Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
O grupo Artecena apresenta no próximo dia 16 de junho os espetáculos Ninguém é de ninguém e, no dia 17 de junho, Louco lúcido, ambos dirigidos pelo ator e dramaturgo Haroldo Soares. As apresentações acontecem às 21 horas, no auditório do Centro Cultural Hermes de Paula, comemorando os 18 anos do grupo.
ARTECENA
Fundado em 1988 pelo ator Haroldo Soares, o grupo Artecena já realizou dezenas de espetáculos em várias cidades do país, sempre utilizando textos que propõem um debate sobre questões sociais, decisões dos representantes do povo em situações conflitantes ocorridas no passado e no tempo presente que influenciaram no curso da história da humanidade, e as relações interpessoais.
Segundo Haroldo, há uma constante preocupação em utilizar textos que despertem na sociedade um olhar sobre si mesma.
- Nosso objetivo é manter vivas na memória experiências que moldaram a história da humanidade, influenciando gerações - explica.
Formado por atores amadores, Haroldo diz que o grupo está sempre aberto a novos talentos, dando oportunidade a todos que querem se iniciar na carreira.
NINGUÉM É DE NINGUÉM
Ninguém é de ninguém é o resultado de uma pesquisa sobre o relacionamento amoroso, abordando os conflitos e preconceitos sociais que pontuam a vida de casais. Escrito por Haroldo Soares, o espetáculo que fala de sedução, sensualidade e violência é encenado pelos atores Fernando Coelho e Verônica Rocha, que há um ano vêm se preparando para a estréia.
LOUCO LÚCIDO
Com participação de grande elenco, o espetáculo se inspira nos conflitos políticos do congresso nacional, tomando como referência os recorrentes escândalos no cenário político brasileiro, com alusões a personagens que marcaram a história política mundial nos últimos anos, como George Bush, Osama Bin Laden, Saddan Hussein entre outros.
Com forte apelo popular, são utilizadas várias linguagens corporais, com uma performance, ao mesmo tempo dinâmica e sinuosa, dramática, e serena, despertando no público o senso crítico e instigando o questionamento sobre os conflitos sociais no país como a violência, miséria e desemprego.
A máxima do espetáculo é quando atores distribuem pizza ao público, fazendo alusão ao famoso jargão tudo acaba em pizza.
Além do texto dramático e crítico escrito por Haroldo, durante o espetáculo são apresentados vídeo-clips e uma performance com a música Que país é esse, do grupo Legião Urbana.
DESAFIOS
Haroldo diz que durante os dezoito anos de existência, o grupo sempre se auto-sustentou e que as dificuldades para se conseguir patrocínio são tão grandes que hoje já nem tenta mais.
- A coisa mais importante para o ator é o público. É ele quem constrói, enriquece e dá sentido ao nosso trabalho. Todos os espetáculos que fizemos tiveram boa aceitação e isso nos dá a certeza de estarmos no caminho certo. Então, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos como a falta de incentivo por parte dos empresários, a falta de espaço para realizar bons espetáculos, nada disso nos faz desistir; ao contrário, nos faz mais persistentes, pois precisamos deixar o caminho aberto para os novos profissionais que estão iniciando sua caminhada - argumenta o ator que, depois de muitos cursos, experiências em palco e parcerias, resolveu assumir a direção do grupo e hoje, também escreve peças específicas para os atores do Artecena.
INSPIRAÇÃO
Trabalhando há 22 anos como ator, com vários espetáculos premiados, Haroldo diz que abraçou a profissão por amor, pois não há remuneração para o artista de teatro em cidades como Montes Claros.
Dizendo ter em Nelson Rodrigues a inspiração maior para atuar, dirigir e escrever, ele resume seu amor pela profissão com uma frase de Pablo Picasso:
- Minha vida de artista não tem sido outra coisa senão o combate permanente contra a morte da arte.