O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a setembro, revelando uma leve retração no mercado formal de Montes Claros. No período, as empresas do município contrataram 4.426 trabalhadores e demitiram 4.492, resultando em um saldo negativo de 66 postos de trabalho. O número total de empregados com carteira assinada chegou a 98.939.
Apesar da queda pontual, o desempenho no acumulado de 2025 segue positivo. Entre janeiro e setembro, foram registradas 40.968 admissões e 38.908 desligamentos, o que representa a criação de 2.060 novas vagas, com média mensal superior a 226 empregos formais. No comparativo dos últimos 12 meses, o saldo também é favorável, com 2.406 novos postos de trabalho.
Para muitos jovens, esse movimento do mercado representa uma oportunidade de inserção profissional. A jovem Maria Luiza Guimarães, de 18 anos, começou há três meses sua primeira experiência como atendente. Apesar de ainda não ter a carteira assinada, ela considera o trabalho um marco importante. “O emprego abriu uma oportunidade muito boa pra mim. Eu vi a chance de querer crescer e melhorar”, contou.
Maria Luiza relata que encontrar o primeiro emprego não foi simples. “É difícil, sim, porque as empresas quase não contratam quem não tem experiência. Pra começar, eu achei um pouco complicado”, disse. Depois de dois meses de busca, conquistou a vaga e, hoje, trabalha seis horas por dia, conciliando a rotina profissional com os estudos. “Eu estou achando tranquila a rotina, porque consigo aproveitar a tarde e à noite. Dá pra ter a tarde toda livre pra estudar”, afirmou.
Segundo o coordenador do Observatório do Trabalho da Unimontes, professor Roney Sindeaux, a leve queda observada em setembro está associada à perda de postos em dois setores-chave: serviços e indústria. “Essa queda está diretamente relacionada à perda de vagas nesses dois setores. O setor de serviços teve uma perda líquida de 75 postos, e a indústria, que vinha crescendo, registrou redução de 61 vagas”, explicou.
Sindeaux destacou que, mesmo com o recuo, o cenário geral é de estabilidade. “Houve uma situação pontual em uma indústria específica, relacionada a uma reorganização internacional, que resultou em mais de 200 desligamentos. Mesmo assim, o saldo do setor caiu apenas 61 vagas, o que mostra que ele segue em expansão. Se não fosse esse caso isolado, o saldo seria positivo”, afirmou.
No setor de serviços, o principal fator negativo foi o teleatendimento, considerado um segmento volátil. “O teleatendimento contrata e descontrata com frequência. Até julho, o setor vinha com saldo negativo, teve melhora em agosto, mas voltou a cair em setembro, puxando o desempenho geral para baixo”, avaliou.
Ainda assim, o coordenador reforça que Montes Claros mantém um mercado de trabalho dinâmico e promissor.