Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

O mês de agosto se aproxima. E com ele o burburinho de suas festas. Os grupos de Congado e o som dos seus tambores, os capacetes com fitas coloridas caindo pelos ombros, as roupas brancas, azuis, vermelhas e rosas, o canto, a dança. Moradores de todos os bairros descem para o centro da cidade que tem suas enfeitadas. Uma festa!

O Congado, constituído pelas guardas Catopês, Marujos e Caboclinhos, representa uma das mais expressivas manifestações culturais de Montes Claros (foto: Fábio Marçal)

O encontro agendando por devotos de norte a sul do país acontece há mais de 150 anos e movimenta a cidade durante cinco dias, misturando em um mesmo cenário, raças, credos e classes sociais.

Para completar, o Festival Folclórico, que acontece há 28 anos, além dos tradicionais grupos folclóricos que remontam décadas, reúne artistas e devotos de todo país que, junto com o povo, vêm render homenagens a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Divino Espírito Santo.

Neste ano o Festival propõe um debate sobre o tema Territorialidade e pertencimento, questionando a interferência de instituições oficiais e não-oficiais nas manifestações populares tradicionais, levando em consideração os povos e a língua, que é uma grande unificadora definidora de territórios.

Durante o Festival, acontece o 10° Encontro de Cultura e Educação, com debates, palestras e mesas-redondas, abordando os temas sobre a cultura brasileira.

Na programação artística, shows com diversos artistas do cenário nacional, que se apresentam na Praça da Matriz, em um cenário temático, com barraquinhas de artesanato, comidas e bebidas. Também estão previstos cursos e oficinas de Construção de brinquedos artesanais, Tecelagem em fibra de bananeira; Xilogravura; Recorte; Atabaques; Bonecos em massa de modelar, Percussão e Construção de instrumentos, todos com inscrições gratuitas.

TERNOS DE CONGADO

Montes Claros possui grande diversidade de manifestações culturais que têm a música como um dos principais meios de expressão. Talvez a mais significativa delas seja o Congado, constituído pelas guardas Catopês, Marujos e Caboclinhos, que entre os meses de maio e agosto desfilam pelas ruas visitando casas e igrejas, devotando sua fé e sua crença no poder divino. Atualmente se subdividem em três ternos de Catopês, dois ternos de Marujos e um terno de Caboclos.

MARUJOS

Os Marujos usam vestimentas com as cores azul e vermelho – o azul representando os cristãos e o vermelho representando os mouros. O capitão do terno vem à frente, com sua espada, conduzindo o cortejo e trazem expressa em sua arte, a fusão de várias tradições portuguesas, encenando grandes feitos náuticos e a vitória do catolicismo sobre os muçulmanos. Na música, a alegria e a tristeza estão sempre lado a lado, dividindo os versos acompanhados por pandeiros - comuns às guardas de Congado - e por cavaquinhos, violões e violas de 12 cordas.


 


CABOCLINHOS

Os Caboclinhos retratam a figura do índio brasileiro, associado à Confraria de Nossa Senhora do Rosário. Seus trajes simbolizam as vestimentas indígenas, com enfeites de penas acopladas às roupas vermelhas. Os integrantes conduzem pequenos arcos e flechas que completam a caracterização. As flechas, quando arremessadas, não se livram devido a um ressalto que as mantêm presas no arco e, por entrechoque, funcionam como marcador rítmico ajudando a compor a sonoridade do grupo. Seus instrumentos são pandeiros de pele de couro construídos artesanalmente, violas e uma rabeca, tocada pelo mestre Joaquim Poló.

CATOPÊS

Os Catopês apresentam variações em suas vestimentas, principalmente nas cores, que costumam estar relacionadas àquelas predominantes na bandeira do santo de devoção do terno. Os dois ternos de Nossa Senhora do Rosário utilizam camisas e calças brancas, e o terno de São Benedito utiliza, predominantemente, a cor rosa. Os integrantes dos três ternos usam na cabeça o que eles chamam de capacete, adereço com fitas coloridas e penas, variando de acordo com o terno. Os Catopês usam somente instrumentos de percussão: caixa, chama, tamborim, pandeiro e chocalho.

FESTAS DE AGOSTO

As tradicionais Festas de Agosto acontecem de 16 a 20 de agosto, com levantamento de mastro, cortejo de reinados com participação de ternos de outras cidades, além da programação do 28º Festival Folclórico de Montes Claros.

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