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Quinta-Feira,28 de Novembro

Da construção ao progresso: um período da história de Montes Claros narrado pelo professor Gy Reys, um dos seus muitos filhos adotivos

Jornal O Norte
18/10/2006 às 09:10.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:42

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Sob o sugestivo título de Montes Claros - da construção ao progresso 1917 a 1926, surge o primeiro livro do professor Gy Reis. Narrada em linguagem fluente e agradável, a exemplo das melhores obras clássicas produzidas sobre o cotidiano do povo norte-mineiro, Montes Claros - da construção ao progresso 1917 a 1926 nos remete a um período de grandes transformações políticas, econômicas e sociais, traduzidas no burburinho do dia a dia da sociedade provinciana de uma cidade de ruas escuras, com calçamento de pedras, sem iluminação, água encanada ou rede de esgoto, e com cavalos como principal meio de transporte - só por volta de 1924 surgiriam os primeiros automóveis pertencentes às famílias dos coronéis-, mas que viria a se tornar a quinta maior do estado.




De natureza irrequieta, Gy Reis dá um novo passo e agora lança seu primeiro livro
, onde conta aos montes-clarenses a história da cidade que adotou como sua, acrescentando a ela uma parte de si mesmo. Para quem souber ler, tudo nela é forte, bela e impecavelmente real, mas que se multiplica em mil fragmentos de memória resguarda pelos que dela fizeram parte, e em mil perspectivas para aqueles que fazem do passado um aporte para a compreensão e vislumbre de um futuro sem amarras (foto: Adriana Queiroz)




O livro narra a história da época em que chegou a energia elétrica, ainda que precária, e que foi instalada de forma definitiva a Estrada de Ferro, vinda de Bocaiúva/MG (1924 – 1926).  A chegada da locomotiva rompeu as barreiras do coronelismo e da estagnação, desencadeando novos comportamentos e conceitos, ampliando fronteiras e acirrando a disputa pelo poder político.

Nesse período Montes Claros já estava inserida no contexto nacional e até abastecia cidades vizinhas com os alimentos que produzia, através do ir e vir dos tropeiros, que também traziam mercadorias para abastecer o comércio local. Era uma cidade de armazéns, feiras, com uma variedade de produtos que iam do fumo e rapadura - na época usada em lugar do açúcar – à produção agropecuária.

Não havia clubes ou bares e os bailes eram realizados em grupos escolares. Médicos, advogados, engenheiros e farmacêuticos eram os grandes profissionais da época, e também eram professores. Mas a grande estrela era mesmo o tropeiro, que no lombo de seus burros transportavam aos sertões mais longínquos mercadorias, sonhos, amores, esperanças. Também disseminavam as tradições, os costumes, fortalecendo a cultura regional, além trazer as novidades e feitos de outras terras.

A obra sugere uma viagem instigante ao passado, atravessando nove anos da real história montes-clarense debruçada sobre a leitura de mundo do autor, para aprender mais sobre suas origens, mas sem esgotar histórias.

O AUTOR

Gy Reis Gomes Brito nasceu em Vila Nova de Minas em berço simples, mas esplêndido, e veio ainda menino para Montes Claros. Com determinação e humildade, lutou para conquistar seu espaço, incentivado pelos pais José Gomes dos Santos e dona Aidê Brito Gomes, e pelos seus irmãos Joseide, Egidevaldo e Orlando. Casado com Hercília Nogueira e pai de Raymi, Rayra e Ryan, inspira uma simpatia instantânea ao mesmo tempo que revela em seu sorriso tímido e olhar firme a força daqueles cresceram sob o sol do norte e à brisa do São Francisco, que na época do Gy menino soprava longe, abrandando corações a acalentando a alma.

Incomodado com os conflitos sociais que marginalizam e excluem, ainda adolescente integrou o grupo Maranatha, onde exercitou suas idéias libertárias.

Foi funcionário da secretaria municipal de Ação Social e, como sói acontecer, participou da mobilização para criar a primeira Comissão Provisória do Sindicato dos Servidores Municipais. Ao lado do poeta Téo Azevedo, fundou a Associação dos Repentistas e Poetas do Norte de Minas, participou do grupo musical Vôo Livre e contribuiu com suas idéias e inspiração poética com vários jornais locais.

Como estudante, participou ativamente das manifestações da classe, foi presidente do Diretório dos Estudantes Secundaristas de Montes Claros e do Diretório Acadêmico Estudantil. Formou-se em Ciências Sociais, é mestre em História e hoje atua como professor de História e Geografia na rede pública de ensino e de Antropologia e Sociologia na Unimontes - universidade estadual de Montes Claros e é presidente da Associação dos Docentes da Unimontes.

De natureza irrequieta e sempre buscando se superar, Gy Reis dá um novo passo e agora lança seu primeiro livro, onde conta aos montes-clarenses a história da cidade que adotou como sua, acrescentando a ela uma parte de si mesmo. Para quem souber ler, tudo nela é forte, bela e impecavelmente real, mas que se multiplica em mil fragmentos de memória resguarda pelos que dela fizeram parte, e em mil perspectivas para aqueles que fazem do passado um aporte para a compreensão e vislumbre de um futuro sem amarras.

Mas esse é apenas mais um passo de uma longa história, apesar do autor dizer que sente realizado.

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Montes Claros da construção ao progresso 1917 a 1926


Editora Unimontes – 236 páginas


Lançamento dia 26 de outubro, às 20 horas no Campus Universitário Darcy Ribeiro - Unimontes

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