Mulheres representam 30% do empreendedorismo brasileiro, aponta Sebrae
Mulheres enfrentam desafios e preconceitos, mesmo na hora de obter crédito junto aos bancos, afirma analista do Sebrae (LARISSA DURÃES)
Uma pesquisa do Sebrae revelou que as mulheres representam mais de 10 milhões da força empreendedora no Brasil, mas ainda são apenas 30% do total de empreendedores. As empresárias enfrentam um ambiente de negócios mais hostil, com 42% delas presenciando preconceito contra outras mulheres e 25% sofrendo atitudes discriminatórias diretamente. Essa realidade leva muitas a questionar sua competência em cargos de liderança. Enquanto 85% dos homens se sentem confiantes na liderança, apenas 70% das mulheres compartilham desse sentimento.
A pesquisa mostra também que embora a renda média de empreendedoras tenha crescido mais que a dos homens (9,4% contra 5,6%), a diferença de rendimento entre os gêneros caiu apenas de 31,4% para 26,7% de 2022 para 2023. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) sugere que o fechamento dessas lacunas de gênero no mercado de trabalho poderia aumentar o PIB regional em 6,9% até 2030, se houvesse uma melhor divisão das tarefas de cuidado.
“As mulheres empreendedoras ainda encontram dificuldades para alavancar seus negócios. É necessário que mais mulheres se engajem e apoiem umas às outras, criando redes de apoio e as Instituições financeiras também precisam ser mais acessíveis ao empreendedorismo feminino”, ressalta a analista do Sebrae, Hebbe Mendes.
Outro ponto importante apontado por Hebbe é o preconceito que as mulheres enfrentam ao buscar crédito em instituições financeiras. “Normalmente, as taxas de juros para elas são mais altas, devido à dificuldade de negociação e à percepção dos bancos de que é mais arriscado conceder crédito a mulheres. Isso dificulta o acesso ao financiamento em comparação aos homens”, acredita a analista.
Ariane Gaudino, empreendedora, diretora da Associação Comercial e diretora da Federa Minas Mulher, destaca que a autoconfiança é o principal obstáculo para o sucesso das mulheres empreendedoras. “Capacitações, treinamentos e networking são essenciais para superá-lo”. Outro desafio significativo apontado por ela é a falta de educação financeira, que dificulta o acesso a financiamentos adequados, apesar de as mulheres serem mais adimplentes que os homens. “Além disso, a responsabilidade majoritária pelo cuidado familiar limita o tempo das mulheres para seus negócios”, diz.
Gaudino destaca também a discriminação que enfrentou, como a preferência de fornecedores por negociar com homens. Ela relata: “Já enfrentei vários desafios. Teve um fornecedor que só queria negociar com meu sócio. Ele não se sentia confortável negociando comigo. Sempre mantive uma postura firme e me posicionei de forma que não permitisse que essas situações me abalassem ou continuassem. Então, se for negociar, será comigo. É importante se acostumar com a ideia de que agora tem uma mulher aqui para conversar”, pondera.