Impacto tributário

Montes Claros se prepara para o Dia Livre de Impostos (DLI)

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 27/05/2025 às 21:47.
O administrador Wanderley Pérez Abreu considera a ação essencial, destacando que o consumidor precisa perceber a elevada taxa de imposto cobrada nos produtos (Larissa Durães)
O administrador Wanderley Pérez Abreu considera a ação essencial, destacando que o consumidor precisa perceber a elevada taxa de imposto cobrada nos produtos (Larissa Durães)

Na próxima quinta-feira (29), Montes Claros e várias outras cidades brasileiras se unirão ao Dia Livre de Impostos (DLI), uma iniciativa nacional que busca chamar a atenção para o impacto da carga tributária no país. O evento simboliza o momento em que os cidadãos deixam de trabalhar exclusivamente para pagar impostos e passam a destinar seus rendimentos para suas próprias despesas.

“O Dia Livre de Impostos é calculado com base na estimativa de impostos pagos diariamente. Este ano, o dia 29 de maio representa esse marco: até aqui, o brasileiro trabalhou só para pagar tributos”, explica o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Montes Claros, Ernandes Ferreira da Silva. Ele lembra que a iniciativa surgiu em Belo Horizonte no início dos anos 2000 e ganhou força em todo o país, abraçada por diversas CDLs e empresários locais. A entidade de Montes Claros participa da mobilização há 20 anos.

A ação, segundo Ernandes, tem caráter educativo. “É para que a população entenda o que está pagando quando consome um produto, e quanto disso representa imposto. É uma forma de instruir o consumidor e também de incentivar a cobrança por uma melhor aplicação desses recursos públicos. Saúde, educação, segurança, infraestrutura: tudo isso deve ser entregue com qualidade a partir da arrecadação que já é feita.”

Segundo Ermardes, além de uma mobilização simbólica no Congresso Nacional, com apoio de deputados e senadores, empresas locais aderem à campanha oferecendo produtos com descontos equivalentes ao valor dos tributos. Ele reconhece que, embora muitos comerciantes enfrentem dificuldades econômicas e nem todos absorvam os custos dos descontos, diversos estabelecimentos confirmaram participação.

O presidente do Minaspetro, Rafael Macedo, reforça o impacto dos impostos em produtos essenciais como combustíveis. “É um item essencial para o funcionamento da economia e da rotina da população. Mas quem mais abocanha o valor final dos combustíveis é o Estado, com tributos que não param de subir”, destaca.

Para muitos lojistas, no entanto, a adesão ainda é difícil. O empresário Neilton Nere Santos Silva avalia que a sobrecarga tributária tem crescido ano após ano, inviabilizando a participação em iniciativas como essa. “Os impostos e tributos cobrados dos lojistas aumentaram ainda mais este ano. Isso dificulta nossa adesão”, afirma.

Apesar de não participar da edição atual, ele reconhece o valor da campanha. “Acho louvável. Mesmo sem aderir este ano, é importante que haja maior divulgação para os próximos, para que alcance mais lojistas. Um dia só não faz tanta diferença para o comércio, mas serve para educar”, acredita.

O administrador Wanderley Pérez Abreu também considera a ação essencial. “Com certeza é um dia muito importante. O consumidor precisa ver o quão alto é o imposto cobrado nas mercadorias.” Para ele, a data é um momento de reflexão e mobilização. “É uma oportunidade para cobrar das autoridades competentes que esses impostos deixem de ser tão majoritários.”

Wanderley relata o sentimento de injustiça vivido pelos contribuintes. “A gente se sente lesado pelo sistema econômico. Já pagamos imposto na fonte. Você compra um carro e paga imposto, depois tem que continuar pagando para manter o carro em seu nome. Todo ano é imposto atrás de imposto”, desabafa.

Ele pretende aproveitar o dia para buscar comércios que estejam participando da campanha. “A gente costuma ir nesses lugares, comprar alguma coisa, incentivar os comerciantes e cobrar mudanças. Mesmo que não zerem os impostos, que pelo menos diminuam.”

Ernandes reforça que a proposta não é incitar revolta, mas estimular a consciência cidadã. “É uma oportunidade para que o consumidor perceba na prática o quanto paga de imposto e para que passe a cobrar com mais consciência os nossos representantes. Quando a pessoa entende que está pagando até 70% em alguns produtos e não vê retorno, ela precisa se posicionar. Não é uma questão de revolta, mas de cidadania”, conclui.

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