Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Seu nome é Manoel Sílvio Alves Fonseca. Mas na cidade onde mora, Buritizeiro, no Norte de Minas Gerais, gosta de ser chamado por todos de Seu Sílvio.
- O gosto pela arte veio com o contato com o trabalho do escultor de carrancas Dedeco Boaventura, de Pirapora. Depois comecei a diversificar até descobrir que o que gostava mesmo era de produzir miniaturas. Hoje faço todo tipo de imagem sacra e, ainda que não a conheça, pela descrição oral posso criar. Já fiz de imagens de anjos a estatuetas japonesas. O grande desafio é tornar a peça única
(foto: Ticyana Fonseca)
Natural de Coração de Jesus/MG, vive na fazenda Cana Brava, zona rural de Buritizeiro, desde oito anos de idade. Aos 53 anos, é reconhecido nacionalmente pela arte de produzir pequenas esculturas em madeiras, com imagens de anjos e santos.
Desde o dia 28 do último mês de setembro o santeiro realiza uma exposição no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Rio de Janeiro, com o tema Santeiro dos Gerais das Minas: Manoel Sílvio Fonseca. A mostra é composta de 30 esculturas produzidas a partir de toras brutas de pequizeiro e imburana, fabricadas por Seu Sílvio em conjunto com a família.
A exposição reúne artistas de todo Brasil, quase todos desconhecidos do grande público e, para o artesão, é um importante momento para abrir novos mercados.
- A exposição é importante porque dá uma maior visibilidade ao meu trabalho que, apesar de ser bem aceito, só é conhecido a partir da região onde moro. Inclusive, para conseguir reunir as trinta peças para a exposição tive que parar com as encomendas e deixar de receber clientes, porque, mal termino uma peça e já é vendida – diz Seu Silvio. Segundo ele, logo ao voltar do lançamento da exposição com seu filho, recebeu a notícia de que todas as peças já haviam sido vendidas.
Seu Silvio conta que desde criança já mostrava aptidão para o trabalho com madeira e com um mês de aprendizado já criava brinquedos e miniaturas de madeira. O gosto pela arte veio com o contato com o trabalho do escultor de carrancas Dedeco Boaventura, de Pirapora.
- Meu primeiro desafio foi fazer uma réplica de uma carranca que ganhei de presente e, como as carrancas são muito procuradas na região, me especializei na sua produção. A primeira, demorei um ano e meio para fazer. Depois comecei a diversificar até descobrir que o que gostava mesmo era de produzir miniaturas. Hoje faço todo tipo de imagem sacra e, ainda que não a conheça, pela descrição oral posso criar. Já fiz de imagens de anjos a estatuetas japonesas – conta o santeiro, que nunca repete a mesma imagem. Segundo ele, mesmo que tenha que fazer o mesmo santo, sempre cria um detalhe para tornar a peça única.
- Quem trabalha com escultura está sempre aprendendo e é um desafio criar uma peça exclusiva - diz o santeiro, que demora de 4 a 30 dias para produzir uma peça, que é vendida a partir de R$25.
- Já vendi peça até por R$ 10 mil e, com essa exposição, a tendência é ter meu trabalho ainda mais valorizado. Fiquei muito conhecido no Rio de Janeiro e tenho recebido muitas encomendas de lá. Hoje faço escultura para todos os cantos do país – comemora.
A exposição que fica em cartaz até o dia 12 de novembro é uma realização do CNFCP, unidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, com o apoio do Solar de Santa e da prefeitura municipal de Pirapora/MG.
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O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular fica na Rua do Catete, 179 - Catete (estação Catete do metrô) - Rio de Janeiro/RJ. O horário de visitação pública é de terça à sexta-feira, de 11h às 18h, e sábados, domingos e feriados, das 15h às 18h.