economia

Seca histórica ameaça o bolso dos brasileiros

Estiagem e queimadas elevam os preços da energia e causam a escassez de alimentos

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 09/09/2024 às 19:00.
Brasil enfrenta a seca mais intensa dos últimos 70 anos, com aproximadamente 5 milhões de km² sob algum grau de estiagem (LARISSA DURÃES)

Brasil enfrenta a seca mais intensa dos últimos 70 anos, com aproximadamente 5 milhões de km² sob algum grau de estiagem (LARISSA DURÃES)

A seca mais intensa dos últimos 70 anos no Brasil, que atinge 58% do território nacional, promete afetar diretamente o bolso dos brasileiros no decorrer do ano. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), cerca de 5 milhões de km² estão sob algum nível de estiagem. A crise hídrica levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a acionar a bandeira vermelha, impondo uma cobrança extra de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. A escassez de alimentos, por sua vez, deve pressionar os preços, em um cenário onde o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já acumula alta de 4,5% nos últimos 12 meses, conforme dados do IBGE, alcançando o teto da meta do Banco Central.

A meteorologia da Cemig informa que a massa de ar quente e seco permanece intensa em Minas Gerais, reduzindo a umidade relativa do ar a menos de 20% em quase todo o estado, chegando a 10% nas regiões Norte, Central e Triângulo. As temperaturas devem atingir seu pico entre quarta e quinta-feira, com máximas de 38?°C no Norte de Minas e Triângulo, 34?°C no Leste, 33?°C na Região Central e 32?°C na Zona da Mata e sul de Minas. 

O engenheiro de Eficiência Energética da Cemig, Thiago Batista, destaca que economizar energia requer tanto a escolha adequada do aparelho quanto seu uso eficiente. “O modelo Split de ar-condicionado é mais eficiente, mas é importante calcular o consumo anual com base na etiqueta de eficiência energética e na tarifa de energia. Além disso, mesmo ventiladores com menor potência podem aumentar a conta se usados por longos períodos, abrir e fechar a porta da geladeira o menos possível”, avisa. Thiago também recomenda usar o chuveiro na posição verão para economizar até 30%, sem prolongar o tempo de banho. 
 
ALIMENTOS
Vânia Vilas Boas, economista, observa que em agosto os preços dos alimentos da cesta básica, como tomate, banana-caturra e batata, começaram a cair. No entanto, para setembro, já se nota um aumento em alguns itens, principalmente derivados do leite, devido à estiagem. “A região enfrenta uma ‘extrema estiagem’, com falta de chuvas desde março, afetando tanto grandes quanto pequenos produtores e elevando os preços das frutas e outros produtos”.

“No caso do projeto Jaíba, o qual é o grande produtor de frutas da região, os preços desses itens também estão subindo devido à escassez hídrica, reduzindo a oferta e aumentando os preços”, avisa.

Para ela, a estiagem e as queimadas prejudicaram regiões produtivas importantes, como Minas Gerais e São Paulo, e podem impactar o preço da carne bovina. “Em São Paulo, o pasto foi gravemente afetado, o que pode comprometer o preço da carne bovina”, destaca.

Vânia alerta para o risco de desabastecimento, destacando a importância de políticas públicas e importação para mitigar a falta de produtos. Para economizar, ela recomenda substituir itens, pesquisar preços e optar por produtos da safra para lidar com a menor oferta.

“Vai ser quase impossível para mim que tenho crianças e adolescentes na família. Mas vou ter que tentar e brigar se for necessário. Já que com eles é mais difícil a disciplina, tanto alimentar quanto comportamental”, diz Maria Tereza Arruda, dona de casa e mãe de dois. “Este ano está difícil, tudo bem caro, e o tempo seco e o povo queimando tudo. E é o povo que acaba pagando a consequência de tudo isso”, lamenta.

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