ECONOMIA

Mulheres, negros e pardos têm menos chances no mercado

Em MOC, homens pardos ocupam mais empregos, porém negros e mulheres não.

Larissa Durães
Publicado em 22/05/2023 às 19:00.
Montes Claros os pardos (55,52%) ocupam a maioria dos empregos formais na cidade. (Larissa Durães)

Montes Claros os pardos (55,52%) ocupam a maioria dos empregos formais na cidade. (Larissa Durães)

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a taxa de desempregados foi maior entre as mulheres, pretos e pardos, no primeiro trimestre de 2023. Segundo a pesquisa, a taxa de desemprego entre as mulheres ficou em 10,8%, enquanto entre os homens o índice foi de 7,2%. No recorte por cor ou raça, o IBGE verificou que a taxa de desocupação foi de 11,3% entre os que se autodeclaravam pretos; 10,1% entre os pardos e apenas 6,8% entre brancos.

De acordo com o professor do programa de mestrado em Desenvolvimento Econômico em Estratégia Empresarial, Roney Sindeaux, o que se vê é que em Montes Claros os pardos (55,52%) ocupam mais os empregos formais do que os brancos (16,57%). Entretanto, os pretos são somente 3,7%. “Se formos olhar para Montes Claros, os pardos e negros, juntos, ocupam mais espaço de trabalho formal que os brancos. Mas para aqueles que se declaram negros, ainda há um certo preconceito e um certo racismo”, acredita. 

No Brasil, os números mostram que pessoas ocupadas exclusivamente no mercado formal são: 56% homens e 44% mulheres; número idêntico ao de Minas Gerais e também em relação a região Norte do Estado. Em MOC, as alterações são mínimas, sendo os homens 54% e as mulheres são 46%. 

Para Sindeaux, as mulheres estão menos empregadas por duas razões – uma devido ao fato de que por muito tempo elas deixaram os espaços de trabalho para se dedicarem aos afazeres domésticos; e o segundo “é estar no mercado de trabalho competindo com os homens em funções atribuídas a eles. Isso dificulta”, acredita. 

Quem sente essa dificuldade é a cozinheira Ione da Silva Oliveira, que há quatro meses não consegue emprego, tendo que sustentar um filho de nove anos e pagar aluguel tudo sozinha. “Sou mulher parda e tenho um filho. Acho que essas coisas me atrapalham na hora de conseguir um emprego, porque na entrevista sempre me perguntam se tenho filho, qual idade e quem vai cuidar da criança, caso ele fique doente. E não chamam mais por isso. Acredito que não perguntam isso para um homem, e se for branco então, nem pensar!”, diz a cozinheira.

Questionado sobre a disparidade dos dados, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo de MOC, Edilson Carlos Torquarto, atribui a falta de emprego para este recorte de gênero e raça a uma questão mais profunda. “Não acredito que seja uma tendência discriminatória, entretanto, temos que admitir que o número de mulheres e negros é bem significativo e dependendo da classe social que essas pessoas tenham, menos condições de serem inseridas no mercado de trabalho terão. Isso se dá porque muitas vezes, elas (mulheres e negros) não têm acesso à educação adequada. Por isso, a qualificação necessária para um ou outro trabalho. É um problema social de base, vivido pelo Brasil por inteiro”, destaca.

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