Acadêmicos de Medicina participam de palestra sobre bioética

Jornal O Norte
23/02/2006 às 09:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:29

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Com uma palestra instigante que terminou com lançamento de livro, sessão de autógrafos e, para completar, uma chuvinha refrescante, o ex-reitor da Unimontes – Universidade estadual de Montes Claros, e presidente da Fapemig - Fundação de amparo à pesquisa do estado de Minas Gerais, professor José Geraldo de Freitas Drumond falou para alunos do curso de Medicina da Funorte sobre Bioética e a prática da medicina no século XX / XXI.



Em sua preleção, o professor, titular de Medicina Legal, Bioética, e Ética Médica da Unimontes discorreu sobre a evolução do conhecimento e o desenvolvimento biológico da espécie humana, enfatizando a presença e a importância da tecnologia nesse processo evolutivo, desde a construção do conceito Medicina e origem de seu símbolo – uma serpente em volta de um cajado – na Grécia antiga, passando por todo o processo de renovação que sofreu ao longo da história, até chegar a projetos revolucionários como Apolo, Manhatan e Genoma Humano, desenvolvidos pelos norte americanos no final do século passado, com uma breve parada na poesia de Vinícius de Morais – Rosa de Hiroshima – e na música de Lulu Santos – Como Uma Onda No Mar.

ÉTICA E TECNOLOGIA

Segundo o professor, não dá para estudar Medicina sem conhecer a biotecnologia e sem considerar a evolução da ética, que requer uma consciência ecológica, respeito às diferenças e promoção da justiça.

Professor José Geraldo de Freitas Drumond durante palestra na Funorte sobre bioética e a prática da medicina neste e no século passado


(Fotos: Paulo Luciano)

Com citação do escritor frankfurtiano Humberto Ecco,  Geraldo Drumond fala da angústia do século XX e da utopia de curá-la, abordando a necessidade do respeito aos limites além dos quais o avanço científico pode se voltar contra a dignidade do homem.

- O progresso é bom, mas nem sempre. É preciso prudência, ética e considerar as novas demandas da Medicina que incluem um paciente informado, fruto da sociedade da informação que impõe uma necessidade de aprendizagem e atualização permanente; a Bioética como uma nova ética da ciência que combine humildade com tecnologia para promover o bem-estar; os equipamentos de diagnóstico, as novas técnicas em Estética e Sexologia, a reprodução assistida, a terapia genética, a transplantologia e os novos equipamentos e medicamentos – diz o professor em sua palestra, salientado a necessidade de atenção extra para tendência humana de esperar que a Medicina satisfaça as utopias da eternidade, da beleza e do prazer.

QUALIFICAÇÃO

Para o coordenador do curso de Medicina da Funorte - Faculdades unidas do Norte de Minas, Antônio Prates Caldeira a palestra foi importante para a formação dos acadêmicos logo no início do curso, afim de que possam desenvolver desde cedo a consciência ética, assimilando na prática e de forma natural a importância desta área que representa um dos maiores desafios da profissão.

Antônio Prates  salienta que o Conselho de Medicina é rígido na formação de novos cursos, mas que quando comprovam a qualidade destes, oferecem todo apoio para que se fortaleçam e se consolidem.

- A presença do professor José Geraldo de Freitas Drumond, que é uma autoridade em Bioética, Ética médica e Medicina Legal, proporciona aos acadêmicos uma oportunidade de ver as implicações que estas áreas representam dissecadas com experiência e conhecimento, o que enriquece o aprendizado e fortalece o curso – argumenta.

REFERÊNCIA

O estudante do 1º período, Bruno Sandes, 20 anos, diz que a palestra foi muito construtiva e ampliou a visão do que esperar do curso e da prática da profissão. Marco Antônio Barral, 19 anos, também aluno do 1º período, diz que se surpreendeu com a abrangência da palestra, que falou sobre a evolução da Medicina considerando todos os aspectos, inclusive políticos, sociais e culturais.

- Foi possível entender que a Bioética é o futuro da Medicina. E o professor José Geraldo é para todos nós uma referência. Foi realmente muito construtiva – conclui.

PARCERIAS

O presidente da Funorte e diretor da Soebras - Associação educativa do Brasil, vereador Ruy Muniz, diz que a instituição procura fazer tudo para tornar o curso de Medicina um dos melhores do país.




O diretor da Funorte Ruy Muniz, o palestrante José Geraldo


Drumond, o coordenador Antônio Prates Caldeira


e a diretora administrativa Raquel Muniz


- A presença do professor José Geraldo é muito relevante para a formação de nossos acadêmicos, pois ele tem uma bagagem de conhecimento muito grande, além de ser uma autoridade nas questões legais da Medicina.  E, como presidente da Fapemig, essa parceria é fundamental no desenvolvimento de projetos de pesquisa, principalmente considerando que a Soebras/Funorte é uma instituição comunitária e o apoio do estado nesta área é imprescindível para sua sedimentação – argumenta Ruy Muniz, que diz que, a convite da Funorte, o professor José Geraldo irá a Portugal conhecer a UTAD – Universidade de Trás os Montes e Altod’oro, onde professores de Montes Claros cursam pós-graduação stricto sensu - mestrado e doutorado - através da parceria mantida pela universidade portuguesa e a Soebras/Funorte.

ALERTA

Ao final da palestra o professor Jose Geraldo Drumond faz um alerta, um desafio e uma sugestão à coordenadoria do curso.

- A grande falha da Medicina é a comunicação. É comum o profissional não enfrentar as dúvidas, o medo do paciente, por não saber como falar em uma linguagem que ele entenda bem. É importante que os novos profissionais sejam preparados para essas situações – conclui.

O evento encerrou com o lançamento do livro O Ethos médico: a velha e a nova moral médica, pela editora Unimontes (2005), de autoria do palestrante.

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