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Domingo,20 de Abril
economia

Pesquisa aponta caminho hostil para empreendedoras

Mulheres representam 30% do empreendedorismo brasileiro, aponta Sebrae

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 26/06/2024 às 19:00.

Uma pesquisa do Sebrae revelou que as mulheres representam mais de 10 milhões da força empreendedora no Brasil, mas ainda são apenas 30% do total de empreendedores. As empresárias enfrentam um ambiente de negócios mais hostil, com 42% delas presenciando preconceito contra outras mulheres e 25% sofrendo atitudes discriminatórias diretamente. Essa realidade leva muitas a questionar sua competência em cargos de liderança. Enquanto 85% dos homens se sentem confiantes na liderança, apenas 70% das mulheres compartilham desse sentimento.

A pesquisa mostra também que embora a renda média de empreendedoras tenha crescido mais que a dos homens (9,4% contra 5,6%), a diferença de rendimento entre os gêneros caiu apenas de 31,4% para 26,7% de 2022 para 2023. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) sugere que o fechamento dessas lacunas de gênero no mercado de trabalho poderia aumentar o PIB regional em 6,9% até 2030, se houvesse uma melhor divisão das tarefas de cuidado.

“As mulheres empreendedoras ainda encontram dificuldades para alavancar seus negócios. É necessário que mais mulheres se engajem e apoiem umas às outras, criando redes de apoio e as Instituições financeiras também precisam ser mais acessíveis ao empreendedorismo feminino”, ressalta a analista do Sebrae, Hebbe Mendes. 

Outro ponto importante apontado por Hebbe é o preconceito que as mulheres enfrentam ao buscar crédito em instituições financeiras. “Normalmente, as taxas de juros para elas são mais altas, devido à dificuldade de negociação e à percepção dos bancos de que é mais arriscado conceder crédito a mulheres. Isso dificulta o acesso ao financiamento em comparação aos homens”, acredita a analista.

Ariane Gaudino, empreendedora, diretora da Associação Comercial e diretora da Federa Minas Mulher, destaca que a autoconfiança é o principal obstáculo para o sucesso das mulheres empreendedoras. “Capacitações, treinamentos e networking são essenciais para superá-lo”. Outro desafio significativo apontado por ela é a falta de educação financeira, que dificulta o acesso a financiamentos adequados, apesar de as mulheres serem mais adimplentes que os homens. “Além disso, a responsabilidade majoritária pelo cuidado familiar limita o tempo das mulheres para seus negócios”, diz. 

Gaudino destaca também a discriminação que enfrentou, como a preferência de fornecedores por negociar com homens. Ela relata: “Já enfrentei vários desafios. Teve um fornecedor que só queria negociar com meu sócio. Ele não se sentia confortável negociando comigo. Sempre mantive uma postura firme e me posicionei de forma que não permitisse que essas situações me abalassem ou continuassem. Então, se for negociar, será comigo. É importante se acostumar com a ideia de que agora tem uma mulher aqui para conversar”, pondera. 

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