Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Quando chega o fim do ano, com a aproximação das festas natalinas, as pessoas, por diferentes razões parecem se tornar mais tolerantes e com mais aceitação e afeto nas relações, estimulando o congraçamento, a superação das diferenças, a capacidade de relevar as rusgas e as mágoas.
Nessa época, é comum buscar exemplos de pessoas que durante todo ano viveram sob a égide desses sentimentos agora aflorados, na expectativa de resgatar valores esquecidos por causa das dificuldades e correrias do dia-a-dia.
E muitos desses exemplos, se analisados, não são nada excepcionais; apenas gestos de atenção ao próximo que poderiam ser feitos por qualquer pessoa, e que às vezes passam despercebidos pela maioria.
São ações muitas vezes praticadas por pessoas que pouco ou nada têm a oferecer a não ser uma mão amiga e um ombro consolador. Em outros casos, são pessoas que buscam dar um sentido à própria vida, tentando de alguma forma suavizar o sofrimento e aplacar a dor do próximo.
SOLIDARIEDADE
Imbuídos desse sentimento de solidariedade, temos histórias de princesas, artistas famosos, líderes políticos e religiosos que se engajam em campanhas para salvar nações cujas crianças morrem de fome. E temos muitas histórias de pessoas que mesmo tendo um salário que mal dá para sustentar a própria família, adotam crianças abandonadas, ajudam os vizinhos, contribuem com creches, saem pela noite fria distribuindo sopa aos sem-teto, tiram algumas de suas poucas horas de folga para visitar um asilo ou contar uma história a uma criança hospitalizada.
É certo que no mesmo instante em que o mundo se mobiliza em solidariedade, a mídia nos informa que crescem as suspeitas de venda de órfãos do tsunami incrementados pelas redes de prostituição e trabalho infantil, reanima-se o turismo sexual em muitas regiões, proliferam golpes na internet, aumenta a violência nas grandes cidades e muitos outros fatos que, como diz a pesquisadora e colunista Sueli Carneiro, sinalizam os outros sentidos que estão presentes e em curso na história conduzindo a humanidade para um destino e uma existência em que o que se afirma é o humano despojado de humanismo.
OBJETIVO PESSOAL
Se a época é propícia para renovar sentimentos e aproximar as pessoas, o que se espera é que cada um, em seu ritmo próprio, tenha a solidariedade como um objetivo pessoal e coletivo, traçando um caminho de transformação indispensável para reconstrução da sociedade, hoje fragmentada, agressiva e massificada.
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