O valor total retirado foi de R$ 1,142 bilhão, enquanto os depósitos totalizaram R$ 353,973 bilhões e as retiradas atingiram R$ 355,115 bilhões (MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL)
Dados divulgados pelo Banco Central mostraram que, no mês de abril, os brasileiros retiraram mais dinheiro da poupança do que depositaram. O total retirado foi de R$ 1,142 bilhão, enquanto os depósitos somaram R$ 353,973 bilhões e as retiradas atingiram R$ 355,115 bilhões. Essa reversão ocorre após um mês de março em que a poupança registrou um saldo positivo, com mais depósitos do que saques. Na ocasião, os brasileiros aplicaram R$ 324,7 bilhões e retiraram R$ 323,38 bilhões, resultando em um saldo positivo de R$ 1,339 bilhão.
Para o economista Aroldo Rodrigues, um dos motivos pode ser a necessidade de renda por parte das pessoas. “Muitos estão recorrendo às economias feitas na poupança para suprir demandas financeiras urgentes, como despesas inesperadas ou complemento de renda”, acredita.
Outro fator relevante é a busca por aplicações mais rentáveis. “Com a poupança apresentando rendimentos considerados baixos, alguns investidores estão optando por direcionar seus recursos para outras modalidades de investimento que prometem maior retorno financeiro, como títulos do tesouro direto ou fundos de investimento”, explica o economista.
Há quem tenha mantido dinheiro na poupança por longos períodos, mas que agora decide retirar os recursos para realocá-los em opções mais lucrativas. Essa tendência reflete uma busca por melhores oportunidades de investimento em um cenário de rendimentos mais atrativos. Como a médica veterinária e enfermeira Sandra Regina de Oliveira.
“Desde o período do Plano Collor, mantive investimentos em poupança, porque considerava um refúgio seguro em tempos de incerteza econômica. Naquela época, era vantajosa por não possuir encargos financeiros como em outras aplicações. Mas, agora, temos uma mudança no cenário financeiro e para quantias maiores de dinheiro, a poupança já não se mostra tão vantajosa quanto antes, devido à sua baixa rentabilidade”, acredita. Sandra, diz que irá retirar tudo que tem na poupança e passar para outra aplicação. “Não vou deixar nada. E se um dia voltar a ter lucro na poupança, posso até voltar a ter uma, mas agora, não vejo vantagens”, relata.
“Embora não seja possível apontar uma causa única para o aumento das retiradas da poupança, é importante considerar que as decisões de investimento são influenciadas por diversos fatores, como necessidades pessoais, expectativas econômicas e opções de mercado”, diz Rodrigues, que completa. “É válido ressaltar que, independentemente do motivo, a retirada da poupança pode ser uma estratégia financeira válida para alguns investidores, caso seja feita de forma consciente e alinhada com os objetivos financeiros de cada um.”
Aroldo considera importante guardar um pouco de dinheiro para o futuro. “É normal dizer que o correto seriam 20% do que a pessoa ganha. Porque não se sabe o que o futuro nos espera. Não precisa ser na poupança, já que hoje existem várias outras aplicações, mas guardar, sempre guardar, se possível for”, aconselha.