
Um total de 89 produtores de gado no Norte de Minas Gerais ultrapassou a média de 40% de prenhez, um índice reprodutivo que indica a porcentagem de vacas gestantes em relação ao total de vacas aptas do rebanho a cada 21 dias. Esse avanço é resultado da adesão ao programa Sebraetec FIV, promovido pelo Sebrae Minas, que utiliza a Fertilização In Vitro (FVI) para o aprimoramento genético do rebanho.
O programa Sebraetec FIV atendeu produtores nos municípios de Bocaiuva; Buritizeiro; Coração de Jesus; Francisco Sá; Guaraciama; Icaraí de Minas; Jaíba; Janaúba; Januária; Montes Claros; Nova Porteirinha; Olhos D’Água; Patis; Pirapora; Ponto Chique; Salinas; São Francisco; São João da Ponte; Taiobeiras; Ubaí; e Várzea da Palma.
Produtor da Fazenda Canoas, no município de Ubaí — 154 km de Montes Claros, Daniel Sullivan Martins conseguiu 100% de prenhez em seis vacas. “O veterinário disse ser difícil atingir esse percentual e ficou impressionado. Acredito que esse número é resultado de um trabalho bem feito, realizado pelos consultores que me acompanham, e do cuidado que tive para tratar bem o rebanho”, ressalta o produtor.
Ainda em Ubaí, o produtor Mateus Marques Queiroz, da Fazenda Sabões, também celebra os resultados. Ao lado do pai, Admilson Ribeiro, ele administra uma fazenda de 70 alqueires. Ao todo, são 45 vacas com produção de cerca de 500 litros diários de leite. Eles estão no terceiro ciclo do programa Sebraetec FIV e comemoram o retorno. “É altamente vantajoso devido ao subsídio oferecido pelo Sebrae. Aos poucos, estamos evoluindo na qualidade genética, pois uma vaca comum que produz oito litros de leite/dia vai gerar uma bezerra que irá entregar cerca de 25 litros diários”, comemora.
Participante de dois ciclos do programa, o produtor Cesar Almeida de Matos, da Fazenda Tapera, em São Francisco, conta que, na primeira vez, os resultados foram pouco expressivos pela inexperiência para seguir as técnicas. No entanto, no segundo ciclo, de oito embriões transferidos, cinco vacas ficaram prenhas. A rapidez do retorno é uma das vantagens apontadas pelo produtor. “No método tradicional de inseminação, nem sempre conseguimos ser assertivos na qualidade. Com o Sebraetec FIV, o embrião já vem selecionado de um touro e de uma matriz de procedência, o que permite melhorar a qualidade do rebanho em menos tempo”, comemora o produtor que, com o pai, tem cerca de 60 cabeças de gado.
MELHORAS SIGNIFICATIVAS
Nos últimos dois anos, houve casos em que o índice de prenhez chegou a 100%. Durante esse período, foram realizadas 1.232 transferências de embriões, com um investimento aproximado de R$ 1,2 milhão. Os produtores participantes recebem um subsídio correspondente a 70% dos custos do programa, além da consultoria técnica para manejo e adequações na alimentação, visando garantir melhores resultados.
A analista do Sebrae Minas Hebbe Mendes destaca que os resultados demonstram o rigor técnico que existe no Sebraetec FIV. “Os produtores conseguem uma melhoria significativa na qualidade genética do seu rebanho e, assim, um aumento da produtividade de leite. Percebemos que os produtores estão engajados para fortalecer a bovinocultura de corte e de leite na região e estamos intensificando nossa atuação”, reforça.
Sobre os desafios, Hebbe pontua: “O maior desafio para os produtores utilizarem a tecnologia da fertilização in vitro é a alimentação do animal. Para receber a técnica, o animal precisa estar bem alimentado, e como a região tem poucas chuvas, isso dificulta um pouco mais. É importante que os produtores se preparem para o processo no período das chuvas, quando os pastos estão mais abundantes e não são necessários tantos gastos com ração”, diz.
“Temos grandes resultados na região referente ao melhoramento genético do rebanho, tanto para o gado de leite quanto para o gado de corte. Com o FIV a vaca vai produzir uma quantidade maior de leite, e o animal de corte desenvolve-se mais rápido e ganha mais peso. Outra questão é a facilidade de venda desses animais, uma vez que outros produtores também têm interesse em ter um animal com capacidade para melhorar seu rebanho”, completa a analista do Sebrae Minas.