![Para Simone Cristina Moreira, bancária aposentada, o aumento salarial teve pouco impacto no orçamento familiar, especialmente considerando os altos custos de itens básicos como combustível, transporte e alimentos (LARISSA DURÃES)](https://onorte.net/image/policy:1.1047164.1735850276:1735850276/image.jpg?f=2x1&w=1200)
O salário mínimo no Brasil começou 2025 com o valor de R$ 1.518, um aumento de R$ 106 em relação a 2024. O reajuste, que ficou um pouco abaixo da previsão de R$ 1.528, inclui 4,84% para cobrir a inflação e 2,5% de ganho real. A mudança segue as regras do novo arcabouço fiscal e impacta diretamente a vida de 59 milhões de pessoas, mas apresenta limites mais rígidos do que os modelos anteriores.
Esse reajuste terá impacto em vários setores. Programas como aposentadorias, seguro-desemprego e abono salarial terão seus valores ajustados a partir de 1º de janeiro. A renda mínima para inclusão no Cadastro Único (CadÚnico) foi elevada para R$ 759, e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) também adotará este critério. Além disso, os microempreendedores individuais (MEIs) passarão a recolher R$ 75,90 para o INSS, refletindo diretamente o novo piso salarial.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) explicou que o reajuste do salário mínimo, seguindo as regras do arcabouço fiscal (conjunto de regras criadas para controlar os gastos do governo e garantir o equilíbrio das contas públicas), trouxe um aumento menor do que o modelo antigo, que somava a inflação mais 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Com essas novas regras, o poder de compra dos trabalhadores pode ser afetado, especialmente em um momento em que a recuperação da economia não acontece de forma igual para todos.
Para o economista Aroldo Rodrigues, o reajuste no salário mínimo, embora positivo para os trabalhadores, reflete as dificuldades da gestão fiscal do governo. “Enquanto medidas como essa injetam recursos na economia e podem impulsionar setores como consumo e serviços, há também um impacto direto nas contas públicas”, destaca. Rodrigues ainda aponta que o aumento se torna um custo adicional em um cenário fiscal já fragilizado. “Embora o aumento gere um efeito positivo no curto prazo, ele também representa uma pressão sobre as finanças públicas.”
O economista também critica o volume de recursos destinados a emendas parlamentares, que, segundo ele, consomem verbas significativas sem benefícios diretos para a população. Além disso, a ampliação de ministérios e o aumento do quadro de funcionários são fatores que pressionam o orçamento sem trazer retornos evidentes para os cidadãos. Apesar das críticas, o impacto positivo do aumento do salário mínimo no consumo é reconhecido. “Reforça a importância da medida para os cidadãos, especialmente no curto prazo”, conclui Rodrigues.
SEM DIFERENÇA
Para Simone Cristina Moreira, bancária aposentada, o aumento não fez diferença significativa em seu orçamento familiar, principalmente diante dos preços elevados de itens essenciais como combustível, transporte e alimentação. “Foi muito pouco. Não faz diferença nenhuma”, declarou. Ao ser questionada sobre como adaptaria seu orçamento, ela afirmou que continuará com os mesmos cuidados financeiros, evitando gastos desnecessários. “É continuar controlando o gasto, evitando compras. Esse aumento não trará grandes mudanças”, disse.
Simone também criticou o novo critério de reajuste baseado no arcabouço fiscal, sugerindo que os aumentos deveriam ser mais próximos aos índices de inflação. “O salário visa justamente isso, então qualquer índice diferente disso não resolve o problema do cidadão”, explicou.
AUMENTOU, PORÉM...
André Ricardo Alves Martins, inspetor do estado, reconhece que qualquer aumento é positivo, mas considera que o reajuste de R$ 106 não é suficiente para acompanhar os preços elevados dos produtos básicos, especialmente nos supermercados. “A minha perspectiva de vida é sempre otimista, mas é um aumento abaixo do que a gente encontra no mercado. Na prática, os produtos do dia a dia superam o valor do salário mínimo”, afirmou.
Martins também se manifestou sobre o novo critério de reajuste, destacando que, embora não tenha conhecimento detalhado sobre o arcabouço fiscal, os cálculos realizados para o aumento não refletem as dificuldades cotidianas dos trabalhadores. “Os produtos básicos continuam sendo mais caros que o valor do aumento”, disse. Como exemplo, citou o preço do café, afirmando que o reajuste não é suficiente para suprir as necessidades diárias. “O aumento de R$ 106 não atende. O que eles fazem de contas a gente não sabe, o que sabemos é que ele é insuficiente”, concluiu.
*Com informações da Agência Brasil