Apenas as microempresas com até quatro trabalhadores tiveram um saldo positivo expressivo (LEONARDO QUEIROZ)
Montes Claros registrou, em outubro, o primeiro saldo negativo do ano na relação entre admissões e desligamentos de trabalhadores formais: aumento de 15% nas demissões, contra 13,7% nas contratações.
O saldo (menos 287 postos de trabalho) foi o pior para o mês em todo período analisado pelo Observatório do Trabalho da Unimontes.
“Houve uma geração, uma admissão com um volume praticamente menor que aconteceu em setembro”, destaca o professor e coordenador do Observatório do Trabalho do Norte de Minas (OTNM), Roney Versiani Sindeaux.
Os últimos dois saldos negativos foram em março e dezembro de 2021. O saldo apontado agora só é superior ao apurado entre março e maio de 2020, quando do impacto do início da pandemia.
Em geral, os meses de agosto, setembro, outubro e até novembro, têm saldos positivos.
“O que ficou estranho justamente porque o saldo de outubro foi negativo. E a gente esperava positivo. Tanto que foi o pior outubro desde 2014. Pode ser que esteja ligado ao fim das eleições e as pessoas foram desligadas por não serem mais necessárias para divulgação dos candidatos. Ou porque as empresas estão com estoques completos. Quem mais desligou foram as indústrias do setor têxtil e de calçados”, ressalta.
TENDÊNCIA
Muito provavelmente em virtude das incertezas políticas e econômicas no cenário nacional, relacionada ao processo eleitoral os empregadores buscaram maior segurança reduzindo seus custos fixos. “O movimento de redução de admissões foi acompanhado por Minas e pelo Brasil. Quer dizer, Montes Claros, seguiu uma tendência tanto nacional, quanto estadual de redução de números de empregos. Mas em Montes Claros os desligamentos foram mais elevados que a admissão, por isso é que tivemos esse saldo negativo”, observa o professor.
Para dezembro, Roney explica que o saldo de contratação de empregos é positivo – porém cai no fim do mês.
“Dezembro geralmente não é um mês de saldo muito positivo. Todos os anos têm sido assim: um crescimento em agosto, setembro e outubro, um pouco em novembro e dezembro cai. É quando as empresas que contrataram para o fim de ano desligam funcionários”, diz.
Indústria (na faixa salarial de até 1,5 salários mínimos) e construção civil (entre 1,51 e 2 salários mínimos) tiveram o maior saldo negativo, seguidos pelo setor agropecuário. No mês apenas as microempresas com até quatro trabalhadores tiveram um saldo positivo expressivo. As maiores quedas foram nas grandes e pequenas empresas.
“No ano, Montes Claros tem tido elevação de empregos, com dados melhores, inclusive que no Brasil e em Minas”, explica Roney.
O boletim da Unimontes, mostra que no ano o crescimento de 5,32% do número de trabalhadores vinculados frente a 2021 em Montes Claros, permanece sendo superior aos percentuais obtidos nos cenários, nacional (4,73%), estadual (4,29%) e regional (4,97%), porém, a margem vem diminuindo gradativamente nos últimos meses.
*Com Agência Brasil