Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
O projeto Palavras e Idéias, promovido pela secretaria municipal de Cultura, recebe no próximo dia 31 de outubro o escritor Bartolomeu Campos de Queirós, um dos participantes do programa Tim Estado de Minas Grandes Escritores, que tem levado escritores de renome nacional a cidades do interior do Estado, além de Belo Horizonte.
Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o suficiente para uma palavra me ressuscitarBartolomeu Campos de Queirós
Bartolomeu participa de um bate-papo com o público, onde fala sobre literatura, leitura, educação e suas experiências como educador.
Com uma linguagem que consegue ser, ao mesmo tempo, simples e densa, Bartolomeu Campos Queiroz é autor de 43 livros publicados no Brasil, vários deles traduzidos e editados em outros países. Muitos de seus textos foram adaptados para o teatro, dentre eles, Ciganos, encenado pelo Grupo Ponto de Partida, de Barbacena/MG. Sua obra tem sido tema de teses acadêmicas (áreas de Literatura e Psicologia) em várias universidades brasileiras.
Nascido em Papagaio, no interior de Minas Gerais, o compenetrado e metódico Bartô se interessou desde cedo pela literatura e pelo ensino da arte, retratando em suas obras os sabores, cheiros e cores dos muitos lugares por onde passou, em uma prosa poética refinada, que lhe rendeu vários e importantes prêmios literários nacionais, como o Prêmio Cidade de Belo Horizonte; Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro; Selo de Ouro, da Fundação Nacional do Livro Infanta-Juvenil; 9ª Bienal de São Paulo; 1ª Bienal do Livro de Belo Horizonte; Diploma de Honra da IBBY, de Londres. Com o livro Index, foi o vencedor do Concurso Internacional de Literatura Infanto-Juvenil (Brasil, Canadá, Suécia, Dinamarca e Noruega).
De poucas palavras, avesso à badalação e só faz o que gosta. Assim é Bartolomeu. Seus textos, ao contrário, são transparentes, leves, sem, contudo, serem superficiais.
Com formação nas áreas de educação e arte, cursou o Instituto Pedagógico de Paris, se destacando como educador em vários níveis desde a década de 70, contribuindo com importantes projetos da secretaria de Estado da Educação e Ministério da Educação. Foi presidente da Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes, membro do Conselho Estadual de Cultura e do Conselho Curador da Escola Guignard. Atualmente participa do Projeto ProLer, da Biblioteca Nacional, ministrando conferências e seminários sobre educação, leitura e literatura. Também atua como crítico de arte, integrando júris e comissões de salões e fazendo curadorias e museografias de exposições.
OBRA
O primeiro livro - O peixe e o pássaro - foi publicado em 1974. Desde então ele passou se dedicar à literatura infantil com obras como Ler, Escrever e Fazer Conta de Cabeça, que tem Formiga Amiga, Pato Pacato, Guarda-Chuva da Guarda, Cavaleiros das Sete Luas, Até Passarinho Passa, Ciganos, Patas da Vaca, Olho de Vidro do Meu Avô, De Não em Não, e muitas outras, com uma narrativa poética carregada de significados.
O autor atribui sua relação com as crianças à proximidade estimulada em sala de aula, já que foi professor por muitos anos. Segundo ele, quando começou a escrever, os mais jovens foram seus primeiros leitores, que faziam suas observações, até que um dia resolveu enviar um texto para o concurso João de Barro, da prefeitura de Belo Horizonte, que ficou o primeiro lugar. Daí, não parou mais.
Usando o processo de metalinguagem para que o leitor possa se inserir no texto, o autor instiga a imaginação, dando liberdade de várias leituras e permitindo ao leitor ir além.
Bartolomeu Campos revela através de sua obra literária e de seu trabalho como educador a necessidade premente de se promover através da educação valores mais humanos nas crianças, que precisam deixar de ser consumidoras, repetidoras, e passarem a ser criadoras.
Com a simplicidade e nobreza típicas do povo mineiro, o escritor diz não gostar de literatura com destinatários, pois cada leitor absorve o texto conforme sua vivência e por isso procura escrever um texto que permita apenas uma leitura e não um texto literário, já que a literatura abre portas, mas a paisagem está escondida na emoção de cada leitor que, como diz humildemente, sempre sabe mais que ele.
GRANDES ESCRITORES
Em sua 5ª edição, o Tim Estado de Minas Grandes Escritores foi idealizado em 2002 pelo professor Marcelo Andrade, de Viçosa. Abarcado pelo jornal Estado de Minas pela empresa de telefonia Tim, ganhou projeção estadual, aproximando os autores do público. Em montes Claros, já trouxe escritores como Roberto Drummond, Zuenir Ventura, Adélia Prado, Afonso Romano de Sant´Anna, Carlos Herculano Lopes, Alcione Araújo, Marina Colasanti, Nelson Motta, Rose Marie Muraro entre outros.
Além de trazer os escritores participantes às cidades participantes, o projeto contempla com livros dos escritores participantes as bibliotecas Professor Antônio Jorge, da Unimontes, e a biblioteca pública municipal Doutor Antônio Teixeira de Carvalho, a cada edição.
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O escritor Bartolomeu Campos de Queirós conversa com o público no dia 31 de outubro, a partir das 20horas, na sala Geraldo Freire, ao lado da Câmara Municipal. A entrada é gratuita.