A taxa Selic desempenha um papel crucial no cenário econômico, afetando diversos aspectos da vida financeira no Brasil (MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL)
O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, conhecido popularmente pela sigla Selic, é a taxa de juros básica da economia brasileira. Ela desempenha um papel crucial no cenário econômico, afetando diversos aspectos da vida financeira no Brasil. Flutuações na taxa Selic têm impacto direto sobre o custo do crédito, a rentabilidade de investimentos, o controle da inflação e a política monetária do país. A taxa Selic é a taxa interbancária entre o Banco Central e os Bancos Comerciais. Sendo assim, representa a taxa de juros negociada entre esses bancos. Por conseguinte, quando a taxa Selic aumenta, o Banco Central está indicando aos bancos que devem emprestar menos dinheiro à população. Da mesma forma, quando a Selic cai, o Banco Central está sinalizando que os bancos comerciais terão mais recursos para emprestar à população.
“Quando a taxa Selic sobe, os outros juros do cartão de crédito e financiamentos também sobem, dívidas, em geral, ficam mais caras. Quando cai, os outros juros ficam mais baratos. Então, nós, população não pagamos taxa Selic, nas nossas atividades financeiras, pagamos outros juros, cobradas pelas instituições bancárias, mas seguem a tendência da Selic”, comenta a professora de economia Paula Caires, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e coordenadora do Projeto de Extensão Finanças na ponta do lápis.
Paula explica que, para as pessoas que pensam ou dizem ‘este mundo não é para mim’, é essencial ressaltar que todo brasileiro precisa ter a curiosidade de visitar o site do Tesouro Direto para aprender mais sobre economia de maneira didática e abandonar esse tipo de pensamento.
“É um site popular, bem didático, mas pode investir também comprando papel do Governo com baixo custo e ganhando um retorno de 13% ao ano do governo”. Para ela, é importante o brasileiro começar a fazer essa aposta por três ou cinco anos para ser proprietário de um título do tesouro. “E criar o hábito de ter sua carteira digital para comprar um carro, fazer uma festa de 15 anos, pois é uma maneira de planejar por curto prazo e ter uma boa renda”, aconselha. Para a professora, o brasileiro deve entender que a Taxa Selic é quem dita as regras. Por isso, toda ajuda, inclusive em ganhar dinheiro vindo do Governo Federal, é bem-vinda.
“As taxas de juros no Brasil são muito elevadas. E o Mercado Financeiro quer que a gente acredite que a taxa de juros elevada é o único caminho, mas não é, temos outras saídas como política de preços da gasolina, questões voltadas para fornecimento de alimentos, entre outros mecanismos”, destaca a economista.
MÃO FORTE
A taxa Selic afeta a vida do brasileiro principalmente, influenciando os juros, o cheque especial, os juros do cartão de crédito e os juros do financiamento de um carro ou de uma casa. “Então quando a taxa de juros está nesse nível que estamos vivendo, 13,25% ou 12,75%, é muito elevada como taxa para a população brasileira. Então, a Selic como está sufoca a economia real, sufoca os empresários e os consumidores. Por isso, o Governo pressiona que o Banco Central abaixe a taxa de juros. Mas, por outro lado, o Banco diz se abaixar, vai ter mais dinheiro girando nas ruas e pode trazer inflação. Então, o Banco Central não está preocupado com emprego, com investimento de pequeno porte, está preocupado com a inflação. Cada um com seus problemas e o povo que sofre”, explica Paula.
Para a professora é importante que as pessoas entendam também que no Brasil a Taxa Selic é uma das maiores do mundo. “E isso é devido à força do Mercado Financeiro muito grande. O Mercado Financeiro não gostou, está assustado, então, tem gente que ganha muito dinheiro com taxas altas. Tem uma pequena porcentagem que vive por ganhar com taxas de juros altos. O Banco Central trabalha para a minoria, mas, atenuam com o discurso, moralmente aceito, que é a preocupação com a inflação”, destaca a economista.
Sara Beatriz Pinheiro Santo, estilista, costureira e consultora de imagem, sente todo dia o peso da mão forte da Selic na sua pequena empresa. “Não entendo muito sobre Selic, mas sei que é muito importante, porque influencia diretamente nas taxas de juros. E, como microempreendedora, procuro olhar muito como anda a taxa de juros para poder fazer empréstimos e arrumar capital de giro, mas as linhas de crédito disponíveis mais facilmente têm a taxa de juros muito elevado”. Sara sente que deve fazer algo para driblar os juros da Selic, mas admite que “na atual crise financeira que estamos o pouco que recebo é para tentar manter meu negócio”.