Washington Jonathan Rodrigues de Souza com a mãe, Cacilda Rodrigues Silva. (Arquivo Pessoal)
No mês de novembro se comemora-se o Dia Nacional da Família (8). Para celebrar essa data, o Sebrae Minas providenciou uma pesquisa para saber quantos negócios em Minas Gerais são geridos por núcleo familiar. A pesquisa entrevistou 1.413 empreendedores e mais da metade (51%) está à frente de negócios familiares.
Entre os portes, o Microempreendedor Individual (MEI) é o que mais tem familiares envolvidos no dia a dia das atividades empresariais: 56%. O percentual de Microempresas (ME) com gestão familiar é de 45% e de Empresas de Pequeno Porte (EPP) é de 41%.
Em Montes Claros, de acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Montes Claros, Ernandes Ferreira, os pequenos negócios familiares são mais de 60% ou até 70% na cidade.
“Ajudando assim a gerar desenvolvimento na cidade e região”, destaca o presidente.
O MEI Washington Jonathan Rodrigues de Souza, de 26 anos, conta que a mãe, Cacilda Rodrigues Silva, depois de trabalhar na loja do tio, abriu a sua própria loja de acessórios, dando início aos negócios da família. Ele começou a se envolver no comércio aos 12 anos e aos 17 começou a trabalhar efetivamente para ela.
“Com 19 anos, em 2018, abri a minha primeira loja. Hoje tenho também uma filial em um bairro da cidade e três funcionário. Já a minha mãe tem duas lojas e trabalha com o meu pai, sem funcionários”, conta. A família trabbalha nos seguimentos de óculos e moda masculina.
Segundo a pesquisa, o principal desafio na gestão de um negócio familiar, – apontado por 37% dos entrevistados – é organizar e distinguir as finanças do negócio dos pessoais.
Em seguida, separar a relação familiar da profissional, destacado por 36% dos entrevistados. O terceiro mais citado (22%) é estabelecer regras e distribuir tarefas e responsabilidades.
A pressão emocional maior pelo fato de o negócio ser da família foi mais citada por donos de EPP (28%) do que pelos de ME (16%) e por MEI (14%).
Indo contracorrente, para Jonathan, o maior desafio, é o de qualquer comércio e não o de trabalhar com a família. “O maior desafio é o de começar. Já o desafio de ter negócio com a família, devo admitir que não tive problemas, porque eu e minha mãe, somos bem tranquilos em relação a tudo que envolve o negócio. Não temos problema com contabilidade, e como ela me deu a primeira loja, depois de alguns anos, escolhi mudar o ramo para não atrapalhar o dela e devolvi para ela a que ela tinha me dado”, conta. Jonathan diz que ele e sua mãe conseguem separar os problemas das lojas de problemas familiares. “Hoje a gente deixa tudo muito separado, também porque a loja dela é a loja dela e a loja minha é a loja minha”, ressalta.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Montes Claros, Ernandes Ferreira, o maior desafio comerciantes é a profissionalização. “Porque quando se começa um negócio familiar, ele começa mais por necessidade. E o mercado hoje está bem exigente, com relação a atendimento, a entrega e a qualidade, as coisas estão se modernizando muito, então o desafio quando é familiar, para prosperar o negócio, é as pessoas procurarem profissionalizar o máximo possível”, pontua.
E que hoje os grandes aliados de qualificação são o próprio Sebrae e CDL, que possuem parcerias e palestras para ajudar nesta profissionalização desses empreendedores familiares .
Os entrevistados também foram questionados sobre os pontos positivos de um negócio familiar. A maioria (48%) citou a satisfação de trabalhar e estar mais próximo da família como a principal vantagem. Flexibilidade e autonomia foram outros benefícios citados por 47% e 38% dos entrevistados, respectivamente. Para Jonathan Souza, dono de duas lojas em MOC, o desafio é começar sozinho.
“Quando se tem um parâmetro e a pessoa te dá um norte, é um pouco mais tranquilo e mais fácil de lhe dar com as contas do início”, ressalta.
Do total de entrevistados que afirmou ter um negócio familiar, 90% estão na primeira geração do negócio, ou seja, começaram com o atual proprietário. As EPP têm um percentual maior que já passaram da primeira geração da família: 15% estão na segunda e 2% estão na terceira geração. As ME veem em segundo lugar, com 11% dos negócios já tendo passado da primeira para a segunda geração e 2% para a terceira. Já entre os MEI, 6% afirmam estar na segunda geração e apenas 1% na terceira.