- Soubemos da campanha das Rádios Educadora e Transamérica contra a corrupção e pedimos espaço para participar. Em nossa música falamos dos três tipos básicos de políticos. O 1° é aquele que sabe nada, o 2° sabe, mas não quer fazer nada, o 3º é aquele que pelo menos tenta fazer e esta praticamente instinto. Falamos bem ironicamente, bem nua e cruamente das características desses três tipos, podendo dar uma percepção maior da política para que os jovens enxerguem e saibam escolher melhor seus governantes – diz Byggly que se revolta quando ouve falar em voto nulo.
- Isso é absurdo, não votar, votar nulo. Não é esse o caminho, existem ainda pessoas que estão comprometidas com um futuro melhor para todos nós. Como eu canto no refrão o voto é ferramenta, não é produto, não venda o seu voto, isso é um absurdo. Se der as costas para o problema, você também é culpado. Um dos responsáveis pelo Brasil ter afundado – diz.
O PRECONCEITO
No mês de julho, durante uma apresentação do grupo no parque de exposição João Alencar Atahyde, o grupo foi interrompido várias vezes por um dos organizadores que queria cortar a apresentação pela metade.
- Foi muito constrangedor pra gente, enquanto o MC Dão cantava, um cara discutia comigo e o resto do grupo no palco na frente de todos. A gente sofre, mas luta para que isso acabe, desabafa Byggyly.
CD NO FORNO
O novo CD está em fase de produção e já tem uma média de 30 músicas compostas, todas de autoria do grupo. São seis compositores, geralmente, cada um canta o que compõe. Como critério para a produção das faixas instrumentais, eles usam samplers de músicas antigas, do começo do movimento do rap, e também nacionais. Exceto na música Tipos de Políticos que foi composta ás pressas para as eleições.
A banda adora misturar os sons, desde samba, moda de viola, e tem como inspiração grupos mais antigos do movimento como Afra Bambata, Public Eminem, Musidif. De Montes Claros têm Facção Central, Conexão Favela, Raional Mcs, e som underground como Apocalipse 16, Marcelo D2.