Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Quem tem a arte na alma, a proclama em todos os ofícios. É assim com Eugênio Magno. Nascido em berço simples, mas esplêndido, esse montes-clarense descendente da miscigenação índio-caboclo/judeu-português tem a essência do artista em seus passos, que trilharam os caminhos do teatro, do rádio, do jornal, do cinema e agora da poesia.
Vencedor do Prêmio BDMG – Cultural de Literatura – Poesia – 2005,
Eugênio Magno se prepara para lançar o próximo livro
(Foto: Adriano Madureira)
Jornalista por formação e artista por natureza, Eugênio Magno iniciou sua atuação cultural como ator, nos palcos de Montes Claros, no início da década de 1970. Desde cedo se envolveu com as manifestações culturais e foi personagem atuante durante todo o tempo em que viveu na cidade. Nessa época também trabalhava na rádio Educadora e no Jornal de Montes Claros, e ensaiava seus primeiros versos, que serviram de repertório para o primeiro livro, Ingênu(a)idade, publicado em 2005.
- Sempre gostei de escrever, mas nunca tive coragem de fazer um livro. Para mim, para fazer um livro era preciso ser um Machado de Assis, assim como para fazer Cinema era preciso estar em Hollywood. Demorou um tempo para desmistificar isso em minha cabeça. Até que um dia tomei coragem e reuni todos os meus escritos, guardados ao longo dos anos, revisei, e lancei por minha conta e risco Ingênu(a)idade. Parece que era um entrave, enquanto não liberasse aqueles versos, os outros não poderiam chegar. E foi o que aconteceu. Agora me sinto mais livre e já estou preparando um novo projeto – explica Eugênio.
CINEMA
Ao se mudar para Belo Horizonte, em 1981, Eugênio buscou sedimentar profissionalmente a carreira já iniciada em Montes Claros, formando-se em Comunicação Social, mas sempre atuando com a arte e a cultura em várias frentes. Amante do cinema, atualmente faz mestrado em Artes Visuais – Cinema, pela Escola de Belas Artes da UFMG e é autor do roteiro Por um pedaço de terra, documentário que está produzindo em parceria com o jornalista e cineasta Victor de Almeida, sobre o líder camponês, dos anos 1960, Chicão, de Governador Valadares.
MINAS EM MIM
Apesar de dizer que não se considera poeta, Eugênio Magno foi um dos vencedores do prêmio BDMG – Cultural de Literatura – Poesia - 2005, ao lado do poeta João Victor Vellozo e das poetizas Alzira Maria Ribeiro e Jussara Santos.
O objetivo do concurso foi o de revelar talentos poéticos de Minas Gerais, com candidatos mineiros ou residentes no estado há pelo menos dois anos. A proposta era a publicação de três poemas temáticos dos 20 poetas selecionados, que deveriam escrever sobre o tema Minas em Mim.
A qualidade dos poemas inscritos fez com que a comissão julgadora selecionasse apenas quatro poetas, dentre eles, Eugênio Magno, publicando 12 poemas de cada autor, incluindo os poemas vencedores do prêmio.
Por quê?
minas em mim se nem
tão das minas sou
assim
minas é M m +
eu sou gerais
minas me tem dentro de si
eu sertão em mim.
(Minas é +)
- Quando me ligaram avisando que eu havia sido o vencedor do prêmio, não acreditei. Achei que fosse piada de algum amigo que sabia que eu tinha me inscrito. No dia seguinte liguei e me informaram que realmente havia sido selecionado e que no outro dia seria publicado o resultado no site do BDMG. Fiquei calado, não contei nem para minha família. Só depois que vi no site, imprimi a página e, então, contei – relembra Eugênio, revelando a típica desconfiança do mineiro.
PROJETOS
Atualmente trabalhando como locutor, Eugênio Magno também participa de produções de teatro, cinema e vídeo, como ator e diretor e é também colaborador do Jornal O Tempo, de Belo Horizonte, como cronista e articulista.
Ele está concluindo a dissertação Uma possível abordagem do real: a realização do documentário informacional e de linguagem artística, do seu projeto de Mestrado que deve se transformar em livro.
Seu próximo projeto literário é a publicação do O Ser e o si, um livro de poemas, de formato narrativo, com previsão de lançamento para este ano.
Eugênio diz que a poesia atual se sofisticou de tal maneira que é preciso se aprimorar tecnicamente para acompanhar seu ritmo.
- Não sou um conhecedor da poesia como sou do Cinema, atividade para a qual estou me especializando. Mas como decidi partir para a produção literária, pretendo estudar mais sobre o assunto.
Com uma simplicidade que só os sábios dispõem, Eugênio Magno vive no ritmo do seu trabalho, como comunicador, agitador cultural e formador de opinião, sem perder o brilho dos olhos do menino que jogava bolinha de gude na rua, tomava banho de rio e delirava com as batidas dos Catopés, Marujos e Caboclinhos nas tardes pueris do mês de agosto.