ECONOMIA

Setor de móveis tem retração de 19,4% no segundo semestre de 2021

João Sampaio
HD
11/02/2022 às 09:29.
Atualizado em 11/02/2022 às 09:29
ENCOSTADOS – Perda de poder aquisitivo da população leva à compra de mobiliário novo para o final da fila das prioridades (Helena Pontes/Agencia IBGE Noticias)

ENCOSTADOS – Perda de poder aquisitivo da população leva à compra de mobiliário novo para o final da fila das prioridades (Helena Pontes/Agencia IBGE Noticias)

Fortemente impactado pela alta nos custos da matéria-prima e pela perda de poder aquisitivo da população, o setor de móveis teve no segundo semestre de 2021 o pior resultado entre os oito grupos de comércio varejista do país, com queda de 19,4% nas vendas, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em todo o país, o indicador apresentou queda de 0,1% em dezembro em relação ao mês anterior. Em Minas, o recuo foi de 1,7%.

Para Leonardo Tristão, gerente comercial do Boulevard Decor, loja de móveis e decoração, a explicação para o baixo desempenho do setor passa por três fatores: o encarecimento da matéria-prima, uma vez que grande parte dos insumos é importada e portanto cotada em dólar. Outro ponto é a perda de poder aquisitivo da população, e com isso adiando compras que não são tidas como essenciais; e por fim a própria pandemia de coronavírus, que afetou a circulação e movimento nas ruas. 

“Isso tudo repercute nos preços ao consumidor final, já que é um processo em cadeia”, resume o gestor.
 
IMPORTAÇÕES
Ainda segundo Leonardo Tristão, muitos materiais fundamentais para a fabricação de móveis, como espuma, tecidos e couros, são importados e, portanto, cotados em dólar. A moeda norte-americana continua muito valorizada em relação ao real (R$ 5,24 pelo câmbio de 9/2). Como se isso não bastasse, vários desses insumos básicos estão em falta no mercado, daí seu natural encarecimento pela lei da oferta e da procura. 

“Se um tempo atrás os reajustes eram previsíveis, na conjuntura atual isso se tornou impossível; é tudo imprevisível e temos então reajustes constantes”, explica.

Com os custos de produção cada vez mais caros, não há alternativa para o comerciante a não ser também encarecer o produto final, como relata Quintão. Ele estima que o aumento médio nas mercadorias ficou entre 40% e 50% ao longo do ano passado, o que contribui para afugentar ainda mais o consumidor. 

“Como o mobiliário não é um produto de extrema necessidade, as pessoas acabam adiando a compra até quando puderem; muitos preferem reformar os móveis e só vão trocar mesmo quando os atuais estiverem caindo aos pedaços”, diz.
 
DIFICULDADES
Conforme o IBGE, a atividade de móveis – que forma um grupo pesquisado ao lado de eletrodomésticos – teve queda também na passagem de novembro para dezembro (-17,6%). Com isso, a atividade registra sete meses consecutivos de resultados negativos na comparação interanual, tendo exercido o maior impacto (-1,8 ponto percentual) no total do varejo para o ano. 

“A perda de 7,0% com relação ao ano de 2020, inverte a trajetória de alta (10,6%) registrada na passagem de 2019 para 2020 com relação a 2019”, explica o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos.

Para ele, o segmento passa ainda por dificuldades para se adaptar ao rearranjo no consumo que ocorreu para esses produtos em decorrência da pandemia. 

“Houve uma antecipação de compras por parte dos consumidores, que resultou em um crescimento rápido seguido de queda. Além desse deslocamento do consumo, o setor sofre interferência da alta do dólar e da redução da renda e, portanto, do poder de consumo da população”, avalia.

SAIBA MAIS
Conforme a pesquisa do IBGE, além do setor de móveis e eletrodomésticos, outros quatro apresentaram queda no segundo semestre de 2021: Livros, jornais, revistas e papelaria (-9,7%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,6%), combustíveis e lubrificantes (-3,1%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,6%).
Por outro lado, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,3%), Tecidos, vestuário e calçados (3,8%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,7%) tiveram resultados positivos na comparação com o segundo semestre de 2020.

Apesar do recuo no último mês do ano, o acumulado de 2021 apresentou crescimento de 1,4% em relação a 2020. Esse resultado foi possível porque, conforme explica o IBGE, o varejo teve no ano passado um primeiro semestre de 6,7% de alta. A sequência de quedas se deu no segundo semestre, cujo recuo foi de 3%. O comportamento foi inverso ao do ano de 2020, que teve queda no primeiro semestre (-3,2%) e alta no segundo (5,1%).

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