Cinema Comentado apresena Morangos Silvestres na Mostra Ingmar Bergman

Jornal O Norte
13/07/2006 às 10:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:39

O projeto Cinema Comentado prossegue com a mostra dos filmes do cineasta sueco, Ingmar Bargman apresentando neste sábado, o filme Morangos Silvestres.

Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, Morangos Silvestres (1957) explora os planos da realidade, do sonho e da memória para recompor a trajetória do médico Isak Borg. Na noite anterior a viagem para receber um título honorífico, Borg tem um pesadelo que o confronta com a realidade da morte. No dia seguinte, ele segue para Lund acompanhado da nora Marianne, em crise com Evald – que parece carregar a mesma amargura do pai. O diálogo entre nora e sogro é belíssimo, principalmente quando ele se enxerga como responsável pelos atos do filho.

Bergman traça uma espécie de road-movie existencial, onde o médico recorda sua vida cáustica e contrapõe sua história com as pessoas que cruzam seu caminho - um casal em crise, um bando de jovens cheios de energia e esperança. Os morangos silvestres do título, assim como Rosebud no clássico Cidadão Kane, definem numa palavra o aspecto marcante da infância de Isak. Ele se lembra de uma casa de campo na qual a família passava a maior parte do verão. Nesse sonho, o protagonista recorda de seu relacionamento amoroso com sua prima – e da desilusão decorrente daí, causada pelo seu próprio irmão. A garota, colhendo esses morangos é o elemento que desencadeia todo o processo de reconstrução da personalidade de Borg.

ESTADO DE GRAÇA

O desafio que Bergman propõe para o espectador em Morangos Silvestres é de fácil compreensão, mesmo assim é denso e cheio de camadas – basta ao espectador paciência para desvendá-lo. O ponto mais contraditório da produção é a frieza com que a história é contada. Mas talvez esse distanciamento seja proposital, pois a conclusão adquire uma perspectiva de fábula que reflete o estado de graça de Isak Borg. Entre o passado, o presente e a imaginação, o médico abandona as angústias e experimenta uma nova comunhão com a vida.

Morangos Silvestres é uma das obras máximas de Bergman, sempre nas listas dos melhores da história do cinema. Ao lado de Umberto D. (de Vittorio de Sica) e Viver (de Akira Kurosawa) é um dos mais belos filmes sobre a velhice e a memória.

PROJETO

O Cinema Comentado acontece na sala Geraldo Freire, ao lado da Câmara Municipal, a partir das 18:h30 horas e a entrada é gratuita. Logo após a sessão tem bate-papo com a platéia, coordenado pelo jornalista Elpídio Rocha.

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